A ideia desse EP é interessante. O casal Mariana Cetra e Cesar Zanin flutuam sua criatividade em torno de “Águas De Março”, o clássico que Tom Jobim lançado originalmente no compacto simples “Disco De Bolso, O Tom De Jobim E O Tal De João Bosco”, em 1972 (encartado em “O Pasquim”), e, depois, no disco “Matita Perê”, de 1973, uma das músicas mais conhecidas e cantadas do mestre.
A versão mais conhecida, porém, é a com Elis Regina no disco “Elis & Tom”, de 1974, com arranjos de Cesar Camargo Mariano.
A Espiral cria quatro músicas improvisando em cima do tema central.
Mariana conta a história no comunicado oficial à imprensa: “Meu pai me matriculou no CLAM pra aprender piano, com um desejo principal: que eu conseguisse tocar ‘Águas De Março’. Eu nunca consegui… Anos e muitos anos depois, durante uma entrevista pros queridos do Teletílica, relembrei essa história e surgiu a ideia d’A Espiral gravar ‘Águas De Março’ em duas versões: uma mais ‘fiel’ e outra nos nossos moldes, de improviso livre, de tudo o que passar por nossas cabeças e corações. E então, aqui está nosso EP ‘Março Desagua’. Outra coincidência: a entrevista foi pro podcast Bar do Zé; e Zé é justamente o apelido do meu lindo pai. Este EP dedicamos pra ele”.
Cesar conta mais: “A nossa ‘Águas De Março’ acústica foi baseada na versão de Tom Jobim com Elis Regina de 1974; foi gravada do mesmo jeito que nosso primeiro EP, em 2012, isto é, na cama com um portastudio e instrumentos acústicos. Eu toquei violão, pandeirola, ukulele e acordeom; a Mariana cantou e fez o solo de escaleta do interlúdio. É possível escutar a louça sendo lavada na cozinha, o ranger do coro do fole, o motor de um veículo que passava na rua e a pequena Laura brincando e gritando. Dias depois veio a gravação de ‘Março Desagua’, que é uma composição nossa com elementos esparsos de ‘Águas De Março’, segundo nossa filtragem ou divagação. A Mariana tocou escaleta, o Casiotone com pedais de efeitos e fez vocalizações; a participação da pequena Laura no Casiotone foi inusitada mas efetiva, ela estava tocando com muita vontade; eu usei gravações de campo (inclusive da nossa própria gravação acústica), manipulei os equipos (sínteses, processamentos), inseri efeitos no que fazíamos (no momento em que fazíamos) e fiz loops em cascata. O pessoal do Teletílica veio nos filmar e acabaram tocando conosco numa jam depois da sessão”.
A data de gravação é 8 de fevereiro de 2016, mas o disco tem data de lançamento pra março, claro, dia 16, via O Bosque / Woodland Recordings. Dia 24, no SESC Sorocaba, a dupla se apresenta no evento ExperimentaSom, pra divulgar o trabalho.
Ouça na íntegra:
Vale ressaltar que A Espiral De Bukowski costuma lançar o áudio de seus shows como discos, também pela seu selo, O Bosque / Woodland Recordings. Em janeiro de 2016, já foram três trabalhos publicados: “Physical Constant Uncertainty, PMC” (gravado em 16 de outubro de 2015, na Ibrasotope, em São Paulo, e lançado em 4 de janeiro – ouça aqui), “Antibandeira Stochastic” (gravado em 2 de novembro de 2015, na Audio Rebel, no Rio de Janeiro, e lançado em 11 de janeiro – ouça aqui), “Onstager Reciprocal Relations” (gravado em 28 de novembro de 2015, no Dissenso Lounge, em São Paulo, e lançado em 18 de janeiro – ouça aqui) e “The Horizon Problem In Principle” (gravado em 6 de dezembro de 2015, no Family Mob Estúdio, também em São Paulo, e lançado em 25 de janeiro – ouça aqui).
Destaque também pra bela capa, de autoria de Cassius Rocha.
Quando o disco for lançado, acrescento o player pra audição aqui.
1. Março Desagua – pt 1
2. Março Desagua – pt 2
3. Março Desagua – pt 3
4. Março Desagua – pt 4
5. Águas De Março