A lenda da house music de Chicago, Paul Johnson, morreu aos 50 anos, nesta quarta-feira, 4 de agosto de 2021, de Covid-19, a doença que devastou o mundo em 2020 e, até aqui, já vitimou, oficialmente, sem contar as subnotificações, mais 4,2 milhões de pessoas.
O agente de Paul Johnson confirmou a notícia à revista especializada Mixmag e em uma publicação no Facebook: “nosso grandioso faleceu esta manhã, às 9h. A lenda da house music que todos conhecemos como PJ aka PAUL JOHNSON faleceu neste dia de 4 de agosto de 2021. Descanse no céu, Paul”.
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Nascido e criado em Chicago, em 11 de janeiro de 1971, Paul Johnson é um dos maiores nomes da house music e teve, além de sucessos influenciadores no estilo, tomando os clubes do país, uma vida bastante conturbada, difícil, que faria muita gente desistir no meio do caminho.
Ele foi um produtor autodidata, que começou a lançar e produzir músicas no início dos anos 1990, chegando a ultrapassar a marca de cem álbuns, EPs e singles ao longo de sua carreira, apresentando-se em selos lendários como Dance Mania, Peacefrog, Cajual, Relief Records e Djax-Up-Beats.
Em 1999, atingiu o topo, com “Get Get Down”, música de sucesso mundial, liderando as paradas dance dos Estados Unidos e Canadá e ficando no Top 10 das paradas de singles no Reino Unido, Holanda, França, Grécia e Bélgica. Segundo a Mixmag, a faixa ainda é tocada regularmente em boates, mais de duas décadas depois de seu lançamento.
Seu primeiro disco, lançado em 1995, “Bump Talkin”, e o seguinte, de 1996, “Feel The Music” são considerados clássicos do estilo, apresentando sua visão peculiar e enérgica das batidas pras pistas.
“Get Get Down” está em “The Groove I Have”, o quarto álbum.
Apesar de seu dom pra fazer as pessoas dançarem, ele mesmo não podia singrar nas pistas. Em 1987, aos dezesseis anos, foi baleado acidentalmente e ficou paralisado da cintura pra baixo. Vivia numa cadeira de rodas e passou a apresentar estresse pós-traumático acionado por ruídos.
A música o salvou, como ele mesmo dizia. Apesar do clichê, não há outra forma de definir sua aproximação com as batidas.
Sentado em sua cadeira de rodas, Johnson animou pistas e pistas por anos. Mas ia piorar, a vida lhe traria outros obstáculos. Em 2003, ele teve sua perna esquerda amputada depois de ser hospitalizado em Chicago com fortes dores nas extremidades inferiores.
Sete anos depois, em 2010, ele perdeu a perna direita após um grave acidente de carro. Devido aos ferimentos, teve que amputá-la também.
Johnson não permitiu que sua deficiência o impedisse de ser um DJ e produtor ativo. Ele viajou pelo mundo como DJ de clubes importantes, e sua agenda de lançamentos permaneceu regular até o fim.
O Daft Punk o tinha como um de seus professores – a faixa “Teachers” lista suas inspirações e Johnson está ali, como o primeiro citado.
Em uma entrevista em 2014, ele disse: “Nunca penso em mim quando estou atuando – apenas nas pessoas que estão dançando”.
“A vida ruim que tive em termos de saúde não tem sido nada. Isso tem sido apenas uma sombra pro que venho fazendo, eu nem vejo isso, ninguém vê. É tudo sobre a música”, disse, em outra oportunidade.
Paul Johnson nunca deixou que sua deficiência de locomoção ou seus posteriores problemas de saúde ficassem no foco do trabalho. Ele não era um “DJ em cadeira de rodas” ou um “DJ sem as pernas”, era apenas um DJ.
Antes de ficar incapacitado de se locomover com as pernas, ele começou dançando break. Inspirado por figuras de Chicago, como Ron Hardy, Johnson se tornou um fã de house music no apogeu da cena, no final dos anos 1980, pra anos depois se tornar sinônimo do estilo.