Em 2007, o italiano Giovanni Maria Pala quebrou um “código Da Vinci”. Um código que gerou uma frase musical. Está na pintura mais destrinchada da história, “A Última Ceia”.
A obra foi realizada entre 1494 e 1498, na igreja Santa Maria delle Grazie, retratando a última ceia de Jesus e seus apóstolos. A diversão de encontrar códigos ocultos na obra vem até os dias de hoje (e acho que todo mundo viu o filme-sessão-da-tarde “O Código Da Vinci”, de Ron Howard, lançado em 2006 e baseado no ultramegahiper best seller de mesmo nome, escrito por Dan Brown, onde há uma passagem inteira e didática explicando o que o autor acredita serem códigos escondidos pelo pintor). O caso é que o código decifrado por Maria Pala pode ser real.
Não que seja algo que vá mudar o que já se sabe sobre a obra ou seu autor, mas a música descoberta por Maria Pala é uma daquelas curiosidades irresistíveis.
Como bem lembra o diretor do Museu Da Vinci, na Toscana, Itália, Alessandro Vezzosi, o pintor, antes de ser notado por suas pinturas, esculturas e invenções, era músico, tinha boa dinâmica na arte. Vezzosi, um dos maiores especialistas em Da Vinci, diz que por isso e por outros motivos a teoria de Maria Pala é “plausível”.
Por outro lado, avisa: “há sempre o risco de enxergarmos algo que de fato não está lá, que não existe, mas existe a certeza de que espaços na pintura são divididos harmonicamente, e onde você tem proporções harmônicas, você pode achar música”.
No seu livro “La Musica Celata” (“A Música Oculta”, lançado por cá pela Larousse), Maria Pala explica como chegou à interpretação dos símbolos da obra pra chegar à música.
Grosseiramente falando, ele desenhou uma pauta musical de cinco linhas sobre uma representação da obra. Daí, depois de muito estudo, percebeu que os pedaços de pão na mesa e nas mãos dos apóstolos formam notas musicais.
A leitura tem que ser feita da direita pra esquerda, segundo o autor do livro, obedecendo o “jeito Da Vinci” de ser. O resultado é uma composição de quarenta segundos que se assemelha a “um réquiem”, “um hino a Deus”, nas palavras do escritor.
Ouça:
Maria Pala começou a estudar a obra atrás de pistas musicais em 2003, quando ouviu de outros pesquisadores que o músico Da Vinci havia deixado uma composição escondida em suas obras. Foram quatro anos de estudos.
Mesmo assim, há controvérsias sobre a descoberta. E o maior argumento quanto a isso é que sendo Da Vinci um habilidoso músico, por que ele se daria ao trabalho de esconder uma composição de maneira tão eficaz numa obra se essa composição não tem significado algum ou mesmo “valor” musical?