A Warner tá numas de inventar, o que é sempre bom. Por causa do evidente monopólio da Apple na venda de músicas pela Internet e na quase falência do sistema físico de negociação de músicas, as gravadoras continuam de cabelos em pé, sem saber exatamente o que fazer. E saem inventando. Tentam, claro, com a mesma arma de Steve Jobs, a venda online.
A idéia da Warner é até bacana, mas sabe-se lá se vai dar certo. A gravadora quer que os preços não sejam fixos (como os US$ 0,99 do iTunes) e determinado por uma terceira empresa. Quer ela mesmo dizer quanto vale o produto que vende. Se é justo ou não, acaba sendo um critério pouco lógico. O fato é que tá se debruçando sobre um sistema que usa a “inteligência artificial” (termo bastante errôneo, sabemos, mas que dá uma aura bastante moderna) para determinar preços.
Seria mais ou menos assim: os discos mais procurados, estariam na base de preços mais alta e vice-versa.
Seria tudo muito bonito, muito legal, se não fosse por um problema: não é exatamente o preço que conta, mas a forma de vendas e onde se toca e escuta a música. Qual seria a plataforma da gravadora para vender as músicas? Se elas forem mais caras do que as vendidas no iTunes, do que adiantaria, se as pessoas escutam as músicas no iPod mesmo? E se elas quiserem realmente pagar pelas canções, por que não comprar na loja virtual da Apple se vão escutá-las no iPod?
Além disso, há o problema pouco percebido: os mercados “que não adiantam”, ou seja, tudo que não seja Japão, EUA, Europa e Austrália, estão migrando para uma plataforma de tocador de música crescente de maneira galopante, os celulares. Sem dinheiro para comprar iPods ou MP3 Players decentes, a maioria dos pobres (2/3 do mundo) usa os celulares para esse fim também. Os celulares, é sabido, são aparelhinhos bastante baratos – quando não gratuitos – e a maioria já está habilitado para ser um tocador. Não seria o caso de pensar nesse mercado de quatro bilhões de pessoas?
A novela continua e eu, enquanto isso, vou baixando minhas músicas aqui e ali. Estou plenamente disposto a não pagar nada por músicas, porém disponho de dinheiro suficiente para pagar pelos shows das minhas bandas preferidas.
Essa, sim, uma troca justa.