Desde que R. Mason, do Enemy Soil, criou o Autoerotichrist, muito pouca coisa saiu dali. De 1993 pra cá, o doidão do Texas lançou sua obra apenas em álbuns compartilhados (incluindo o do ano passado com o Prurient), compilações e um ou outro sete polegadas.
Mas finalmente, em 29 de abril de 2019, o Autoerotichirst lançou seu primeiro disco-cheio. “Cabin Fever” saiu pelo selo Deathbed Tapes e expõe o harsh noise cerebral de Mason com a precisão esperada desde então. Junto com Anjilla Ulfhednar, Mason oferece cinco temas altamente sinistros, uma trilha que bem podia sonorizar os horrores da mega-aclamada série “Chernobyl”, da HBO, como de qualquer disfunção humana e social.
Apesar da temática exponencialmente psicótica, sobre morte, suicídio, doenças psicológicas, o disco tem vez por outra o bom senso de sublinhar espaços calmos, nem que seja pra ressaltar os espasmos ruidosos (“Sylvania” é uma maratona). Como exercício sonoro, o Autoerotichrist é capaz de fazer sangrar mentes que tentam acompanhá-lo, mostrando (pela enésima vez) que a “música” e o ruído não são excludentes e que o gênero não se esgotou após tanto tempo. Como arte, é a formação de imagens não muito agradáveis resgatadas no fundo empoeirado da memória: estimula reações e sentimentos, como deve ser.
1. Become Death
2. Sylvania
3. If I Take My Meds It Will Stop
4. DBT
5. Virgil Takes A Sword