O Bela Infanta chega ao seu terceiro EP, “Apenas Cinco”, mudando de selo (agora via The Blog That Celebrates Itself Records) e de nível.
O novo EP está claramente acima dos anteriores. O disco lançado nesse dia 28 de janeiro de 2013, inclusive, inspirou um retrabalho dos outros dois. O EP de 2009, o “Branco”, e o de 2011, “Às Vezes Os Pássaros Não Voam Pro Mesmo Lado No Inverno”. Ambos foram relançados no mesmo dia, pelo mesmo selo.
Falei com o baixista Stênio de Souza sobre esses (re)lançamentos e ele deu uma breve geral de cada um deles. Foi uma análise legal de ser feita porque acaba por demonstrar essa evolução percebida pela própria banda. É uma percepção que vai se refletir claramente no trabalho final de cada EP. E ele fala também sobre as capas que foram retrabalhadas.
Vale lembrar que todos os discos podem ser adquiridos na página do selo no Bandcamp.
“Branco” (2009)
“O primeiro álbum foi feito de forma bem simples, pois pra nós seria uma novidade, acabamos por gravar no estúdio Gabriel Vieira e mixar rápido, tudo no mesmo dia… Como foi a primeira experiência nossa a gente não se atentou muito aos detalhes, as músicas eram compostas por Israel Rolim e Deivys… Nesta época, a gente não tinha tantas referências de estilos como dream pop e shoegaze como temos atualmente, a gente fazia as músicas naturalmente e em paralelo nos ensaios tocávamos alguns coveres de New Order, The Cure, Joy Division e afins.
“A capa deste relançamento foi feita pelo Dimitry Uziel, que jogou uma ideia em cima da capa original, que é do Israel Rolim (repare no pássaro na capa que fará ligação com o nome do EP seguinte)”.
Ouça o disco na íntegra e veja a nova capa:
1. Refratário
2. Descontentamento
3. Radar
4. Honk Tonk Piano
“Às Vezes Os Pássaros Não Voam Pro Mesmo Lado No Inverno” (2011)
O Floga-se falou sobre esse disco quando do seu lançamento. Pra ler o que foi publicado, clique aqui.
“Este EP gravamos no estúdio Mário Lima e tivemos um pouco mais de liberdade quanto à mixagem. Aqui, a gente já teria uma noção das coisas que estávamos pra fazer, vimos que nossa linha de som cairia bem pro lado mais shoegaze, pois a partir do primeiro EP começamos a conhecer melhor sobre isso, mantendo a influência dos anos 80 que sempre soou natural desde o inicio. Diferentemente do primeiro EP, neste, já nota-se um pouco mais de distorção, que no anterior era “Zero”, tanto na guitarra, quanto no baixo. Novamente, foi gravado ao vivo e produzido por toda a banda.
“Esta capa do relançamento foi novamente arte do Dimitry Uziel, que traz uma ideia própria e que nos remete às capas do Cocteau Twins, que tornou-se uma forte influência pra nós (Você já pode notar que esta capa/contracapa faz referência ao pássaro do EP anterior, como traz a imagem da menina que estará presente no ‘Apenas Cinco'”.
Ouça o disco na íntegra e veja a nova capa:
1. Planícies
2. O Deus Pagão
3. Quando Os Muros Se Tornam Estradas
4. Outuno de 1987
5. Maio
“Apenas Cinco” (2013)
“Estava programado pra sair no final de 2012, porém para garantir a qualidade que queríamos tivemos que regravar duas músicas, o que atrasou o processo. Neste caso, continuamos gravando no mesmo estúdio do EP anterior, pois havíamos gostado muito, qualidade que queríamos… Este EP fez a gente ser reconhecido por bastante gente e deixa a gente muito feliz. Todas as músicas são de autoria do Israel, menos “Constantina”, que é do Deivys. Foi o Israel quem produziu as músicas.
“É neste EP que entra a nossa parceria com o TBTCI Records. O pessoal é super dedicado e já surgiram idéias de relançar os anteriores, com uma nova arte feita pelo Dimitry. A parceria inicia aí. Há uma melhora na divulgação. E há objetivos dentro do selo: de lançar vinis, algumas datas em SP estão rolando, e algumas bandas surgindo pelo selo e estamos confiantes que será algo bacana.
“A Capa deste EP é uma imagem feita por uma moça chamada Obe Dessa e gostamos tanto que decidimos usar. A arte foi feita pelo Dimitry novamente. O nome ‘Apenas Cinco’ faz referência aos cinco pássaros do EP anterior e a imagem da capa traz algo de ‘princesa’, o nome da banda é referência a um poema que fala sobre uma princesa que é chamada de bela infanta”.
A qualidade das composições melhorou bastante de “Branco” pra cá. As guitarras estão mais ousadas, com mais camadas e distorções e as canções parecem mais encorpadas (“Constantina” é um exemplo claríssimo). O vocal também está mais firme, embora, como disse Stênio, siga o padrão shoegaze de ficar alocado atrás da barreira de som.
“Apenas Cinco” ainda bebe na fonte dos anos 1980, mas não é um simples revivalismo. Há inclusão de elementos fora daquele espectro. Ou seja, a banda criou em cima de suas claras influências e convicções. E criar – e não só “copiar” – já é algo a se aplaudir.
Ouça na Íntegra:
1. Guarde-me Uma Prece Para Amanhã
2. Bruma
3. Todas As Tardes De Agosto
4. Uma Das Três Escadas
5. Constantina