BODE HOLOFÔNICO – BODE HOLOFÔNICO

O nome é maravilhoso: BODE HOLOFÔNICO. E o conceito também: holofonia é uma técnica de gravação de áudio, projetada por Hugo Zuccarelli há trinta anos, que opera sobre um princípio similar a da holografia. Usa uma técnica múltipla da exposição onde uma gravação original é combinada com uma gravação de referência, e os sons de interferência resultantes são então gravados. É chamado de “som tridimensional”, que é o som que você ouve em salas de cinema, com várias caixas de som espalhadas pela sala, oferecendo uma grande quantidade de faixas de ruído vindo de várias direções ao espectador.

O Bode Holofônico, como o som das salas de cinema, é uma experiência real e concreta. Junta dois músicos já bem calejados dos subterrâneos sonoros nacionais (e um tanto mais à superfície) pra experimentar e oferecer temas até bastante melódicos.

Um deles é Guilherme Granado, do Againe, Hurtmold, Bodes E Elefantes e SP Underground. Outro é Leandro Archela, do NAAXTRO, Rumbo Reverso e Holofonica. O nome do projeto vem da união de Bodes E Elefantes e Holofonica, os “projetos-solo” de cada um dos dois.

A Bodes já tem dois discos lançados pela Submarine Records, “Bodes & Elefantes” (2007) e “Behold The Ice Goat” (2010). Já a Holofonica, um “projeto de música criativa antirracional”, lançou “Solidão”, em 2014. Archela contribui com o Bodes E Elefantes há tempos, de modo que essa não é uma parceria recém-nascida.

Mas “Bode Holofônico”, o disco, é. Lançado pela Proposito Records em 22 de fevereiro de 2016, consegue colocar em uma “ordem” os temas que os dois constroem há um tempo. São quatro, em duas músicas, resultado de apresentações de livre improviso e manipulação de guitarra, bateria, efeitos eletrônicos e sintetizadores. Recomenda-se muito ouvir este ao vivo no Estúdio Fitacrepe em São Paulo, realizado em 2014.

Como se vê, não é um projeto novo. A dupla já toca ao vivo com essa alcunha há um tempo. Mas o disco foi gravado em 2015, por Henrique Zarate, com mixagem dos dois. Os quatro temas surgiram numa tarde de improvisação (atente-se pra oriental “Kimani”, segundo tema da segunda música).

Quem já conhecia essa união, pode festejar a “organização de ideias” num só pacote, que é o disco. Mas, claro, ao vivo, no calor do improviso e diante de tantos brinquedinhos sonoros, tudo pode acontecer. Os sons tomarão conta, de todos os cantos.

1. Andaluz/Nikima
2. A Casa De Cacos/Kimani

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