A BORA BORA começou em 2013, quando Paul Leonard lançou “Pacifico” (reeditado em 2014, já com o nome da banda – ouça aqui). Além dele, na voz, guitarra e “outras coisas”, o trio é formado por Jennifer Boeder (teclado e vocais) e Glenn Rischke (baixo, teclado e vocal).
“Pacifico” era a raiz da banda: “é composto por músicas cuja estrutura seria o esqueleto pro nascimento do grupo, é composto pela ideia de fundir os sons dos trópicos com folk e psicodelia. Quando comecei a tocar o disco ao vivo, às vezes, tinha a participação de alguns amigos tocando comigo e essa junção viria a se tornar a Bora Bora. Diferentes músicos fizeram parte da banda neste processo embrionário, mas o grupo atual (o qual inclui minha irmã) tem tocado junto desde 2014”, diz Paul.
Daí, passaram a procurar um nome. Bora Bora veio de “um alívio”. Paul Leonard mora em Chicago, nos Esteites, “você tem que entender que aqui basicamente são seis meses seguidos de um inverno terrível, com céu cinzento e temperaturas congelantes”, de modo que quando viu a foto da dita ilha da Polinésia Francesa, com aquele céu azul, mar claro, fez com que ele se sentisse “bem leve e livre”.
Essa “sensação de alívio” praticamente implorou pra ele adotar o nome da ilha na banda, porque “nossa musica é uma fuga, assim como é esta ilha paradisíaca. Bora Bora cria uma fuga musical, na qual, muitas vezes, as músicas são em diferentes línguas e estilos, sem ter uma referência específica”.
A música do trio é bem por aí. Paul conta ao Floga-se que as inspirações mais significativas são Velvet Underground e Caetano Veloso: “Bora Bora basicamente imagina como seria se Caetano e Jorge Ben tivessem conhecido The Velvet Underground em Nova York, no Factory de Andy Warhol”.
O dream pop de Galaxie 500, Beach House e Mazzy Star se encontra com a Tropicália de Mutantes, Gilberto Gil e Novos Baianos, além de pitadas de Nick Drake e Devendra Banhardt, de acordo com Paul. “Em especial, o ‘Transa’, do Caetano Veloso, ‘musa inspiradora’ do Bora Bora e pra mim. Nossas letras são na sua maioria introspectivas, com um monte de referências ao mundo natural”, revela.
Tal mistura é fruto de uma admiração com a música brasileira. Desde 2011, Paul ouve um bocado de música de cá, o que o levou a começar a compor com tal inspiração. No novo disco, “Pássaro”, lançado em 5 de março de 2016, há a primeira canção do Bora Bora escrita diretamente em português. É “Sonho Da Vida”.
“Foi originalmente escrita em Inglês, como ‘Dreams And Scenes’, mas depois de pouco de tempo, me pareceu mais apropriado tê-la em português. No entanto, meu conhecimento na língua era bastante limitado, então pedi pra alguns amigos me ajudarem com a tradução. Faz um ano que eu comecei a aprender português só pra falar. Como falo espanhol, isso me ajudou bastante a aprender o português mais facilmente, mas eu ainda me sinto como um principiante”.
O português dele em “Sonho Da Vida” é bem aceitável e a música não é uma mera apropriação da bossa nova comercial. Há elementos que se aproximam ao restante do disco, bem adequado aos ensinamentos do Mazzy Star, talvez a maior referência à sonoridade aqui apresentada. Não à toa, “Pássaro” fecha com uma versão da clássica “Fade Into You”, da banda de Hope Sandoval.
“O som de ‘Pássaro’ é mais vaporoso, com muito reverb, é uma mistura de todos os estilos que a gente toca”, diz.
Ouça aqui:
Um novo disco já começa a ser gravado pra ser lançado ainda em 2016. “‘Pássaro’ levou quase 18 meses pra ficar pronto devido ao fato de que cada instrumento foi gravado separadamente. Por causa disso, a gente vai gravar todos os instrumentos juntos no próximo disco, o que fará com que o processo de gravação seja bem mais rápido”, nos conta Paul.
1. Garden
2. Cloudy Vision
3. Sonho Da Vida
4. Little Falls
5. Nice Woman
6. Fade Into You
