Sábado, dia 2 de julho de 2011. O inverno chegou rigoroso esse ano. Mas, curiosamente, nesse dia especial, um sol tremendo resolveu dilatar um tanto a temperatura e a tarde começou bastante agradável.
Hugo Estanislau (guitarra, voz, programações) e Bruno Ribeiro (voz, sintetizador, programações) estavam céticos quanto à participação nesse novo projeto do Floga-se: um episódio piloto, que a banda topou participar por loucura, por gostar de tocar ou por querer ajudar mesmo. Fico com todas as alternativas.
O Miranda’s Bar, na Rua da Imprensa, 517, fica num canto meio escondido do Baixo Ipiranga, bairro tradicionalíssimo da capital paulista, e é basicamente conhecido por moradores da região. Não tem nenhum atrativo especial que faça hordas de bebericantes adoradores da baixa gastronomia atravessar a cidade pra conhecer – e foi justamente escolhido pra esse piloto por tal motivo.
O lugar é amplo, fica numa esquina tranquila, e tem um público que trafega entre trabalhadores que almoçam no quilão do local, a famílias e baixa renda e bons-de-copo habituais de todo pé-sujo de esquina. Em contrapartida, é um lugar agradável, amigável, com um dono boa-praça e de cabeça aberta. O Miranda topou de cara a empreitada e cedeu o espaço. Era o cenário perfeito.
Portanto, o susto da dupla, ao se deparar com o espaço típico de pé-sujo e seus frequentadores, é justificável. Mas foi se desfazendo aos poucos, durante a longa montagem da aparelhagem: os olhares curiosos parecem ter dado um fôlego, uma fome de tocar e mostrar do que se tratava.
Esse é o choque de culturas que o “Boteco do Barulho” propõe: pessoas que não estão acostumadas a ouvir música alternativa nacional, barulhenta, inspiradora e fora do lugar-comum que as paradas de sucesso das rádios AMs e FMs enfiam goela abaixo da população; com bandas que estão acostumadas a tocar pra um público muitas vezes indiferente, classe média alta, blasé, intelectualóide… Ambos os lados se chocando, se conflitando, até o triunfo final.
Sim, porque houve um triunfo. Vários triunfos, na verdade. A cada canção que a Neon Night Riders começava, novos ouvidos se alinhavam, novas mentes eram invadidas por uma novidade improvável. O artista tem que ir aonde o povo está, literalmente.
Aqui, o artista veio chacoalhar umas mentes desacostumadas – e ele mesmo veio “se desacostumar” aos palcos de sempre. A Neon Night Riders invadiu um ambiente que não era dela e, enquanto tocava seu repertório único, se deparou com garçons levando cervejas pra cima e pra baixo, limpando mesas, carregando suculentas porções de calabresa, crianças dançando, fãs do pagode pasteurizado que dominam as paradas e pessoas que estavam ali só pela Skol gelada. No fim, todos estavam curtindo, mesmo sem entender muita coisa.
O desafio proposto foi abraçado com fervor pela banda e o resultado final alcançado. Ambos os lados saíram ganhando, num aprendizado maior por parte da Neon Night Riders e deste blogue: a música não encontra barreiras em classes sociais, lugares ou destinos. Estão todos prontos pra ela. É só tocar. É só entregar.
Esse foi o cardápio do dia:
1. Athens
2. Panic
3. Modern Thoughts
4. New York Is Calling
5. Blank Screen
6. Lights And Smoke
7. Hostile
8. Ghost Of Mine
9. See The Sky
Veja quatro vídeos dessa apresentação, vídeos que procuraram captar um pouco do ambiente e do quanto foi diferente essa tarde magnífica de sábado.
“Athens”
“Panic”
“Modern Thoughts”
“Lights And Smoke”
[…] no Floga-se tem a resenha completa do evento, e ainda quatro vídeos do show. Vejam abaixo “Panic” com direito ao pagodinho de […]
[…] se encaixaram perfeitamente os takes da dupla tocando num boteco sujo em São Paulo (pra essa sessão, lembra?), carregando sua parafernália, montando os metros e metros de cabo, caixas, equipamentos, tudo na […]
[…] mais bacana que a outra, numa coluna semanal. Vale ler e reler sempre. Teve a primeira edição do “Boteco do Barulho”, com a Neon Night Riders, cuja ideia é levar uma banda alternativa pra tocar num boteco sujo, pra […]