BRAMIR – MEDRO

“Medro” é provavelmente a mais radical das aventuras sonoras do Bramir de Diego Dias lançadas em 2017. E esse é o sexto experimento. Antes vieram “De Osso” (leia e ouça aqui), “Noturno” (leia e ouça aqui), “Imóvel” (aqui), uma parceria com o Al Sand, “Electrexhaust” (ouça aqui) e outra parceira, agora com Skeptikoi, em “Agraphon” (baixe aqui).

O título vem do verbo correlato a “ampliar”, “aumentar”, “avultar”, “desenvolver-se” etc. Nesse caso, faz todo o sentido, porque “Medro” é o disco que Dias empurra a eletrônica do Bramir mais ao extremo, ampliando as possibilidades oferecidas nas obras anteriores.

“Excesso. Processos massificados”, ele escreve. “Bramir repete, retoma, estende… até surgir uma voz que busca quietude”. Bramir medra seu som e agrava seu eletrônico pra um harsh noise que nem todo ouvido pode suportar – já na primeira faixa, adequadamente nominada de “Recrudesce”, o incômodo dá um tapa no ouvido, pra dar passagem a frequências modulares agudas.

Não é fácil. Mas o ouvinte que se atentou pras obras anteriores, parece perceber um roteiro seguido por Dias, de modo que “Medro” é uma passagem, um avanço (com o perdão da redundância) que não necessariamente se torna uma ideia definitiva. Ele pode recuar e dentro do espectro investigado por sua eletrônica, tudo é possível.

Há a esperança de que após rudezas como “Germe” o ouvinte seja recompensado. Não há como garantir. O som do lento desabrochar de uma flor, ampliado milhares de vezes, pode revelar ruídos como o ouvido em “Florada”, mas ao contrário do que se percebe ao fim do processo – cores, odor, pólen, vida – o Bramir parece não propor nada, o que seria um tanto pretensioso, a não ser o próprio processo de evolução.

Ouça na íntegra:

Todas as cinco faixas foram executadas e produzidas por Diego Dias, em abril de 2017, em Porto Alegre. O lançamento é de 4 de agosto de 2017, pela Al Sand REC.

1. Recrudesce
2. Florada
3. Decai
4. Germe
5. Medro

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