Bramir é um projeto solo de Diego Dias, um dos capos da Mansarda Records. Dias, assinando como Bramir, já havia lançado “De Osso”, pelo seu próprio selo, em março de 2017 (leia e ouça aqui). Agora, lança “Noturnos”, especialmente pro novo selo porto-alegrense Célula Tóxica.
O projeto é uma variante eletrônica de Dias, que tem no free jazz seu principal pilar de expressão.
Segundo o próprio artista diz na descrição do álbum, “este não é produto da insônia, nem de noites maldormidas. É sobre estar bem, e bem acordado”.
O que chama atenção de imediato nos avanços sonoros de Bramir é a força impressa de um aparente caos como linha de condução (“Ressonância”), contrapondo com baixos espasmos (“Narcolepsia” e “Sonânbulo” – sic), obrigando uma leitura ondular do ouvinte. Não há monotonia. Se o notívago o é por insatisfação, o que ele busca é justamente o contrário, é a tranquilidade e o marasmo; mas se o é por definição, necessidade, sua noite é dia e com ele vem toda a força da atividade corriqueira, o que pressupõe justamente, entre muitas e intermináveis questões, o caos. Bramir se assume como esse último.
O “passeio” do sonâmbulo é pra muitos uma agonia, uma doença. O artista até faz o personagem se arrastar, mas não soa doloroso. Parece ativo. “Dissônia” o coloca novamente em plena capacidade produtiva e “Sono REM” é o ápice da atividade.
“Noturnos” não é um disco “conceitual”, é temático. Um estado. Há quem deva se identificar de pronto.
Ouça aqui na íntegra:
Ainda segundo as notas informativas do álbum, “todas as faixas compostas diretamente, sem pós-produção, em maio/2017, Porto Alegre”, com execução e gravação do próprio Dias.
O lançamento é de 18 de junho de 2017.
1. Fragmentação
2. Ressonância
3. Narcolepsia
4. Sonânbulo
5. Dissonia
6. Sono REM
7. Raia