Felipe Mattos e Renan Pamplona deram o grande passo. Ano passado, criaram o exuberante EP “Too Young To Think Of Dying”, que acabou na lista de melhores de 2011. Hoje, anunciam o primeiro disco cheio. E com muitas mudanças.
São nove músicas, com uma bônus. Todas, de cara, com exceção da bônus, “Pequena” (e de “Leite E Mel”, presente no EP “Algum Dia Minha Dor”, regravada aqui), apresentam uma grande novidade: letras em português. “‘Pequena’ é em inglês e a música que mais se aproxima ao ‘Too Young…’; as inspirações trouxeram o português (à banda e à música deles); soou mais sincero, mais verdadeiro”, disse Felipe Mattos, num bate-papo exclusivo com o Floga-se.
A ideia de fazer o álbum, porém, começou de uma maneira singela, nada de inspirações loucas ou planejamentos cartesianos. Felipe conta que após compor “Dezesseis” (um lamento bossa-novístico praiano), “durante uma tarde que a gente foi a praia, toda a vontade de lançar um CD ganhou força. Depois desse dia, a gente vem se reunindo aqui em casa sempre, às vezes com melodias e letras prontas, às vezes com nada concreto, e passamos a noite criando e gravando”. Foi um impulso.
O passo foi dado, a troca de idiomas aconteceu, e Felipe mostra em que pé a jovem dupla está (ele acaba de completar 19 anos, nesse dia 11 de janeiro; e Renan tem 22): “a insegurança da mudança tá intensa entre a gente, mas falando por nós dois, essas músicas tão trazendo um sentimento de satisfação gigante, é um peso de lançar um trabalho ‘completo’, com tudo que merece, marcado bastante pelo que a gente é, por tudo que tá acontecendo ao nosso redor e tudo que a gente anda vivendo”.
Curiosamente, ao ouvir “Dezesseis”, essa mudança não é tão óbvia assim – tirando, claro o desafio de poetizar na língua-mãe. O próprio Felipe acaba por entregar o motivo: “o processo de gravação, como todos os EPs anteriores, foi caseiro. A diferença é que temos um amigo-produtor, Felipe Garcia, que tá ajudando muito com todos os equipamentos e todo conhecimento que ele tem; e tá dividindo muito com a gente”.
“Continuamos com nosso lo-fi, violão e os efeitos suaves; a diferença é o portugues, e o ‘feeling‘. Continua calmo como o ‘Too Young…’, mas tem algo que se for comparar os dois, deixam eles bem separados”, completa. Esse algo, porém, o ouvinte é que há de perceber ao ouvir “Cansei de Cantar Pra Você”. A banda não entrega.
E também não sabe o que esperar do trabalho, segundo Felipe: “pois é, não faço ideia. Tá bem diferente, a gente tá inseguro com a reação das pessoas, não sabemos ainda o que esperar. Pode ser que atraia o interesse de novas pessoas, mas também que muitas odeiem… A gente tá bem contente, isso também é importante, tá tudo cheio de significado pra nós dois”.
O disco foi lançado no dia 13 de janeiro de 2012, pelo selo O Bricoleur, de Curitiba, de amigos da dupla. Você pode baixar de graça no widget abaixo (bem como ouvir na íntegra):
As faixas 1, 4 e 7 usam samplers interessantes e são como vinhetas de passagem. “Eu Não Sou A Terra” é extraída de “Seu Libório”, música do Vassourinha; “Eu Não Sou Jesus”, de “Preciso Me Encontrar”, de Cartola; e “Eu Nã Sou Nós Dois”, de “Meu Sofrer”, de Noel Rosa. Essa informação dá uma boa indicação do que você vai encontrar em “Cansei de Cantar Pra Você”.
01. Eu Não Sou A Terra
02. Prainha
03. Leite E Mel
04. Eu Não Sou Jesus
05. Dezesseis
06. Perdedor
07. Eu Não Sou Nós Dois
08. Véspera
09. Laranja
10. Pequena (bônus)
“A arte da capa é a pintura de uma artista de floripa, Luize Cornelius (a mesma que fez a pintura presente no ‘Algum Dia Minha Dor’)”, revela Felipe.