Cadu Tenório já se despiu de outros nomes num dos bons discos lançados em 2014: “Cassettes”, de fevereiro. Chegou agora o segundo disco, “1987/1990”, um disco de resgate memorial pessoal.
Diz Cadu: “‘1987/1990’ tem como intenção transparecer uma idéia de fluxos de memória inconsciente interligados por associações feitas através de detalhes. (…) Uma dinâmica familiar a do campo dos sonhos (…) Nessa intenção de retratar um turbilhão de memórias, cada faixa recebeu como título um ano importante pra quem eu sou hoje, mas desses anos não tenho – praticamente – nenhuma lembrança consciente. A primeira delas, ‘1987’, ano em que nasci e que obviamente não consigo lembrar de nada, exceto o que já me contaram e fotos que vi. Já da outra, ‘1990’, ano em que meus pais se separaram e vim com minha mãe pro Rio de Janeiro, acho que me lembro de algumas cenas, pequenos flashes, que com certeza contém muito mais invenções do que realidade, Imagens completamente desfiguradas pela ação do tempo que se completam na subjetividade a partir de fotos”.
Cadu é reforça o caráter visual de sua obra e alerta pra uma diferenciação entre este trabalho e o anterior, “Cassettes”, ainda vivo na memória daqueles que acompanham de perto sua carreira: “apesar de ser um continuação das idéias ele é ao mesmo tempo bem diferente do ‘Cassettes’. Ele abandona um pouco as construções mais lentas e investe mais em transições, cada uma das duas faixas possui muitas partes interligadas sempre por detalhes. Contando uma história, um emaranhado de memórias. É inspirado um pouco numa lógica de ‘cortes’ que remete aos sonhos. É um trabalho que vai ainda mais fundo nas possibilidades que eu desenvolvi em ‘Lacuna’ e ‘Lar’ (discos do VICTIM de março e abril de 2013, respectivamente). Pra exemplificar melhor, a faixa ‘Círculos’, do ‘Lacuna’; e ‘Janela’, do ‘Lar’, faixas que possuem essa ‘métrica’, essa estrutura meio cinematográfica, que te leva de um lugar a outro através de ‘portas batendo'”.
E continua: “nesse novo disco, as coisas vão mais fundo, no meio você vai encontrar até intervenções cantadas. Acho que nesse disco fica mais claro conforme você vai prestando atenções nos detalhes, o que sobra de um momento pro outro, ou o que retorna mais tarde”.
As duas faixas foram compostas, executadas, produzidas e gravadas pelo próprio Cadu Tenório, como de praxe, e masterizadas por Emygdio Costa. A data de lançamento é 29 de abril de 2014.
“São duas composições antigas, que quando resolvi focar nas pesquisas pro ‘Cassettes’ acabei dando uma pausa, reencontrei elas na volta da cirurgia que fiz, quando fiquei muito tempo sem sair de casa, esse último mês e aí bateu a obsessão em finalizá-las”, conta.
Ouça aqui:
1. 1987
2. 1990