Cadu Tenório (foto) juntou-se a Thomas Rohrer, músico suíço radicado no Brasil, pra fazer “Fórceps”, mais um exercício de noise/improviso, lançado via QTV, dia 31 de março de 2016.
Cadu você já conhece, é velho de guerra aqui no Floga-se. Rohrer já acompanhou Juçara Marçal (no discaço “Encarnado”) e Marcelo Camelo, mora no Brasil desde 1995, e toca com o Coletivo Abaetetuba, de improviso livre.
Você pode baixar e ouvir de graça aqui:
As faixas ganharam títulos numéricos, de 1 a 8, na ordem. A gravação se deu na Audio Rebel, notório palco da música torta no Rio de Janeiro, em três sessões (só duas foram aproveitadas aqui), a primeira capitaneada pelo Chinese Cookie Poets Renato Godoy e a segunda, por Yago Franco e Pedro Azevedo. A mixagem e masterização é do sempre parceiro dos trabalhos de Cadu, Emygdio Costa.
Mas nada foi tão simples. Unir os dois talentos foi fácil. Difícil mesmo foram as gravações. A primeira sessão aconteceu em dezembro de 2014 e a dupla acabou perdendo tudo. Daí, ficou complicado achar as datas pra gravar. Thomas mora em São Paulo. Cadu, no Rio. A segunda aconteceu em março de 2015. E a terceira, em agosto do mesmo ano.
“Na primeira sessão, contamos com Arthur Lacerda, éramos um trio, pensávamos que já tínhamos o disco. Perdemos tudo. Na segunda, rolou um problema elétrico que afetou os equipamentos, então a maior parte dela foi inutilizada. Só a ultima que realmente nada deu errado”, conta Cadu.
O nome surgiu daí: “Thomas deu essa ideia de nome faltando um mês pro show (de apresentação do disco), não tínhamos o disco 100% pronto ainda, mas já estava no prazo que tínhamos dado pro selo e acabamos marcando o show de lançamento. Achei que o nome casava bem, fora que também acho que o nome acaba combinando bastante com o decorrer do disco, as faixas curtas que entram e saem de repente…”.
“O mais interessante do disco é que o Thomas, além dos instrumentos tradicionais, consegue tirar muitos sons diferentes utilizando processamento de pedais nesses mesmos instrumentos. E também o fato de ele usar gravações de campo que faz com o celular. Isso é demais, porque acho que nunca havia gravado um trabalho com alguém que também usa gravações de campo. É interessante que em vários momentos do disco nós dois dialogamos a partir dessas gravações criando locais impossíveis, gravações dele Inhotim e gravações minhas do centro do Rio de janeiro, formando uma terceira que aos ouvidos é crível, acho isso bem legal”, diz.
Cadu continua: “As minhas gravações de campo são em fita cassete, como de costume; as dele não. A última faixa, por exemplo, que tem a moça cantando, é uma artista plástica amiga do Thomas que ele acabou gravando e utilizando naquele contexto; imagina que inusitado que foi isso surgindo ao vivo… Ele decide colocar o canto no meio daquela distorção toda. Tem um trecho de uma instalação de Inhotim na segunda faixa, que é de uma peça pra vozes, é um momento que parece que irrompe uma ópera de repente no ápice de ‘2’”.
“Fórceps”, apesar do histórico, é um disco bem calmo, tranquilo, mesmo nos momentos mais incisivos. Cadu acha que é “metade calmo e metade caótico, ele se sai bem alternando entre dois extremos”. A faixa “5” é um exemplo, com “harsh noise com sax”.
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