Esse é o terceiro lançamento de Cadu Tenório assinando como Cadu Tenório. Os primeiros foram “Cassettes” e “1987/1990”, ambos também de 2014.
O Cadu-assinando-como-Cadu não é tão noisy quanto seus alter-egos do Sobre A Máquina e VICTIM! e , em “Vozes”, ele se apresenta como dantes: loopings, colagens, hipnotismo.
São quatro canções (atente-se, abaixo, à maravilhosa “Fragmentos”, com seu vídeo), todas compostas, produzidas e gravadas pelo próprio Tenório, com masterização de Emygdio Costa.
Sobre o título, “Vozes”, Cadu fala: “as composições foram todas elaboradas a partir de vozes; as vozes são o elemento principal de todas elas, existem elementos que não são vozes dentro do disco, mas elas de fato são o centro; (é um) processo similar a escolha do nome ‘Cassettes’ pro disco anterior”.
A capa é um caso a parte. Ela tem esse desenho simples, computadoramente tosco, de autoria de Lucas Pires.
Cadu explica: “ele é um amigo, ele é do DEDO, tanto ele quanto eu temos um fascínio pela estética e por reflexões acerca do gênero vaporwave, que muitas vezes é encarado pelas pessoas como uma piada, mas acredito numa profundidade muito maior dentro das referencias consumistas, vale ler esse texto sobre. A capa foi projetada pra ser similar a uma tela de computador repleta de pop-ups que representam conjuntos de referências de cada música. Algumas das referências que decidi explicitar nela. Acúmulo de informação/janelas, fetiches, violência intensa colada em inocência. Tudo que é bastante comum ao usuário do rede e parece ser mais intenso ao usuário que, de fato, mergulha nesse universo. É uma capa que representa a obsessão com a rede, um culto. E contém referências pop às quais qualquer criança está exposta. Pra fazer a capa, recorri a um texto falando sobre as referências que tinha de imagens pra as quatro músicas e o Lucas meio ‘desorganizou’ tudo em uma única imagem”.
E ele completa: “Vale ressaltar que o ‘Vozes’ foi influenciado por isso mas não é necessariamente um disco vaporwave nem foi feito pra ser. não utilizo samples de músicas já existentes, como é feito em projetos incríveis como o Chuck Person, não dialoguei com as referencias dessa forma. É um disco de música experimental, ambient, e todo o material que utilizo foi gravado por mim aqui. Apenas agreguei as marcas deixadas pelo gênero no meu trabalho. A sonoridade mezzo noventista, as vozes computadorizadas e moduladas, velocidades diminuídas etc. Ah, as vozes do Google, elas estão bem presentes, o Google Tradutor realmente tem uma participação forte no disco (ri)”.
Vale ressaltar que os instrumentos que se ouve são… vozes processadas: “a graça é isso também, o nome disco denuncia os sons que podem parecer outra coisa, mas no fundo são Vozes. Só elementos percussivos que aparecem ora ou outra não são vozes, e alguns detalhes de sintetizador e texturas, tem muita coisa passada em fita cassete também; e todas essas frases perceptíveis são do Google Tradutor”.
Como se vê, Cadu Tenório sabe dar voz à sua arte.
Ouça na íntegra:
O disco sai pela Sinewave Label nesse dia 4 de agosto de 2014 (link pra download gratuito: aqui).
1. Fragmentos
2. Procissão (clique aqui pra ver o vídeo)
3. Lamento (clique aqui pra ver o vídeo)
4. Bebê (clique aqui pra ver o vídeo)
[…] por Tenório – principalmente com o Sobre a Máquina. Mesmo a capa do trabalho – autoria de Lucas Pires – reflete conceitos particulares do artista carioca, substituindo a base melancólica do […]
[…] Não vou me ater á história por trás do álbum (incluindo sua capa); é muita informação pro meu pobre cérebro mediano conseguir reestruturar aqui sem dar um Ctrl C + Ctrl V no texto que saiu no sempre essencial Floga-se. […]