Pense bem: você compõe uma das músicas mais bacanas do ano, ginga total, pra cima, com aquela letra de desabafo que todo mundo gostaria de ter escrito após uma desilusão amorosa, aí vende um bocado, é chamado para todos os programas de rádio e televisão e não pode tocá-la por causa do título? Nem pensar!
Cee-Lo Green sabe que o foda-se que ele mandou pra ex não pode ser um foda-se para o próprio bolso, porque ele não é maluco e não rasga dinheiro. A solução é simplesmente não cantar o nome da música. Os estadunidenses são conservadores mas não são idiotas (quer dizer…): pra bom entendedor nem é preciso meia palavra… Às vezes palavra nenhuma basta.
E mesmo sem o sonoro “fuck you”, a ginga, o balanço, a diversão continuam lá. Como David Letterman é safo, deve ter instruído o público besta (porque só besta vai a auditório de qualquer programa de tevê) a não cantar em coro a palavrinha maldita pros patrocinadores.
Você pode, entretanto, argumentar que a música mudou, não é a mesmíssima coisa. Não é mesmo. Creio que o barato dela é fazer você gritar bem alto o “fuck you”. É terapêutica. Então, vale questionar: ela seria o sucesso que é sem o título?
E ainda cabe a pergunta: você daria uma de Jim Morrison e mandaria tudo às favas ao vivo, mandando a plenos pulmões o título que fez a música ficar famosa? Quem sabe faz ao vivo…