CHUVA, AIR E SNOW PATROL DÃO A GRAÇA NO NATURA NÓS

Quando “Do The Joy” começou a soar com qualidade pelas caixas da Chácara do Jóquei, todo o perrengue para parar o carro no pasto, quer dizer, estacionamento oficial, ficou em segundo plano. Ali na frente estava o Air, uma das bandas mais cool de todos os tempos (Mozart deveria ter sido punk perto deles).

Antes disso, porém, alguns problemas – embora nada que tomasse as proporções dos erros do SWU e nada que desabonasse demais o festival. O Natura Nós deu de goleada no pretensioso, falso e desorganizado SWU.

A começar pela chuva. Um pé d’água caiu em São Paulo (ou melhor, na região do Butantã), por volta das cinco da tarde. Quem conhece e já conhecia a Chácara do Jóquei, um local para cavalos, os animais, sabia que aquilo não era bom sinal para os calçados e barras de calças: lama à vista. E se foi muuuita chuva, foi muuuita lama.

No estacionamento, principalmente. Um rio de lama corria ladeira abaixo e a estupidez dos organizadores do estacionamento não ajudava muito.

Pior para quem tinha que retirar o ingresso comprado pela Internet. Fila. E debaixo de chuva. Uma facilidade que virou tormento, gerou antipatia precoce ao festival e poderia ter sido evitado com aquela atitude que o público tanto cobra dos idealizadores de eventos desse porte: organização.

Porém, repito, ao entrar no local dos shows, o caminho adornado com luzes verdes, nenhuma fila para entrada e para revista (entendeu, SWU?), simpatia das pessoas que trabalhavam no local, tudo dava conta de que a lama no chão seria apenas um pequeno incoveniente.

Aí, lá em cima, dois palcos. Um disposto de frente pro outro e muitas tendas. Importante: fila quase zero para cerveja e máquinas de cartão de débito funcionando. Maravilha. Os organizadores de festivais têm de entender que dinheiro vivo nesses eventos é para eventualidades, cartão é essencial (certo, SWU?).

Por falar em cerveja: copo aqui só de papel. Plástico não, certo SWU?

Fato melhor ainda: banheiros. Com a chuva, o estrago poderia ter sido maior. Havia um lamaçal no caminho para os banheiros, mas a produção, ágil, tratou de colocar placas no chão, para que as pessoas não afundassem na lama. Não deu exatamente certo, mas a preocupação da produção era com as pessoas, com o seu público consumidor, e isso faz toda a diferença (certo, SWU?). Ah, havia gente para limpar os banheiros! Eles ficaram perfeitos pelo menos até o final do show do Air. Problema: eram poucos banheiros e mal localizados. Melhor resolver isso para a próxima edição.

Eis que… “Do The Joy”. Raro leitor, devo dizer que temia pelo show do Air num local aberto e grande como esse. A apresentação no Circo Voador, quinta-feira, havia sido sensacional. Mas era no Circo Voador, um lugar perfeito para esse tipo de banda. E na Chácara do Jóquei? O Kraftwerk, na abertura do show do Radiohead, havia se perdido. O mesmo se avizinhava com o Air. Entretanto…

A sequência inicial com “Do The Joy”, “Love”, “Remember” demoliu esse medo. O Air conseguiu ganhar a parada. E como! Até porque, assim como veremos com o Snow Patrol, não economizou nos hits. Teve “Cherry Blossom Girl”, “Kelly Watch The Stars”, “Sexy Boy”, “How Does It Make You Feel”, “Don’t Be Light”, “Tropical Desease” e “Alpha Beta Gaga” (que protagonizou o momento mais engraçado da noite, com Nicolas Godin, sempre simpático, desculpando-se por não falar bem o português, mas pedindo, em contrapartida, que as pessoas cantassem com ele, em francês, a próxima canção – só que “Alpha Beta Gaga” não tem letra, ó pá!).

Foi, enfim, um show e tanto.

Veja “Kelly Wacht The Stars”:

“Sexy Boy” (que gravei em VGA, mas que tá com som ok)

E “Remember” (idem), uma das melhores do show:

Entre Air e o Snow Patrol, teve bomba do Móveis Coloniais de Acaju. Podia ter passado sem essa. Horroroso.

Só que o Snow Patrol não é para o gosto do público do Air. Está mais para essa gente bronzeada e chique e fina do Jurerê Internacional e do Jamiroquai. O público do Air torceu o nariz.

Não deveria.

O Snow Patrol realmente se esforçou para agradar. Tocou todos os hits possíveis e imagináveis, em uma hora e meia de show. E já começou com coragem: logo de cara, “Open Your Eyes”, seu maior sucesso e o maior sucesso nas praias de patrícias e maurícios. Coro geral na Chácara do Jóquei.

O show teve uma adição especial ao Gary Lightbody afirmar que essa era a última apresentação da banda antes do recesso para gravação do novo disco. O público se sentiu especial.

Para mim, isso tudo é besteira. O show valeu pelas três do “Final Straw”, melhor disco disparado da banda: “Chocolate”, “Run”, e “How To Be Dead” mostraram o melhor do grupo.

O Snow Patrol é uma banda matreira, sabe das coisas e está aí para agradar, não pra contestar. Por isso, mais de “Eyes Open”, o seu disco-jurerê-internacional: “Hands Open” (simples, direta e boa) e “Chasing Cars”, cantada por todos os bronzeados em coro. E por isso, muito bate-papo e elogios ao Brasil. Não custa nada, certo?

“Chasing Cars”:

Mas eles também têm o seu “momento Wanusa”. “If There’s A Rocket Tie Me To It”, do mais recente disco do Snow Patrol, o chato “A Hundred Million Suns”, teve que ser parada na metade, porque a banda se atrapalhou, Lightbody errou a letra e tals. Teve pedidos de desculpa e reinicio. Tudo bem, mais umas palavras amáveis aos brasileiros e tudo certo.

Essa gente bronzeada sabe retribuir e entender.

Setlist
01. Open Your Eyes
02. Chocolate
03. Hands Open
04. Take Back Tthe City
05. How To Be Dead
06. The Golden Floor
07. Run
08. Make This Go On Forever
09. Shut Your Eyes
10. Set The Fire To The Third Bar
11. If There’s A Rocket Tie Me To It
12. Chasing Cars
13. Just Say Yes

Depois disso, vazei. Jamiroquai não desce, mas, dizem, foi ótimo pra dançar. A noite já estava ganha e o exemplo, dado: que os festivais de música procurem acertar e respeitar o público, como o Natura Nós o fez.

O próximo, por favor: Planeta Terra.

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Comentários

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2 comentários

  1. Cara.. esse lance de máquina de cartão não funcionar dependia muito mais da Telefonia móvel funcionar em itu que da organização.

    Não dava pra esperar que eles colocassem uma torre de celular no local simplesmente pq ia rolar um festival…

    Se os celulares e 3gs davam trabalho pra funcionar, era óbvio que maquinas de cartão tb iam dar suas paradas.

  2. Concordo, mas há um porém: link dedicado, que as operadoras de cartão oferecem em casos especiais (a preços especiais tb). Não justifica. Além do mais, custava ter uma ilha de caixas eletrônicos para quem precisasse de mais grana? Afinal, o show era “no meio do nada” (nas palavras do próprio SWU), e qualquer deslocamento custava uma boa grana. Pra mim, faltou organização quando não se pensa em oferecer alternativas ao público.

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