CRETINA NA LIVRARIA DA ESQUINA – COMO FOI

Não havia só o Cretina. Lê Almeida havia criado o tal Baile da Transfusão, uma festa do seu selo alternativo. Ali tocaram Magic Crayon, Cretina, Hierofante Púrpura e Lê Almeida, além de contar com a discotecagem de André Medeiros, da Top Surprise. Um programão.

Infelizmente, o local estava vazio, ou com capacidade bem abaixo do que a programação merecia. Espaço livre de sobra na bela casa que é a Livraria da Esquina.

Porém, o fracasso de público se tornou uma festa fechada, pra amigos, entre amigos, o que valeu a noite. Cerveja barata, música boa, som alto e nítido e nem o jogo do Brasil, contra a fortíssima seleção da Costa Rica, acabou sendo concorrência pra atenção dos presentes. Show mesmo era ali no palco.

De todas as bandas no Baile da Transfusão, a única que eu ainda não havia visto ao vivo era a Cretina. O trio carioca, pelos vídeos do YouTube, sugeria um daqueles power trios pra sair ensopado ao final da pendenga. A expectativa se confirmou.

Igor, Letícia e Erick são daqueles da escola Ramones de entreter. Basta “um, dois, três” e pronto, é sentar o braço. Erick, na bateria, marreta sem dó. As paradinhas e escapulidas das canções sugerem uma banda bastante entrosada, apesar do pouco tempo de estrada e oportunidades raras de tocar pra uma audiência. Igor é um frontman seguro e cativante. Mas é Letícia, a doida do baixo, que faz qualquer querer pular, nem que seja pra acompanhá-la. Não tente, a não ser que você tenha fôlego de maratonista olímpico.

Ela parecia possuída por sabe-se lá que xamã, de modo que seu baixo visivelmente lutava pra se manter vivo, inteiro, naquela luta corporal e seus espasmos dançantes e vibrantes. Impossível não se encantar com ela: ternura que se transforma em eletricidade no palco.

E música a música, o que escorre no rosto de cada um dos integrantes do Cretina não é suor, é diversão, paixão, fervor por acreditar naquilo. Não é difícil acompanhá-los. O disco de estreia, “Babilônia Moderninha”, lançado há pouco, foi tocado na íntegra, com adição de duas outras canções.

A faixa-título e sua letra esperta colocam umas cabeças pra bater, e umas pernas a perder contato com o chão. Em “Doçura”, a plateia já estava ganha – mesmo sendo todos amigos, o repertório ainda não está totalmente digerido, porque não houve tempo hábil pra isso. Durante meia-hora o que se vê é uma audiência fervida em banho quente de canções pop rápidas e rasteiras, como um bom trio cretino de rock’n’roll deve fazer.

O único senão foi o fato de ter começado tarde demais. Isso é algo que casa noturna, bandas e público ainda não aprenderam.

Pra esquecer esse porém, só pulando com o Cretina.

01. Meninos Abandonados
02. Babilônia Moderninha
03. Doçura
04. Na Crista Da Subversão
05. Fim De Semana Que Vem
06. Meus Discos
07. Vidrado
08. Banana Jungle
09. Deboche
10. Noites Mal Dormidas
11. Arnaldo E Os Mutantes

Veja o vídeo da banda tocando “Meninos Abandonados”:

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