CURTINDO A VIDA ADOIDADO – A TRILHA SONORA OFICIAL

Acredite, o clássico “Curtindo A Vida Adoidado” (Ferris Bueller’s Day Off, EUA, 1986) completa 30 anos em 2016 e jamais – jamais! – teve uma trilha sonora oficial lançada em disco.

A La-La Land Records, especializada em trilhas, fechou um acordo com a Paramount Pictures, pra lançar finalmente o disco oficial da trilha do filme, que foi chegou aos cinemas nos Esteites em 11 de junho de 1986.

O diretor, John Hugues, morto em agosto de 2009, dirigiu apenas oito filmes em toda sua carreira, e em quase todos eles a trilha sonora teve impacto importante nas paradas de sucesso, falando diretamente com a juventude da época. Alguns títulos dos seus filmes, inclusive, eram títulos de músicas pop: “Sixteen Candles” (“Gatinhas E Gatões”, 1984), música do The Crests (ouça); “Pretty In Pink” (“A Garota De Rosa-Shocking”, 1986, que ele só escreveu), música do The Psychedelic Furs (ouça); “Weird Science” (“Mulher Nota Mil”, 1985), música do Oingo Boingo (ouça). Mas “Curtindo A Vida Adoidado”, curiosamente, não ganhou trilha oficial.

A desculpa que o próprio Hughes deu à época foi que as crianças não comprariam aquelas canções do filme num disco porque “provavelmente já teriam em casa”: “A gravadora A&M ficou puta comigo por causa disso; eles imploraram pra eu fazer o disco; mas eu pensava… as crianças querem ‘Dankeschoen’ e ‘Oh Yeah’ num mesmo disco?”. E completou, no alto de uma certeza inocente: “os pais já não têm ‘Twist And Shout’? Por que comprariam de novo?”.

Mesmo assim, cedeu e lançou um vinil de sete polegadas com duas canções do filme: “Beat City”, com o Flowerpot Man; e “I’m Afraid”, com o Blue Room.

Acredite ou não, Hughes levou dois anos enviando ele mesmo cópias a aproximadamente cem mil fãs pelo correio. Hoje, é um compacto que vale ouro e quase impossível de ser encontrado.


Contra o próprio Hughes e a favor da gravadora, havia o fato de no ano anterior, com “Clube Dos Cinco” (“The Breakfast Club”, 1985), o diretor ter levado ao topo das paradas de vendas o single “Don’t You Forget About Me”, que também transformou o Simple Minds em superbanda pop.

Por que não repetir a parada, ainda mais com um filme que se fartava nas bilheterias?

Trilhas-sonoras de filmes foram responsáveis por oito dos cem discos mais vendidos de 1986. Dez dos 100 discos mais vendidos nos anos oitenta eram trilhas-sonoras, contra seis nos noventa e apenas um nos anos dois mil.

O que fez de “Curtindo A Vida Adoidado” se tornar o clássico que se tornou é o fato de que o filme conta uma história sobre liberdade, algo muito caro aos jovens: um garoto superbem quisto na escola resolve matar aula pra ter um dia especial com a namorada e o melhor amigo. Simples assim. Mais sessão da tarde, impossível. Uma aventura inocente, sem grandes problemáticas, a não ser a emancipação e a ideia um tanto punk de que se você quiser fazer algo, vá lá e faça, mesmo que vá contra o sistema dominante.

Escola, pais e família (no caso, a irmã) personificam esse status quo que Bueller quer sambar na cara – e consegue.

Como isso não mereceria uma trilha sonora?

Apesar de apresentar em seus fotogramas uma série de potenciais sucessos, o diretor declinou. Tirando “Twist And Shout”, que já era um megasucesso e rendeu ao filme a antológica cena do desfile (antecedida por “Dankeschoen”, de Wayne Newton), o filme tinha candidatos a hit, como “Love Missile F1-11”, do Sigue Sigue Sputnik (que estouraria naquele mesmo ano, ouça); as versões do Dream Academy pra “Please Please Please Let Me Get What I Want” (instrumental, ouça), dos Smiths, e do Violent Femmes pra “Children Of The Revolution”, do T. Rex (ouça); “BAD”, do Big Audio Dynamite (ouça); além da improvável “Oh Yeah”, do Yello, que virou sinônimo do filme.


Os fãs do filme têm à disposição pela Internet uma série de trilhas não oficiais do filme. É simples compilar as músicas da obra hoje em dia numa playlist. E no YouTube encontra-se com facilidade uma “unofficial-official” (veja aqui).

A trilha oficial, porém, a da La-La Land Records, sai provavelmente em setembro de 2016 e não tem lista de músicas ainda definida, por conta de negociações, mas o supervisor musical Tarquin Gotch, o compositor original Ira Newborn e o montador Paul Hirsch estão envolvidos no projeto, que ainda tem notas de texto escritas pelo filho de Hughes, James. Será um trabalho completo e comemorativo aos trinta anos desse que já é um dos grandes clássicos do cinema.

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