“Metaprogramação” é o terceiro disco dos paulistanos do Deafkids. O disco sai pela Neurot Recordings, dia 15 de março de 2019. O trabalho anterior, “Configuração Do Lamento”, é de 2016 (leia resenha aqui), e foi um dos citados na lista de melhores do ano do Floga-se.
Na apresentação oficial, a banda afirma que, “enquanto o lançamento anterior capturou o grupo em seu próprio mundo musical diversificado e discordante, este novo trabalho empurra os elementos a extremos inteiramente novos. A banda imprime um cenário psíquico-futuro-primitivo em sua música criando uma teia de pulsos eletrônicos, muralhas de delays e ruídos, guitarras lamuriosas e ritmos frenéticos que ricocheteiam agressivamente pelos alto-falantes. As músicas são urgentes, mas fluidas, derretendo-se e dissolvendo-se umas nas outras, culminando em uma jornada psicodélica selvagem que está destinada a atingir a mente através do corpo, ao mesmo tempo em que intoxica as duas”.
São treze canções sinistras, de barulho embriagante, desesperadoras e inspiradoras. Todas foram gravadas no estúdio El Rocha, durante o mês de setembro de 2018, com produção da própria banda (mixagem de André Leal e masterização de James Plotkins).
Nas duas canções liberadas como aperitivo, “Mente Bicameral” e, principalmente, “Templo Do Caos”, o ouvinte tem a exata sensação descrita, com “pulsos eletrônicos, muralhas de delays e ruídos, guitarras lamuriosas e ritmos frenéticos que ricocheteiam agressivamente pelos alto-falantes”.
A banda dá uma explicação sobre o disco: “enganados pela percepção da nossa chamada individualidade como uma forma de liberdade, somos programados pra viver e continuar vivendo como um modelo da natureza fragmentada e binária. Números experimentais em um jogo de poder político em todo o mundo onde vidas humanas e suas complexidades, conexões, necessidades e ambientes são reduzidos em termos manipulados por algoritmos, controle mental e força bruta sobre nossas condições, nossos direitos e nossa verdadeira vontade. Modelando, esmagando e fragmentando nossos túneis de percepção até o ponto em que o excesso de informação se difunde e o todo contido em cada ser é cada vez mais disperso, confuso e desconectado, refletindo uma imagem insana de sua identificação com uma realidade artificial. De algum modo bizarro, todos esses teatros de dominação e submissão, esquizofrênicos, corrompidos e truculentos, aparecem em todas as relações humanas e parecem fazer algum sentido (…). Um nível de realidade onde poderíamos ter o poder de aprender a nos reprogramar por nossas próprias ferramentas, sermos capazes de visitar nosso hall of mirrors interno além do espaço e do tempo e lidar com as raízes negativas de nossas emoções condensadas e traumas através de um novo perspectiva de relação e controle com nossos pensamentos, caminhos e tudo com o que estamos conectados. Nós devemos nos unir e resistir contra os violentos símbolos da opressão, incluindo o que é impresso em nosso próprio eu, que deve ser sacrificado diariamente. ‘Metaprogramação’ oferece uma visão sensorial vertiginosa sobre esses conflitos internos e aspectos do ser animal”.
01. Vox Dei
02. Alucinações De Comando
03. Pacto De Máscaras
04. Mente Bicameral
05. Estímulos Alucinatórios Verbauditivos I
06. Templo Do Caos
07. Espirais Da Loucura I
08. Raíz Negativa (Não-Vontade)
09 Camisa De Força (Inferno Ou Sem Saída?)
10. Vírus Da Imagem Do Ser
11. Estímulos Alucinatórios Verbauditivos II
12. Espirais Da Loucura II
13. A Experiência Holotrópica