DEAN & BRITTA CANTAM GALAXIE 500 NO SESC POMPÉIA – COMO FOI

Lou Reed, John Cale, Neil Young… Alguns artistas ensinaram a importância da simplicidade na música alternativa. Nem todo mundo aprendeu. Dean Wareham e Britta Phillips aproveitaram a oportunidade gratuita desses grandes mestres e captaram tudo o que puderam. Foram alunos aplicados.

O histórico de Dean Wareham, com o Galaxie 500 e com o Luna (do qual Phillips também participou), e agora na parceria com a esposa, mostra que ele aprendeu o suficiente: às vezes, bastam dois acordes, duas notinhas, ou até mesmo duas estrofes. É o bastante pra encantar, pra construir canções pop admiráveis.

Ontem, num SESC Pompéia de ingressos lotados, a dupla, ajudada por Anthony Lamarca (na bateria) e Matt Sumrow (guitarra), se mostrou tão ciente das lições aprendidas que parecia ela a professar tanta simplicidade como novidade ideológica. Talvez, com tanto tempo de estrada (Dean fundou o Galaxie 500 em 1987), depurando seu som e lapidando as arestas, tenha realmente se tornado mestre pra uma nova geração.

O público ali presente, numa noite agradável de sexta-feira (apesar do calor intenso dentro da choperia do SESC, o que valeu uma bronca/puxão de orelha de Dean pra produção), percebeu que estava diante de um quarteto tão enxuto, tão isento de soberba, que talvez tenha pensado estar na sala de casa, com amigos não-profissionais dando uma canja pra animar o ambiente.

Eis que não é de se estranhar as conversas paralelas, muitas vezes animadas e alheias à música, com copos generosos de cerveja nas mãos, enquanto uma dúzia de fãs se esbaldava com as belas canções do Galaxie 500, verdadeiras pérolas de simplicidade.

Algum apreço jazzístico (principalmente na bateria), solos econômicos, vocal declamado e desafinado na medida, e tranquilidade na execução fizeram crescer canções contemplativas ao mesmo nível das famosas chiadeiras. Vieram preciosidades como “Pictures”, “Snowstorm”, “Decomposing Trees”, “Summertime”, “Fourth Of July” e um bis previsível (pra quem acompanha a carreira da dupla), com a cover de “Ceremony”, do Joy Division/New Order. Tudo perfeito, enfim.

Ao final, a simplicidade esticou seu expediente pra além do palco. Dean Wareham desceu aos fãs pra tirar fotos, autografar CDs e pôsteres. O artista é um reflexo da sua música e a música é um reflexo do artista.

Setlist:
01. Flowers
02. Pictures
03. Snowstorm
04. When Will You Come Home
05. Temperature’s Rising
06. Decomposing Trees
07. Strange
08. Summertime
09. Don’t Let Our Youth Go To Waste (Jonathan Richman cover)
10. Blue Thunder
11. Tugboat
12. Listen, The Snow Is Falling
13. Fourth Of July

BIS:
14. Moon Palace
15. Ceremony (Joy Division/New Order cover)

Veja um vídeo exclusivo de “Pictures”:

E outro de “Snowstorm”:

P.S.: Tentei ao máximo evitar falar do vestidinho curto de Britta. Mas.. Que forma! Essa mulher tem 47 anos (é de 1963)! Uma baita baixista…

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Comentários

comentários

5 comentários

  1. O dia que Nico, Sertling e Andy baixaram na choperia do Sesc Pompéia ! Não, não foi só no show de quinta ! Foi na sexta, tenho certeza, eles estavam passeando por ali.

    Foi brilhante ! Foi inesquecível ! Foi mágico ! Foi chapante ! Foi foda ! Agora, posso morrer em paz.

  2. Olá, por acaso me deparei com este blog.. Gostei muito por sinal.

    Uma das minhas bandas favoritas é o Galaxie 500, você por acaso sabe se o Dean e a Britta vão algum dia voltar ao Brasil?

    Abraços!!

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