“Como você descreve um álbum descolado do seu tempo, preocupado com o desaparecimento da cultura, da humanidade, da natureza, da lógica e da emoção? Por que criar esse álbum em uma época em que os períodos de atenção foram reduzidos a quase nada, e os grãos táteis de criação de música foram ainda mais reduzidos a algoritmos e à colocação de playlists projetadas. Por que acordar de manhã? Por que tudo não desapareceu?”
O questionamento que impulsiona o conceito do oitavo disco do Deerhunter, “Why Hasn’t Everything Already Disappeared?”, é uma das questões-chave de nossa época. “Por que criar esse álbum em uma época em que os períodos de atenção foram reduzidos a quase nada”. Pois é.
O disco chega ao mercado em 18 de janeiro de 2019, mais uma vez via 4AD. O disco anterior de Bradford Cox e companhia foi “Fading Frontier”, de 2015 (veja aqui).
São dez canções, com produção de Cate LeBon, Ben H. Allen III, Ben Etter e do próprio Deerhunter, com mixagem de Ben Etter, Ben H. Allen III e Bradford Cox. As gravações aconteceram em cinco estúdios: Marfa Recording (Texas), Sonic Ranch (Texas), Seahorse Sound (Los Angeles), Maze Studios (Atlanta) e no sótão de Cox, em Atlanta.
Há algumas participações especiais no disco. Cate LeBon toca cravo em “Death In Midsummer” e canta em “Tarnung”. Tim Presley toca guitarra em “Futurism”. Ben H. Allen III toca baixo em “Plains”. E Ian Horrocks toca contrabaixo em “Nocturne”.
O primeiro single é “Death In Midsummer”, cujo clipe promocional você assiste abaixo:
Na apresentação do disco, o Deerhunter escreveu uma ou duas linhas pra cadas música, que estão transcritas abaixo:
01. Death In Midsummer
Legenda da fotografia encontrada no livro: “Revolução nas ruas de São Petersburgo, julho de 1917.” A foto mostra figuras de pessoas fugindo de pilhas de corpos.
02. No One’s Sleeping
Em 16 de junho de 2016, a deputada do Partido Trabalhista Helen Joanne Cox morreu após ser baleada e esfaqueada várias vezes em Birstall, por Thomas Mair, um homem mentalmente doente com ligações com uma organização neonazista. Ele gritou “Grã-Bretanha primeiro”, ao realizar o ataque.
03. Greenpoint Gothic
Um interlúdio estrutural pra sintetizador e bateria.
04. Element
Elegia pra ecologia (um cenário feito em aquarelas tóxicas).
05. What Happens To People
Louvor pra “Emoções”
06. Détournement
Um cartão postal pra uma “baforada de ar” (slipstream).
07. Futurism
Nostalgia é um veneno.
08. Tarnung
Uma caminhada pela Europa na chuva.
09. Plains
James Dean passou o verão de 1955 em Marfa, Texas, filmando “Assim Caminha A Humanidade”, antes de sua morte em 30 de setembro.
10. Nocturne
Transmissão ao vivo da vida após a morte.