Cresci ouvindo jazz. Blues e jazz. E Jesus & Mary Chain, e The Cure, Smiths, e samba. Uma mistura e tanto. Mas nada continua sendo tão impactante na minha vida quanto o jazz. O estilo segue me impressionando com obras de cinquenta, sessenta anos atrás. Volta e meia, uma descoberta, um assombro. Tenho essa mesma impressão com os sambas antigos, principalmente com as letras, mas isso é outra história.
O jazz na minha vida é obra do meu pai, um apaixonado; e do meu tio, trompetista de coração e amante de jazz-punk, ou jazz de improviso, free jazz. Tem umas coisas punks, segundo ele, que colocariam Sex Pistols e Ratos de Porão num convento. Dentro do contexto social da época, dos subterrâneos de onde saíram os gênios abaixo, não duvido.
A ideia da lista aqui não oferecer “os melhores da história do jazz“, embora boa parte dos discos abaixo figure em listas desse tipo pelos maiores entendidos do assunto. O lance aqui é compilar dez discos extraordinários do estilo que podem ser encontrados e ouvidos na íntegra no YouTube e servir de porta de entrada pra quem não manja muito do assunto e tá salivando pra isso.
Infelizmente, não estão disponíveis dois dos meus preferidos (ou não achei): Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, com “Ella And Louis”, de 1956; e Charlie Parker e Dizzie Gillespie, com “Bird & Diz”, de 1950. Mas são dois discos excepcionais, que você precisa uma vez na vida botar pra rodar.
E, óbvio, há muitos outros títulos que precisam ser ouvidos por qualquer ser humano. Mas como não quis repetir artistas nesta lista, outros do Miles Davis e do John Coltrane, por exemplo, ficaram de fora. E da discografia de ambos, há muitos álbuns completos disponíveis no YouTube, é só procurar.
Esta lista, enfim, acabou se tornando uma enorme e digníssima mixtape. Muitos desses discos continuam mudando a minha vida. Podem fazer o mesmo pela sua. Sem exageros.
A imagem que abre esse post é “Aboriginal Jazz”, por Gil Mayers.
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KIND OF BLUE
Artista: Miles Davis
Ano: 1959
Duração: 45’44” (do álbum) e 55’23” (do player)
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A LOVE SUPREME
Artista: John Coltrane
Ano: 1965
Duração: 35’02” (do álbum) e 32’47” (do player)
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HEAD HUNTERS
Artista: Herbie Hancock
Ano: 1973
Duração: 41’34” (do álbum) e 41’45” (do player)
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SAXOPHONE COLOSSUS
Artista: Sonny Rollins Quartet
Ano: 1956
Duração: 39’57” (do álbum) e 40’47” (do player)
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MONK’S DREAM
Artista: Thelonious Monk
Ano: 1963
Duração: 47’05” (do álbum) e 46’51” (do player)
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MINGUS AH UM
Artista: Charles Mingus
Ano: 1959
Duração: 45’50” (do álbum original) e 57’15” (do player)
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THE SHAPE OF JAZZ TO COME
Artista: Ornette Coleman
Ano: 1959
Duração: 37’50” (do álbum) e 70’19” (do player, versão reeditada)
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CHET BAKER & STRINGS
Artista: Chet Baker
Ano: 1954
Duração: 46’05” (do álbum) e 45’46” (do player, a reedição)
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NIGHT TRAIN
Artista: The Oscar Peterson Trio
Ano: 1962
Duração: 67’44” (do álbum) e 70’21” (do player)
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THE ATOMIC MR. BASIE
Artista: Count Basie And His Orchestra
Ano: 1957
Duração: 39’30” (do álbum) e 39’38” (do player) – há uma reedição de 1994, com 56 minutos de duração
[…] básico de reggae e dancehall jamaicano (aqui) – Dez discos de jazz na integra para ouvir online (aqui) – As músicas mais marcantes de comédias românticas […]
[…] O conceito de improvisação nem era novo. A turma de Andy Warhol estava fazendo isso naquele instante, milhares de quilômetros de distância dali, onde o Velvet Underground iria lançar o histórico “The Velvet Underground & Nico”, ou “o disco da banana”. Mas muito antes disso, gênios do jazz já haviam assombrado o mundo, principalmente os músicos, com aulas de improvisação (alguns bons exemplos neste post). […]
Muito bom o texto, e as escolhas dos álbuns. Fernando, está de parabéns!
Valeu!