Ontem, milhares de fãs ficaram excitadíssimos com o webcast do Duran Duran. A banda se apresentou no Mayan Theatre, em Los Angeles, Esteites, no especial “Unstaged”, de uma bandeira de cartão de crédito famosa.
Mas não é porque você estava no Brasil ou na Conchinchina que ia ficar fora dessa. O show foi transmitido ao vivo na Internet. Esse, como aquele do Arcade Fire, foi via YouTube. “Uma dimensão paralela”, diria o vocalista Simon LeBon.
Pouca gente tinha se dado conta, mas nessa noite, sob os olhos do mundo todo, uma das bandas que dominou as paradas dos anos 1980 iria renascer.
Curiosamente, boa parte das pessoas estava conectada para ver o que David Lynch, diretor-lelé e supervalorizado, mas, sim, muito bom, iria fazer com a transmissão dirigida por ele. Ah, nós, os ignorantes: somos jovens posando de intelectuais…
O Duran Duran provavelmente não precisaria de um artifício desses, tem hits suficientes e um bom novo disco, “All You Need Is Now”, pra segurar um show dessa envergadura (com plateia mundial). É uma das poucas bandas pop, daquelas que fizeram as menininhas se descabelarem pela beleza (física) deles nos anos 1980, que ainda resistem com certa relevância musical nos dias de hoje.
É, talvez, a melhor banda-ruim da atualidade.
Pra quem tem menos 30 anos e se aninhou na preguiça de não pesquisar e de não procurar ouvir, perfeitamente pode achar o Duran Duran a banda mais chata e velha do mundo. Mas veja o setlist abaixo e conte as músicas que atravessaram duas décadas e meia ainda como boas peças pop. Que banda pode com o teste do tempo?
O Duran Duran que subiu ao palco é aquele considerado o mais “clássico” (maus pelo uso indevido da palavra), com exceção de Andy Taylor: Simon LeBon (vocal), Roger Taylor (bateria), Nick Rhodes (teclados) e John Taylor (baixo). Mesmo assim, precisou de David Lynch pra dar credibilidade, o YouTube pra entrar no jogo novamente, e um tanto de outros maneios pra mudar essa história.
Visualmente, foi um show confuso, que parecia ter sido editado com antecedência. Muitas imagens sobrepostas, intervenções dispensáveis, era preciso ficar “procurando” a banda na tela.
“Exagero” talvez seja a palavra-chave aqui. Lynch não ajudou muito, mesmo com algumas inserções engraçadas – como aquelas barbies peladas com os “D” sobre os seios, em “Sunrise”, uma grande jogada (alguém brincou com a aliteração: “David’s Double D Dolls Dance To Duran Duran”). Genial.
Não ajudou no visual, mas contribuiu bastante como isca. O Duran Duran tinha outros trunfos pros novos públicos. Só precisava ser ouvido.
Veja “All You Need Is Now”:
Além das bizarrices de Lynch, houve as participações especiais, aí sim sua tentativa principal de se aproximar do público jovem: Beth Ditto (em “Notorious”), Kelis (em “The Man Who Stole A Leopard”), Gerard Way (do My Chemical Romance, em “Planeth Earth”) e Mark Ronson (a razão pro disco do Duran Duran “soar bom como soa”, segundo a própria banda).
Deu certo. Quando “Ordinary World” começou, a banda bateu nos Trend Topics do Brasil, fato comemorado pela banda no Twitter. O Duran Duran, de repente, renasceu.
“The Man Who Stoled A Leopard”:
Fica sensação de que o último show em São Paulo, em 2009, poderia ter sido assim, ou pelo menos um pouco assim. Meia dúzia de gatos pingados no Via Funchal, todos beirando os 40 anos, e quase nenhuma vontade de tocar ali, em cima do palco. A banda parecia acabada.
Mas agora a modernidade parece que os alcançou. Teria o Duran Duran ganho um sopro de vida para as novas gerações?
01. All You Need Is Now
02. Notorious
03. Friends Of Mine
04. Planet Earth
05. Safe
06. Blame The Machines
07. Hungry Like the Wolf
08. Leave The Light On
09. Voyeur
10. Ordinary World
11. The Man Who Stole A Leopard
12. Girl Panic!
13. Careless Memories
14. (Reach Up For the) Sunrise
15. Rio
16. Come Undone
17. A View To A Kill
18. Girls On Film
Para ver os vídeos da apresentação e muito mais, vá ao canal do Duran Duran no YouTube, clicando aqui.
“Notorious”:
“Careless Memories”:
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