Bem, estou de volta das férias da coluna e indico agora o disco mais recente do Wolf Eyes.
A banda não é nenhuma novidade. Graças a um contrato inusitado com a SubPop (aquela gravadora que todo mundo conhece – o primeiro disco lançado pelo selo é de 2004, “Burned Mind”, o trabalho imediatamente anterior a este) o Wolf Eyes se tornou um dos nomes mais conhecidos do noise na última década, com membros e ex-membros do grupo seguindo carreiras solo que ao meu ver muitas vezes são até mais interessantes do que a banda. É um grupo a ser respeitado, já apresentou trabalhos interessantes num sem número de tapes, CD-R’s, CDs e vinis.
Já havia falado sobre Aaron Dilloway (um dos ilustres ex-membros do grupo) por aqui, que por sinal tem lançado coisas interessantes ultimamente, como o delicioso “Siena”, disponibilizado gratuitamente, e o cassete “Songs About Jason” – ambos valem a pena ser ouvidos. Pretendia falar mais sobre o Nate Young (esse continua na banda mas possui vários projetos que valem garimpar), que gravou três discos bastante legais nos últimos anos (a série “Regression”), influenciado pelos trabalhos de trilha sonora de John Carpenter, mas fui surpreendido por esse lançamento do Wolf Eyes de supetão.
O Wolf Eyes continua funcionando como um trio mas tiveram uma “troca” de integrantes na formação pra esse disco novo: Mike Connely não está mais na banda e o guitarrista Crazy Jim Bajo entrou no seu lugar. Minha primeira impressão desse disco é de que ele foi fortemente influenciado pelos estudos de teoria musical recentes de Nate Young, o que inclui certa precisão/economia nos beats e nos sintetizadores. Não que os beats já não se apresentassem dessa forma antigamente, mas considero eles ainda mais econômicos aqui e a agressividade punk de outrora deu espaço a algo mais pontual que soa gradativamente claustrofóbico. Isso de certa forma torna o som mais acessível.
As coisas aqui não estão cobertas por camadas de feedback. É possivel ouvir os detalhes com tranquilidade, é um disco sem urgência. O minimalismo encontrado nos synths é bonito de ouvir em faixas como “Chattering Leads”, marcadas com um bumbo num bpm do qual você não vai escapar, e estará balançando a cabeça ou batendo os pés quando menos esperar.
O modo como a banda lida com o ruído, o silêncio e as estruturas das músicas me remeteram mais ao early industrial do que qualquer outro disco que tenha ouvido do grupo. Algumas escolhas de timbre também e os vocais que fazem um híbrido de spoken word com melodias que acentuam o clima letárgico desse “No Answers: Lower Floors”.
Meus destaques no disco ficam com o clima soturno/sufocante de “Confession Of The Informer”, com os vocais entrecortados aparentemente oriundos de fita. A bela e pequena “No Answer” e o poder mórbido que possui “Warning Sign”, com os agudos mais pesados do disco.
Belo trabalho, arrastado o suficiente pra te prender. Pra começar, a primeira faixa (“Choking Flys”) tem um video circulando por aí:
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1. Choking Files
2. Born Liar
3. No Answer
4. Chattering Lead
5. Confessions Of The Informer
6. Warning Sign
Data de lançamento: 9 de abril de 2013
Gravadora: De Stijl Records
Produtor: Aaron Dilloway
Tempo total: 38’05”
[…] + De Stijl + resenha na Pichfork, por Marc Masters / abril de 2013 (inglês) + resenha no Floga-se, por Cadu Tenório / maio 13 […]