ENTREVISTA: ETERNAL SUMMERS – SIMPLICIDADE ACIMA DE TUDO

O Eternal Summers é, talvez, a banda mais bacana que ouvi nos últimos tempos. Pra um cidadão da minha idade, que teve nos anos 80 sua criação musical, a sonoridade dos Summers é um deleite pros ouvidos. Há Siouxsie & The Banshees, há Guided By Voices, influência declarada da banda. Há um bocado de influências que mais parecem uma aula da história da música alternativa.

O Eternal Summers foi um bom aluno e aprendeu o básico: ser simples, ou o famoso “menos é mais”. Nicole Yun (guitarra) e Daniel Cundiff (bateria) tiram de seus instrumentos algo que, por vezes, bandas tentam com o triplo de instrumentos e o quádruplo de programas de computador para edição de som.

O disco “Silver”, um dos melhores de 2010, é uma obrigação para quem gosta de gravações lo-fi e não quer ter muito trabalho para animar uma festa.

O melhor de tudo é que o Eternal Summers descobriu o Brasil antes mesmo do Brasil descobrir o Eternal Summers. Nicole se espanta com a quantidade de fãs brasileiros e latinos que a banda tem e por isso está se esforçando para tocar por cá. Precisa só de um produtor que lhes dê ouvidos e que banque a empreitada.

Pra mim, o êxtase. Ter conseguido a entrevista com uma das minhas bandas preferidas é um presente e tanto (consegui na véspera do meu aniversário). Presente que ficaria completo com o anúncio de shows por cá.

Eis, Eternal Summers, simples assim:

Floga-se: Em dezembro de 2010, vocês tuitaram “nós queremos um agente que nos leve pro Brasil e Argentina! Por favoooor!!”. O que isso quis dizer exatamente: uma pequena piada ou o real desejo de tocar no Brasil. Quero dizer… Normalmente, bandas como o Eternal Summers, no começo de carreira, escolhem excursionar pela Europa e Esteites…

Nicole Yun: É estranho – nós percebemos que há muitos fãs e seguidores nossos do Brasil e Argentina. E temos notado também o interesse de promotores e rádios da América do Sul. É realmente empolgante quando pessoas de outros continentes estão interessados na música que você tá fazendo. É surreal! Mas, sim, estamos falando sério sobre nosso desejo de visitar o Brasil!

F-se: O que é preciso pra esse sonho se tornar realidade? O que os fãs brasileiros precisam fazer pra isso?

NY: Ajude-nos a achar um bom agente que nos leve a tocar alguns shows no Brasil!

F-se: Fale um pouco da história da banda até aqui: como vocês se encontraram e como começou o Eternal Summers? Apresentem-se aos fãs brasileiros.

NY: Eternal Summers começou como um projeto paralelo. Eu estava numa banda chamada Mommies que era uma synthesizer math rock band, mas nosso guitarrista teve que se mudar pro Texas (seu nome é Cameron Nelson, que dirigiu nosso clipe para “Pogo”). Eu escrevi algumas canções pop bem simples para um show de improviso, e eu e meu baterista na época fizemos algumas apresentações. Infelizmente, ele desistiu alguns alguns dias depois, então pedi pro Daniel o telefone de um amigo chamado Sam para ser o baterista e preencher a vaga temporariamente. Daniel decidiu que ele mesmo queria ser o baterista e nós ensaiamos e tocamos pro show. Ele nunca havia sido baterista em banda alguma antes.

F-se: O quão importante é a Internet e as mídias sociais para o Eterna Summers, e o quão importante é a Internet para promover as bandas hoje em dia? Você se preocupa com o que escreve no Twitter, por exemplo?

NY: A Internet é a única razão das pessoas nos conhecerem. Nossa música foi descoberta por blogues alguns anos atrás e realmente eles nos ajudaram a chegar a novos ouvidos. Mídia Social e Twitter são divertidos, embora seja bem difícil falar estatisticamente como nos ajudaram. Tenha certeza que ajudaram. O que dizemos no Twitter é aleatório e livre (…).

F-se: Vocês fizeram uma cover do Guided By Voices ano passado. É uma forte influência pro Eternal Summer: Como vocês receberam o convite e se juntara ao projeto?

NY: Nós amamos o Guided By Voices! O disco “Alien Lanes” (de 1995) é de fato uma grande influência para nós. Robert Pollard (líder do GBV) é um ótimo compositor de músicas curtas e interessantes!  Como banda, conhecemos um bocado de outra pessoas, de outras bandas e que dirigem selos, e encontramos esse cara (Dana Jewell), que nos colocou no projeto. Ele perguntou se queríamos participar e e dizemos sim!

F-se: Quais bandas que vocês ouvem que mais influenciam sua música?

NY: São tantas pra falar aqui! The Clash, Squeeze, Liz Phair no começo, Smashing Pumpkins, Wire, New Order…

F-se: Acho “Silver” um dos melhores discos de 2010. Foi o primeiro disco de vocês e não é fácil superar as expectativas criadas por um primeiro disco que mereceu tantas críticas entusiasmadas e relevantes. Como é o processo de composição de vocês e como ser melhor no próximo disco? Onde pegar inspiração pra isso?

NY: É difícil definir o processo de composição. Normalmente, tenho estalos de criatividade e escrevo três ou quatro canções de uma vez. Honestamente muitas das idéias são experimentos que Daniel e eu fazemos quando ensaiamos. Nossa inspiração é subcosnciente. Nunca dizemos “vamos escrever uma música nesse estilo”. O que surge naturalmente normalmente é melhor. Estamos crescendo e deixando mais intensas a estrutura das nossas músicas, e estamos mais confortáveis com nossos instrumentos, então o próximo disco deve mostrar isso. Se será melhor do que “Silver”… Não sou capaz de julgar.

F-se: “Pogo” é uma aposta certa para animar uma festa. Assim como “Dye” e “Disciplinarian”. Todas tem menos de dois minutos. Vocês acharam um tipo de “fórmula mágica” para deixar o público maluco?

NY: Seria legal se tivéssemos a “fórmula mágica”. Acho que ficamos ambos bastante excitados com a música e às vezes pendemos para o lado da ansiedade ou impaciência, então as músicas curtas se tornam uma grande parte do nosso repertório. Se as canções tem muita energia, por que esticá-la mais?

F-se: Sabemos que vocês são amigos de outras bandas, como o Reading Rainbow. Como é o contato diário com eles? Vocês trocam ideias, músicas, criam juntos?

NY: Não vemos nossos amigos do Reading Rainbow tanto quanto gostaríamos. Muitas vezes, quando ficávamos na casa deles, íamos todos ao porão e tocávamos juntos, improvisando e tudo o mais. Trocávamos de instrumentos. Rob, do Reading Rainbow, e eu tocamos numa banda juntos, então é bem natural colaborar com ele. Ainda pensamos num dia formar um supergrupo juntos!

F-se: Seus vídeos são muito simples. Eles são demais, mas é deliberado ou é porque  vocês não tem grana? Você vê o Eternal Summer fazendo um vídeo cheio de efeitos algum dia?

NY: Amamos a simplicidade, mas é porque somos pobres também. Os vídeos tem tudo a ver com esses dois fatos. Se um dia nós tivermos dinheiro para fazer um vídeo mais caro, tenho certeza que seria simples como esses.

F-se: O que conhece da música brasileira?

NY: Gostaria de conhecer mais. Os Mutantes. Astrud Gilberto. Deve ser isso.

F-se: O que esperar do Eternal Summer no futuro?

NY: Este ano esperamos lançar alguns singles sete polegadas, assim como um EP em abril!

F-se: Por fim, uma mensagem aos fãs brasileiros.

NY: Obrigado a todos por ficarem empolgados com nossa música! Queremos realmente visitar seu país e fazer alguns shows aí, e comer sua deliciosa comida! Por favor, ajude-nos!

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