Aidan Baker e sua a esposa Leah Buckareff estão de malas prontas pra uma série de shows no Brasil, em novembro e dezembro de 2013, com o Nadja e com Baker fazendo algumas apresentações solo (veja todas as datas, locais e preços aqui).
O Nadja começou em 2013, quando o canadense Baker (de Toronto) resolveu canalizar seus ímpetos barulhentos à guitarra, e ganhou rapidamente respeito, bem como a adição de Leah (em 2005).
Desde então, lança uma série de disco que vão do noise ao metal e ambient, experimentando texturas, drones, chiados shoegazers e improvisando bastante em cima do palco. Destaque pras parcerias, como com Tim Hecker e com o Spectrum; e pro disco de coveres, de 2009, “When I See The Sun Always Shines On TV” (você pode ouvir um bocado de obras aqui).
Embarcando pra Rússia, onde dá sequência à permanente turnê do Nadja, que é exatamente seu ofício desde que trocou o Canadá pela Alemanha como residência (“Nos mudamos pra Europa particularmente porque é possível pra nós trabalhar e viver como artistas aqui”), Aidan Baker aceitou responder essa entrevista por e-mail feita por mim e pela repórter Janaína Azevedo Lopes (graças a uma ponte feita por Pedro Oliveira, do I Buried Paul, também morador de Berlim).
Ele fala sobre os shows no Brasil, as bandas que vão abrir sua turnê, seus livros, uma possível parceira com Tim Hecker, que estará no país na mesma época (por festival Novas Frequências) e muito mais.
Prepare os ouvidos, Aidan Baker vem aí. Saiba, pois, o que esperar dessa turnê.
Floga-se: Vocês têm muitos shows marcados no Brasil em novembro e dezembro. Já entrou em contato com os fãs brasileiro ou se deu conta da receptividade que terão aqui?
Aidan Baker: Um número bom de pessoas se mostrou animada, então acredito que um bocado de gente irá nos assistir. Ou mesmo que não um monte de gente, mas uma receptiva e entusiasmada audiência.
F-se: Você disse, numa entrevista, que “a diferença entra o som do Nadja e a apresentação solo é o volume”. O que exatamente os brasileiros podem esperar dessas duas apresentações?
AB: Volume é a diferença principal, sim. As performances do Nadja são sempre sobre imersão e ambiente sonoro. Meu trabalho solo também incorpora essa noção, mas pode ser muito mais sutil, focado mais em detalhes e finesse, do que em peso ou num som grandioso.
F-se: Conhece algumas das bandas que vão abrir pra você no Brasil: Bemônio, Labirinto, Black Sea, Lühm e Deus Nuvem? O que conhece da música brasileira?
AB: A única banda que conheço é a Labirinto, embora algumas das outras nos enviaram mensagens e fomos enfim apresentados a elas. Devo admitir que meu conhecimento da música brasileira é bastante limitado… Exceto talvez por João Gilberto…
F-se: Vocês vêm ao Brasil no final de novembro, começo de dezembro, no mesmo período em que Tm Hecker estará por aqui. “Ghost Parastasie” é uma parceria celebrada entre você. Alguma chance de vermos os dois no mesmo palco?
AB: Não creio que estaremos na mesma cidade, no mesmo momento, infelizmente…
F-se: Alguns dos últimos discos do Nadja oscilam entre o shoegaze (“Dagdrom”) e drone (“Flipper”). Como criar um set dessa mistura? OU é tudo baseado em improvisação?
AB: Como temos muito material, normalmente preparamos alguns sets diferentes, que geralmente combinam diferentes elementos do nosso som. Temos muitas músicas que permitem seções de improvisação, que é uma importante parte do nosso set e contribui pra que adaptemos nossa música ao humor da audiência ou do local.
F-se: Além do Nadja, você participou ou está em numerosos projetos. Diga quais estão ativos no momento e como consegue mantê-los ativos?
AB: Tenho dois projetos de bandas em Berlim que estão regularmente ativos: Caudal e B/B/S/ e um par de outros projetos com músicos de Toronto: ARC, Whisper Room e Adoran, que ficam esporadicamente ativos, dependendo de coincidirmos de todos estarem na mesma cidade. Embora nós ainda trabalhamos em conjunto compartilhando arquivos online.
F-se: Ainda mora em Berlim, certo? Por que a decisão de se mudar: é algo relacionado com a música, já que a cidade tem uma vasta tradição musical?
AB: Sim, nós ainda moramos em Berlim. Nos mudamos pra Europa, pra Berlim, particularmente porque é possível pra nós trabalhar e viver como artistas aqui. Há, claro, umk bocado de música boa no Canadá, mas a população é bem menor e as distâncias são bem maiores. Excursionar lá é bem mais difícil do que na Europa.
F-se: Você também escreve, e recentemente lançou uma versão do seu livro no formato digital, junto com um disco. Como surgiu a ideia e como lida com essas duas atividades?
AB: Tenho escrito por muitos anos e publicado vários livros de poesia. Muitos deles estão fora de catálogo, então eu quis relançá-los digitalmente pra que eles continuem disponíveis. Foi escrevendo que encontrei um processo bem diferente do que na música, e mesmo havendo uma certa semelhança estética, o processo é bem diferente. Música é muito mais inconsciente e instintiva pra mim, enquanto escrever é mais trabalhoso e intelectualmente rigoroso pra mim…
F-se: E sobre a Broken Spine Prods, como funciona e ajuda com suas bandas?
AB: Broken Spine Productions é um selo que criamos pra lançar nossa própria música e de outros projetos artísticos – livros, por exemplo. Temos um bom relacionamento com os selos que trabalhamos ao longo dos anos, mas a principal razão de começarmos nosso próprio selo é ter maior controle sobre o lançamento e a disseminação da nossa música.
F-se: A última pergunta é na verdade um pedido: você poderiam tocar alguma canção do “Dagdrom” no show do Rio? Estaremos lá e é nosso disco preferido…
AB: Estivamos tocando a faixa-título na nossa turnê recente… Então acho que seria possível atender seu pedida, enfim!