ENTREVISTA: RUIDO/MM – NOISE PATROCINADO

“Introdução À Cortina Do Sótão” é de 2011. É o lançamento mais recente. Antes dele, teve “A Praia”, de 2008, e “A Série Cinza”, de 2004. Não que a ruído/mm (ou “ruído por milímetro”) seja uma banda devagar ou com pouca coisa a dizer. É que pro produto elaborado que esses curitibanos entregam – e com as exigências da vida – tudo fica mais difícil.

Aqui, não há a facilidade de produção em escala, como no apaixonante lo-fi da Transfusão Noise Records, por exemplo, nem mesmo a quebra de formalidades que tira da frente algumas barreiras, como no pessoal da Música Torta Brasileira.

André Ramiro (guitarra), Ricardo Pill (guitarra), Giovani Farina (bateria), Rafael Panke (baixo) e Alexandre Liblik (piano, escaleta), ainda por cima, moram em cidades diferentes. Os quatro últimos em Curitiba; André Ramiro, no Rio de Janeiro. Não é, definitivamente, fácil.

Se já é difícil pra uma banda cujos integrantes moram no mesmo bairro, tendo que arrumar tempo e grana, principalmente grana, pros ensaios, pros equipamentos, pros shows, pra gravação e prensagem dos discos, no caso da ruído/mm tudo fica potencializado. Os artistas brasileiros têm que se virar pra conseguir levar o sonho, o hobby, a diversão, a arte adiante. Não é pouco dinheiro se a ideia for entregar um produto de alta qualidade – um dinheiro a fundo perdido, sem retorno. Assim, pra mastodôntica maioria dos casos, viver disso, nem pensar.

Mas há uma saída. Uma saída polêmica, quando se trata de Brasil. Há os patrocínios provenientes das leis de incentivo, por exemplo. Tem muita gente que critica o tal “indie estatal”, por viver de editais e verbas de patrocínio, mas não são só os “indies sambinhas”, os artistas da Rua Augusta e afins que buscam essa saída. Grandes nomes, como Maria Bethânia, só pra ficar na história mais polêmica, também procuram essa alternativa, embora, diante de bandas do subterrâneo, seja uma necessidade suspeita.

A ruído/mm foi por esse caminho e conseguiu que seu noise-post-rock-experimental fosse patrocinado por uma lei de incentivo à cultura da cidade de Curitiba, a partir da Fundação Cultural de Curitiba, com apoio da Caixa Econômica Federal.

O que há de errado nisso? André Ramiro conversou com o Floga-se sobre o assunto: “acredito que a crítica é mais pra quem vive pendurado nisso. Até eu critico essas pessoas. Passamos num projeto na nossa cidade depois de algumas boas tentativas e corremos atrás do patrocínio sem usar ninguém de esquema – que a gente sabe que existe. Não vejo razão pra crítica”, diz.

Tranquilo quanto ao assunto, Ramiro falou sobre como foi conseguir o patrocínio, o que dá pra fazer com esse dinheiro, e como o artista pode ser responsável e ético no uso da grana pública (“é nosso dever fazer algo melhor do que já fizemos”). E, claro, entregou o pouco que há do disco até aqui.

Alguém imaginou que um dia o subterrâneo da nossa música torta e alternativa seria abraçado “pelo sistema”, com estampa oficial e tudo? Isso é uma vitória ou é o retrato do que é possível fazer nesse nicho, nesse nanomercado?


Todas as fotos desta entrevista por Walter Thoms

Floga-se: “Introdução À Cortina Do Sótão” é de 2011. De lá pra cá, a banda não lançou nenhum disco: o que está aprontando a ruido/mm nesse momento?

André Ramiro: Neste ínterim, realizamos alguns shows, lançamos videoclipes e começamos a planejar o novo disco. Como a banda não está toda na mesma cidade e o dia tem 18 horas ao invés de 24, as coisas possuem um ritmo mais lento mesmo. Em 2013, pipocaram inúmeros fragmentos de músicas. Nunca havia acontecido isso. Várias possibilidades de músicas a criar. Porém, com shows agendados, tínhamos que escolher entre criar ou ensaiar. Mas fazia parte. Depois que soubemos que nosso projeto passou numa lei de incentivo de Curitiba, com patrocínio da Caixa firmado no final do ano passado, o processo de disco novo entrou em produção acelerada. Pelo fato de eu estar aqui no Rio, o Pill e eu trocamos muitas gravações pelo computador. Estamos criando à distancia. Ele ensaia com a rapaziada e me passa idéias, contextos etc. Eu respondo com minha visão das faixas. É um processo diferente pra gente, porque desde “A Praia” (2008) nos acostumamos a fazer as coisas juntos, guitarra com guitarra. Estamos na fase final. As datas do estúdio estão fechadas. O lançamento também. Tudo sob controle sem medo do tempo (risos).

F-se: Pra quando está previsto esse lançamento? Já tem nome o disco?

AR: O nome daremos quando tudo estiver fechado. Devemos lançar em agosto, com dois shows em Curitiba.

F-se: Só você mora longe da banda? Como estão distribuídos hoje os integrantes?

AR: Quatro estão em Curitiba e eu no Rio. Só que a maioria das coisas envolvem o Pill e eu, seja administrativo, musical etc.

F-se: Como foi essa história da Caixa? Que tipo de patrocínio é esse?

AR: Fomos aprovados num projeto de lei de incentivo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Com o projeto aprovado tivemos que correr atrás de alguma empresa que apoiasse o projeto, repassando alguns impostos que seriam pagos à prefeitura, mas que poderiam ser utilizados no projeto cultural. A Caixa acabou topando em ser a única patrocinadora do disco.

F-se: E como vocês fizeram isso, essa aproximação com a Caixa?

AR: Antes de tudo é importante se organizar. Segundo, dentro da lei de incentivo municipal, que tem em várias outras cidades, algumas empresas já possuem um certo montante pra aplicar em projetos culturais. A Caixa é apenas uma das empresas. Mas pra passar na lei, demoramos muito tempo. Foram mais de seis tentativas e só agora conseguimos. Talvez por termos traçado um caminho mais longo, como shows no Brasil e com nosso disco saindo em boas listas… Isso pode ter ajudado já na aprovação do projeto. Depois é apresentar o seu produto pra empresa. Mostrar o que eles podem ganhar apoiando uma banda como a ruído/mm. Mais ou menos por aí. Acredito que há muitas oportunidades dentro dos governos. É importante entrar nestes projetos. Desta mesma forma, só que com a produção executiva da Verdura Produções, lançamos o clipe de “Petit Pavê”, com direção do Fábio Allon. Não houve custo algum pra banda. E isso agrega valor pra gente. E pra todos. Somos pequenos e sempre seremos. Temos que achar as pequenas oportunidades pra ganhar mais trinta a cinquenta malucos por ano, que gostam de som como a gente.

F-se: “Mostrar o que eles podem ganhar apoiando uma banda como a ruído/mm”… O que eles podem ganhar exatamente apoiando bandas do subterrâneo?

AR: As empresas ganham porque ao invés de pagar o imposto pra prefeitura, eles acabam ganhando uma publicidade no lançamento de uma obra. Seja ela qual for. O submundo, ao meu ver, é o local onde se concentram os principais formadores de opinião. A venda e a validade do projeto pra empresa depende de como se deve apresentar isso. Existem varias empresas e passamos por algumas outras, além da Caixa. A Caixa nos ajudou em 50%, inicialmente. Tínhamos que correr atrás dos outros 50%. Por sorte, o ruído/mm ganhou uma capa no principal jornal de Curitiba e foi nossa chance de ir buscar o patrocínio inteiro. Preferimos uma única empresa, um único logotipo no disco, nos cartazes etc. Eles aceitaram. E massa. Tem que correr atrás. Não tem muito o que fazer. A captação depende de como você apresenta o projeto. Por sorte temos um publicitário, um designer e um marqueeteiro na banda. Ajuda (risos).


F-se: O que esse patrocínio inclui? Vocês arrecadaram quanto dinheiro e pra quê exatamente?

AR: Nosso projeto contempla a gravação de um disco, utilizando um tempo bom em estúdio. Nada demais, pra falar a verdade. Vamos ter que correr pra fazer tudo. Além disso temos verba pra prensar mil CDs. Dentro do projeto vai sair um mini documentário das gravações. Ainda temos a montagem de um site. Basicamente é isso. A caixa deve ficar com uma parcela dos discos, assim como a FCC, como contrapartida, a qual ainda contempla dois shows grátis em Curitiba, em locais a serem definidos pela fundação. (pausa) Só em não gastar com estúdio, pra gente foi uma vitória. Tanto pro disco “A Praia” como pro “Introdução…”, tive que criar uma série de shows pra poder colocar grana pra dentro da banda. Nós nunca utilizamos um centavo dos nossos bolsos, mas todo o dinheiro que entra pra banda fica na banda (ri).

F-se: “Todo dinheiro que entra pra banda fica na banda”… De quanto estamos falando? É um dinheiro basicamente proveniente de shows? Qual o tamanho desse nanomercado da ruido/mm?

AR: Basicamente de shows. Inclusive dividimos as contas. Há grana de show e grana de CDs. Os CDs servem pra se pagar. Vende pra poder fazer mais e assim vai. É uma grana de giro que depende da venda pra continuar a existir. Shows, depende muito. Um cachê do SESC é bacana pro musico. Mas é um por ano. Mesmo assim tem impostos etc. Pequenos shows fazem bem em dois sentidos: você levanta grana, tipo uns 800 a 1000 reais por show, por exemplo, e deixa a banda afiada no palco. Mas como estamos longe, nossa média de shows não é lá muito grande. Finalizando esse papo, “A Praia” nos custou 2100 reais. “Introdução…”, uns 5 mil. E com essa grana a gente faz render. É o lance.

Ouça “A Praia” na íntegra:

F-se: Vocês prensaram e venderam quanto do “Introdução…”?

AR: Chegamos a prensar mil, mas depois de termos vendido umas 200 cópias. Talvez tenhamos chegado em 400 ou 500 vendidos. Mas te juro que não sei (risos).

F-se: Obviamente, não dá pra vocês viveram exclusivamente da ruido/mm, mas vocês já chegaram a pensar qual seria o ponto de equilíbrio pra que todos pudessem viver disso? Quanto seria preciso ganhar, quantos shows fazer e quantos discos vender?

AR: Já pensamos. Na real, penso nisso sempre, mas hoje é impossível. A banda tem cinco filhos pra criar. Está vindo mais do pianista. Pill casando… Teria que rolar uns 20 mil por mês pra dividir em sete: cinco músicos, um técnico e um produtor. Enfim… Outra coisa que acho boa, isso ao meu ver, é a música não ser trabalho. Ela é o poder de tirar você da rotina operária. Se tivesse que ser operário na música, aí eu ia jogar basquete ou algo do tipo.

F-se: Mas, colocando lenha na fogueira, o fato dela ser um hobby não deixa vocês menos preocupados de correr atrás pra viver disso? A obrigatoriedade, o fato de virar uma profissão, teria impactos criativos negativos?

AR: Olha, difícil te dizer porque nunca fiquei 100% engajado na música. Mas mesmo quando dei o máximo de tempo, achei ruim. A necessidade de vir idéias, de criar algo, de ter que gravar, de ter que tocar de novo… Isso é um pé no saco (ri). Falo por mim (não pela banda toda). Mas tenho um emprego que gosto demais. Se eu fosse músico profissional, provavelmente meu passatempo preferido seria estudar geologia. E tem outra coisa. Se você for casado e tiver uma banda com mais quatro cabeças, você acaba tendo cinco relacionamentos (risos). Pra viver de música tem que estar muito alinhado. Não acredito apenas na música. Existe a amizade, a irmandade e isso é difícil de manter quando você entra em embates. Então, sendo assim e sabendo do que é a ruído/mm e seu tamanho no todo, prefiro ser geólogo e usar o lado b da vida para abrir as distorções.

Ouça “Introdução À Cortina Do Sótão” na íntegra:

F-se: Falando um pouco sobre o patrocínio… Há críticos conhecidos de música (da grande mídia) que alfinetam o tal “indie estatal”, bandas e artistas que vivem pendurados em projetos de patrocínio e que só vivem assim… Como você receberia essas críticas se fossem direcionadas a sua banda, agora que vocês conseguiram um patrocínio?

AR: Acredito que a crítica é mais pra quem vive pendurado nisso. Até eu critico essas pessoas (ri). Temos dez anos de estrada e gravamos tudo por nossa conta. Passamos num projeto na nossa cidade depois de algumas boas tentativas e corremos atrás do patrocínio sem usar ninguém de esquema – que a gente sabe que existe. Não vejo razão pra crítica. Podem criticar se o disco ficar uma merda (risos) Você está falando mais sobre o Fora do Eixo, ou sobre os artistas grandes que conseguem verbas imensas e tal por lei Rouanet? Tem tanto esquema nesse mundo que a gente se perde um pouco… E eu não sei a história de real de ninguém. Só ouço falar.

F-se: Estou falando do que esses críticos vivem dizendo, que é desde viver de SESC até viver das Leis Rouanet da vida. E nesse caso, cabe a pergunta: até onde o Estado deve ou pode se meter no “mercado” de música?

AR: Rapaz, duro, hein? O grande problema é que não existe uma forma de chegar a um senso comum. Por exemplo, curadoria. Quem merece tocar em determinado festival? Em determinado SESC? Ou ser contemplado na Lei Rouanet? E quem escolhe isso? Se for uma bancada de músicos, quem toca mal se fodeu. Se a bancada for MPB, rock fica de fora. Se for só de rock, funk não entra. E assim vai… É uma fórmula que precisa ser melhorada sempre. Por outro lado, sempre tem as pessoas que favorecem outras por amizade etc. Isso acontece em tudo. E te digo que não sei se existe fórmula. As bandas menores, como a ruído/mm, devem se preocupar mais em fazer crescer a Vila. Escreve um projeto aqui e outro lá, tentar a sorte, alguém um dia pega o disco e curte e conseguiremos a brecha. Enquanto isso o lance é tocar nos bares, fazer a coisa fluir. Eu gostaria muito de vender uma série de eventos do ruído/mm pro SESC. Vender o evento em si: luz, palco, som e público. Rodar o país com estrutura seria lindo. Mas fica só a idéia…

F-se: “Rodar o país com estrutura seria lindo”… Isso não seria viver de música?

AR: (rindo) Não. Dez shows no ano, isso seria lindo (risos). Mas a opinião de não viver de música é minha, ok?

F-se: Mesmo assim, se fôssemos dimensionar, qual seria o tamanho da ruido/mm hoje? Vocês têm essa noção mínima que seja?

AR: Putz, em relação a quê ou a quem? Somos uma banda com pouco mais de duas mil curtidas no Facebook. Em Curitiba, tem mais gente que vai ao show pelo “nome” da banda do que pelo som. Em alguns lugares, nos assustamos, como Belo Horizonte. Outros, meia dúzia de cabeças nos assistiram. Eu considero a ruído/mm pequena. Mas, por sorte, acertamos alguns ouvidos de pessoas que realmente gostam de música. E pra mim isso basta. Prefiro um show com menos gente pra quem quer ouvir realmente ter espaço e silêncio pra curtir. Muito mais do que um show de balada com um bando de sem-noção esperando “100%” do Sonic Youth (ri). Mas às vezes uns malucos conversam conosco e sacaram tudo o que fizemos. Isso é bem legal. Existe alguma banda, tipo a gente, que seja média? Acho que todas são pequenas, até Hurtmold. Se eu perguntar pra metade dos meus amigos não-músicos, que não são ratos de novos sons, que curtem coisas legais… Eles não vão conhecer ninguém.

F-se: Um bocado de artistas brasileiros foi escalado pro Primavera Sound 2014. Passa isso pela cabeça de vocês? Seria uma boa e isso seria encarado mais como reconhecimento pelo trabalho ou como algum tipo de oportunidade por “um futuro” mais frutífero?

AR: Seria bem legal. Acredito em reconhecimento de trabalho, sim… Futuro frutífero eu já não sei (risos). Adorno já citava que quanto mais complexa a música, menor seu público. Em dez anos, conseguimos atrair duas mil pessoas, por exemplo (pra fanpage no Facebook). Vai demorar uns 500 ou 600 anos pra viver disso (risos).

F-se: A versão que vocês fizeram de “Índios”, da Legião Urbana, acabou repercutindo bem… Tanto que tem gente que já me disse “ah, essa é aquela banda que fez a cover da Legião?”. O que vocês acham disso, de ser reconhecidos por um público diferente daquele fechadinho no subterrâneo por uma música como essa? Como e por que a escolha dessa música especificamente?

AR: Foi sorte (risos). Tínhamos que tocar uma música, um cover, pro (site, do jornalista Lúcio Ribeiro) Popload. O Pill abriu o tema um dia e tentamos. Achamos uma estética legal e saiu a faixa. Eu não gosto de Legião. Talvez escolheria tocar algo diferente, como Black Sabbath, Ramones, sei lá. Em uma versão post-rock. Mas no final ficou bacana.

Veja a banda tocando “Índios”, da Legião Urbana, pra Popload:

F-se: Vocês acompanham o que falam de vocês na mídia? Já rolou alguma crítica negativa?

AR: Lembro, sim. Eu acompanho as coisas na velocidade que dá. Não são muitas coisas que saem, as críticas sempre estão mais próximas de eventos ou lançamentos de discos. Mas teve uma bem legal da Zona Punk, se não me engano, falando de um show nosso que não tinha nada demais, que já havia sido melhor (ri). Achei duca! Quando tocamos em Santa Maria também foi uma merda. Tudo deu errado, todo mundo mais louco do que batman… São Paulo, a mesma coisa, na Inferno… Época que tínhamos quatro guitarras, só maluco (ri). Tem gente que ainda acha que somos piazada (molecada)… No fundo somos mesmo, mas estamos mais concentrados (ri).

F-se: Como você percebe a mídia cultural hoje em dia? A “grande” e a “da Internet”? Em que ponto estamos?

AR: Pra mim é parecido com as bandas e tamanho delas, por exemplo. Existem sites especializados pra um público “x”. Sites pequenos que já completaram dez anos e continuam lá. Parece que hoje o desejo de quem faz se sobressai, já que você não precisa viver disso. E a grande mídia é a mesma coisa de sempre: vai comentar quem vende mais etc. Faz parte do mercado. Acho bacana a malha de distribuição de informação que os sites fazem. Isso é bacana, mas quem realmente para e lê a matéria, ouve a música e segue em frente?

F-se: É um cenário que se sustenta? Enxerga relevância na forma que o conteúdo é produzido hoje?

AR: Sim, se sustenta. Vejo pessoas mais preparadas pra resenhar um álbum do Herod, por exemplo. E quem gosta de Herod não vai esperar ler algo deles n’O Globo. No máximo vai ter uma chamada pra um show, mas uma matéria bacana vai ser onde o público se concentra. Então, a coisa meio que vira bola de neve e se sustenta.



F-se: Qual caminho que a ruido/mm vai seguir nesse disco? Tem a ver com o “Introdução…”? O que esperar?

AR: O disco novo é uma incógnita pra nós mesmos. Vou tentar explicar isso. “A Praia” demorou três anos pra ser lançado, mas foram três anos exaustivos. Trabalhando forte em cada música. Nos encontrávamos duas a três vezes por semana, tínhamos tempo, energia etc. Pra mim foi a melhor obra do ruído/mm. Se fosse melhor mixada e masterizada, a gente teria dado um gás a mais n'”A Praia”. O “Introdução…” veio de outra forma. A grande maioria das músicas eram composições da antiga formação e estávamos no mesmo ritmo de “A Praia”. Então, entrou o Panke e o Liblik e nos vimos em meio à necessidade de lançar o disco pra começar coisas novas. Pra termos um disco nosso mesmo. E aí o Panke comandou as máquinas de pré e pós-produção e conseguimos lançar o “Introdução…”. Bom, vou te dizer que o “Introdução…”, pra mim, passa… Mas o próximo disco vai ter as raízes do ruído/mm… vai voltar a ter noise, barulho, experimento, rock etc. Meu feeling. Nós temos o hábito de épicos, de mudar o tempo todo, de não repetir frases… talvez este disco venha contra isso e voltemos a explorar mais timbres, criações barulhentas etc. Voltar a pensar em tudo como uma orquestra. Bom, e por que a incógnita? Porque não há nada pronto. Temos fragmentos, idéias e muita conversa sobre a obra como um todo. Porém, temos até 20 de abril pra finalizar tudo.

F-se: Pra vocês, essa etapa de composição e criação é mais difícil ou mais prazerosa?

AR: Era pra ser prazerosa, mas está sendo árdua porque temos prazos, malditos prazos (ri). O mais legal de compor não era sozinho, era com a rapaziada, no meio da cerveja, apagávamos a luz do salão, três guitarras e ficávamos cinco a seis horas no mesmo tema, achando brecha pra soltar uma frase diferente etc. Hoje é em casa, bota os fones, faz um lance, manda, espera, acha que tá bom mas teu brother achou ruim, ou o que vc acha ruim e o outro acha bom…

F-se: É assim que tem que funcionar agora, pela distância e tals… Mas é assim que você vê a ruido/mm no futuro? Qual o futuro da banda? Digamos, daqui a dez anos…

AR: Não sei, sinceramente não sei. Só sei que esse tempo que estou criando em casa vai abrir espaço pra outros projetos. Espero que o ruído/mm continue a trilha que estamos traçando. Discos consistentes, melhorar musicalmente e tocar em alguns lugares quando der.

F-se: Que outros projetos estamos falando? Um disco solo?

AR: Possível. Algumas participações, já criei três faixas que posso lapidar pra um disco, mas vou fazer depois do disco do ruído/mm.

F-se: O que você espera de retorno com esse novo disco da ruido/mm? A Caixa e a FCC exigem algo concreto de resposta do público ou até mesmo financeira?

AR: Não, elas exigem a contrapartida. Acho que é questão de bom senso nosso fazer um trampo bacana. Estamos usando a grana que entraria pra prefeitura. É nosso dever fazer algo melhor do que já fizemos. Como retorno pro ruído/mm, teremos mais recursos para assessoria, mais discos etc. Deve vir coisa boa pela frente. Assim a gente espera. Senão não estaria mais nesse barco (risos).

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