A Espanha vai se livrar da crise em 2014. Pelo menos na visão otimista do ministro da Fazenda do país, Cristóbal Montor. “Nós espanhóis já pagamos muito dessa conta que foi a crise econômica”, disse durante debate organizado pelo Partido Popular no fim do ano passado. A taxa de desemprego chegou a 26,3%. Em dezembro de 2013, o índice no Brasil, segundo o IBGE, foi de 4,6%, o menor índice da série histórica.
Mas a crise pode ter dado uma força pro mundo pop espanhol. Sobretudo pro quarteto da Galícia, TRIÁNGULO DE AMOR BIZARRO. “Victoria Mística”, lançado em 2013 pela Mushroom Pillow, bateu no topo de algumas listas de melhores do ano passado. E não é exagero. O álbum é uma rajada poderosa de guitarras, melodias e referências ao melhor da música pop mundial, enroladas num sotaque castelhano impossível de resistir.
E a crise? “Afeta muito, como tudo, claro”, diz Rodrigo Caamaño, guitarra e voz do TAB. Curiosamente, foi nesse período de vacas pedindo penico que Rodrigo, Isabel Cea (baixo, voz), Rafael Mallo (bateria) e Zippo (teclado, guitarra) transformaram a banda em profissão. “Acho que na Europa vivemos uma época de colapso geral das instituições, uma espécie de perda de patrimônio cultural”, lamenta. E avalia que, num momento como este, a cultura é a primeira coisa que as pessoas abandonam. Juntos com Los Bónsais, La Habitación Roja, Elle Belga e Linda Guilala deixam claro que, mesmo pedindo penico, os espanhóis são gigantes na arte de fazer música pop.
“Victoria Mistica” é o terceiro álbum do TAB – sem contar “El Hombre Del Siglo V”, coletânea de demos lançada em 2007. No disco, colidem Jesus And Mary Chain com B-52’s. Fazem quase tanto barulho quanto o A Place To Bury Strangers, mas se aproximam mais da melodia de outros irmãos do time dos nomes compridos The Pains Of Being Pure At Heart. Receberam as bençãos de Sonic Boom, que produziu uma das faixas, e foram convocados por Kevin Shields pra abrir uma apresentação no México no fim do ano passado, cancelada por problemas de logística.
Por e-mail, Rodrigo passou pela história da banda, pelo que faz a cabeça dos integrantes, as idiossincrasias do rock espanhol, o porquê do lado místico presente nas letras, um terremoto que quase pôs fim a todo o trabalho de gravação do álbum e a confusão que o nome causa em fãs do New Order ao se depararem com o nome de um dos hits do grupo inglês batizando um quarteto da Galícia.
Floga-se: Fale um pouco sobre a história da banda. Vocês vieram de outras bandas? Se sim, em quais outras tocaram?
Rodrigo Caamaño: Isa e eu formamos o Triángulo de Amor Bizarro em 2006 com um amigo nosso que se chama Blas. Rafa e Zipo se juntaram mais tarde. Vieram de outros grupos de diversos estilos, desde o slowcore ao punk, mas nos conhecemos há muito tempo, dividíamos o local de ensaio na cidade de La Coruña. Tiramos o nome (da banda) de uma música do New Order, “Bizarre Love Triangle”, algo que muita gente ainda nos acusa e nos olha de modo estranho, já que formalmente não nos parecemos muito (com o New Order). Mas tudo bem, acho que o grupo faz o nome, e não o contrário. Em 2007, lançamos nosso primeiro disco e desde então não temos parado de tocar e de fazer todas as músicas que pudermos, embora tenhamos lançado apenas uma pequena parte. Lançamos, desde então, umas 35 músicas, divididas em três discos e algum single, que não parecem muitas, mas de que estamos muito orgulhosos, pelo menos da maioria delas.
F-se: Como estava a cena do rock na Espanha quando surgiram?
RC: Bem, aqui na Galícia, que é uma região um pouco isolada do resto da Espanha, bem ao norte de Portugal, não havia muitos grupos realmente, além de alguma cena local de rock and roll clássico ou heavy metal. Nós começamos bem antes de todo boom das redes sociais. Desde então se formaram muitas bandas, tanto na Espanha quanto na Galícia.
F-se: É natural que a região onde a banda nasce influencie, de alguma maneira, o trabalho produzido por ela. De que maneira a Galícia influenciou a música de vocês, o jeito como tocam, como compõem…?
RC: Sim, claro, por isso continuamos morando na Galícia em vez de irmos viver em alguma capital, que seria o mais lógico. A Galícia é um lugar bastante único. Não temos realmente muito a ver culturalmente com a imagem típica da cultura espanhola, as touradas, o flamenco e demais. Tampouco o clima é parecido com o arquétipo espanhol. Realmente talvez tenhamos uma cultura um pouco mais similar à portuguesa, por exemplo, incluído o idioma próprio do país (o galego) tem muitas raízes comuns com o português. Acho que nossa procedência é uma parte essencial do nosso caráter como grupo.
F-se: Apesar do nome da banda, em uma entrevista vocês disseram não serem necessariamente fãs do New Order. Vocês costumam ser considerados pelo que não são (uma banda entre o dance pop eletrônico e o rock) por causa do nome?
RC: Sim, de primeira, às vezes pessoas que não nos escutaram supõem que somos um grupo de pop eletrônico, por exemplo, e depois percebem que não somos nada do que pensavam, principalmente ao vivo. Gostamos do New Order, claro, mas não é um grupo que tenha nos influenciado de forma muito direta, mesmo que haja coisas que tenhamos presentes, como de todas as bandas, escritores ou artistas em geral de quem gostamos.
F-se: Como a crítica espanhola recebeu o disco “Victória Mistica”? E o público?
RC: Muito bem, estamos muito contentes com a recepção. Mais agora, por ser nosso terceiro disco, já que as pessoas e os jornalistas nos conhecem mais e podem perder algo tão supervalorizado na arte como o fator surpresa.
Vídeo oficial de “Estrellas Místicas”:
F-se: Como foram as gravações pro disco? Alguma história engraçada sobre o período de gravação, algo que não saiu como esperavam, ou que saiu do controle?
RC: Nós mesmos produzimos e gravamos o disco em nosso estúdio no fim de 2012. Fomos compondo as canções durante 2012. Foi um processo longo, já que vínhamos de gravar o “Año Santo” (Mushroom Pillow, 2010) muito rápido e quisemos fazer este disco de outra forma, mais pra variar, pra não repetir a fórmula. Mixamos com Manny Nieto (The Breeders, The Muslims, Darker My Love), um produtor de Los Angeles que durante o ano passado esteve radicado na China. Em uma das sessões de mixagem, houve um terremoto de 9 graus na cidade de Sichuan, e tivemos que repetir várias músicas. Realmente, em uma gravação, ou pelo menos nas nossas, elas nunca estão sob controle. Creio que é também parte do trato: se você tem tudo perfeitamente mensurado pelo melhor, está matando o rock’n’roll sem se dar conta. Na verdade, o próximo que gravarmos provavelmente faremos muito rápido e sem gravar demos, pra não manter nenhum método em particular, pra que o processo continue nos parecendo fresco.
F-se: Como foi gravar o single com Peter Kember, o Sonic Boom? Creio que o Spacemen 3 tenha sido uma influência pra vocês. Fale sobre essa experiência de gravar com ele: que tipo de lições e referências ele trouxe ao som do Triangulo que, sem ele, talvez vocês não encontrassem?
RC: Bem, foi fantástico, realmente, independentemente do resultado, aprendemos muito com ele. O principal, claro, é a forma como ele usou os sintetizadores, de uma forma muito orgânica, sem necessidade de sequenciar ou nada parecido. O que encaixou perfeitamente com o que vínhamos fazendo.
TAB e Sonic Boom em estúdio:
F-se: “Victoria Mistica” me parece uma evolução no trabalho do Triángulo. Sente assim também? Que diferenças você aponta entre esse disco e os anteriores?
RC: Com este disco, nossa vontade era jogar um pouco mais com os espaços nas mixagens, dar mais importância à voz da Isa e usar os teclados de uma forma um pouco mais melódica. É um disco feito com mais tempo, que não tem porque ser melhor nem pior, mas tínhamos claro que queríamos experimentar coisas que não havíamos podido nos discos anteriores.
F-se: Como foi o concerto com o My Bloody Valentine no México?
RC: No final, o concerto foi cancelado por motivos de logística do MBV; cancelaram sua turnê no México. Tomara que a gente possa fazer no futuro, o MBV é um de nossos grupos favoritos.
F-se: Como surgiu o convite para tocar com o MBV? Qual a reação do público mexicano ao concerto de vocês? Me parece que o Triángulo de Amor Bizarro tem um bom público naquele país.
RC: Bem, enviaram a eles discos de vários grupos e eles gostaram de nós, o que é uma honra, claro. Estivemos no México há algumas semanas (em dezembro de 2013) e foi muito bom, na verdade. Temos todos os nossos discos lançados lá, e isso te permite ser mais conhecido do que em outros lugares.
F-se: Vocês tocaram recentemente no Chile, mas não passaram pelo Brasil. E o Brasil, do tamanho de um continente, historicamente tem dificuldade de se relacionar com artistas de língua espanhola – mesmo sendo vizinho de vários deles. Entendem ser possível um dia romper com essa barreira linguística?
RC: Sim, nossa intenção é ir mais vezes à América do Sul e nos encantaria ir ao Brasil, claro. Nossa intenção é poder fazer uma excursão pelo Chile, Brasil, Argentina… É claro que, pensando no Brasil, há uma certa barreira linguística, mas também há muitas coisas em comum.
F-se: Vocês chegaram a receber alguma proposta pra tocar no Brasil, aproveitando a viagem à América do Sul? E em outros países, como Argentina e Uruguai?
RC: Não sei, mas é algo que a gente adoraria. Esta excursão que acabamos de fazer no Chile e no México nos encantaria estendê-la e visitar mais países, claro.
F-se: Há um festival no Brasil chamado El Mapa de Todos, cujo objetivo é estabelecer conexões entre artistas brasileiros e de língua espanhola – incluindo a região ibérica. Pude assistir o Sr. Chinaro há alguns anos nesse festival e entrevistar o Antonio Luque, conversar com ele sobre questões como essa barreira que impedem a conexão com artistas de língua espanhola. A Espanha costuma receber artistas brasileiros? Pergunto porque sei que, em Portugal, alguns artistas muito populares aqui também são populares lá, embora o contrário não seja verdadeiro.
RC: Sim, conhecemos (o festival), sobretudo a partir da visita do Sr Chinarro, já que temos o mesmo empresário. Seria estupendo, realmente. Além disso, acho que nossa música, apesar do idioma, poderia conectar muito bem. Na Espanha, muitas vezes somos criticados por não entenderem muito as letras, pelo barulho das guitarras que, ao contrário da linguagem, se entende em todas as partes do mundo.
F-se: O idioma espanhol está mais próximo do português do que o inglês, mas ainda assim, são poucos os nomes da música cantada em espanhol que são conhecidos no Brasil. Claro que é preciso levar em consideração a influência anglo-saxônica no universo pop e, por isso, às vezes há a impressão de que o Brasil tem mais coisas em comum com os Estados Unidos do que com países de língua espanhola, incluindo nações vizinhas – Argentina, Uruguai, Paraguai – e até mesmo com Portugal, de mesma língua e que colonizou o país. Costumam pensar sobre isso, fazer alguma avaliação sobre o porquê dessas barreiras encontradas entre países com idiomas semelhantes?
RC: Sim, e o melhor é que como existem muitas coisas em comum, geralmente não prestamos muita atenção. No mundo anglo-saxão, como o idioma é completamente diferente, suponho que talvez eles a vejam como a música do mundo, ou algo assim. O flamenco, por exemplo, é provavelmente a música aqui da Espanha mais internacional, provavelmente porque soa como algo completamente diferente do que eles costumam fazer. Aqui na Espanha, a música brasileira que chega é geralmente mais do mainstream, além dos clássicos da bossa nova, que são muito conhecidos. Suponho que no Brasil, aconteça um pouco o mesmo com a música daqui. De qualquer maneira, há mais gêneros internacionais, como o hardcore, o metal, por exemplo, com os quais algumas bandas brasileiras são conhecidas por aqui.
A banda tocando “De La Mano De Las Almas Oscuras” (do mais recente disco, “Victoria Mística”, de 2013), numa sessão ao vivo:
F-se: A Espanha tem grupos muito bons e parece ter uma cena muito rica. Que realidade vivem hoje, em termos de música, no país? O que a crise vivida por toda a Europa fez com a cena musical espanhola? De que maneira questões como o desemprego enfrentado no país e também em outros países alterou o modo de trabalhar de vocês e de outros artistas espanhois?
RC: Afeta muito, como tudo, claro. Acho que na Europa vivemos uma época de colapso geral das instituições, uma espécie de perda de patrimônio cultural recebidos por séculos. Dá a impressão que estamos entrando em uma grande decadência, como se o melhor da Europa já tivesse acontecido há séculos. Enquanto a impressão que tenho do Brasil, ou do México, por exemplo, é totalmente ao contrário.
F-se: Ainda sobre a crise que o país e a Europa enfrenta, assim como boa parte do planeta, há quem entenda que se cria arte melhor em momentos de maior sofrimento. De que maneira, o momento não muito favorável pro país tem ajudado na produção musical? Você consegue observar que, por causa do momento vivido, há mais sensibilidade e maior produção artística?
RC: Sim, o terreno é mais favorável, mas ao mesmo tempo está tudo talvez mais fechado pra tocar ao vivo. A cultura em geral foi uma das primeiras coisas que se estão abandonando com a desculpa da crise.
F-se: Pode citar algumas outras bandas espanholas que influenciaram vocês e outras que acreditam fazerem parte do mesmo cenário? Nomes como Los Planetas e El Inquilino Comunista ou Manta Ray estão entre as influências de vocês?
RC: Sim, sem dúvida, ainda que pertençam a outra geração. São grupos que surgiram quando a Espanha era um terreno baldio musicalmente falando, já que viemos de uma etapa grande em que dominaram os grupos dos anos oitenta, cada vez mais outonais. Estes grupos que você citou e alguns outros mais fizeram uma espécie de refundação da música pop na Espanha, que solidificou as bases pra música que se faz agora. Foi realmente nessa época quando se criou uma verdadeira infraestrutura que permitiu anos depois a grupos como nós desenvolver o que fazemos.
Na mesma sessão ao vivo, “Lo Hispano Marcha / La Banca Paga” (do mais recente disco):
F-se: A música espanhola mais tradicional influenciou vocês de alguma maneira, ainda que indiretamente? A música flamenca me parece muito intensa, muito passional, cheia de emoções fortes, como a dor, a angústia, amores partidos, algo que pode se aproximar do blues, ou mesmo do tango. Há alguma referência à música flamenca no trabalho de vocês, ainda que não aos elementos musicais, mas às emoções?
RC: A nós, em particular, não muito, já que na Galícia o flamenco não é um gênero nativo. Nós ouvimos, mas da mesma maneira que os outros gêneros vindos de fora. Por exemplo, a banda brasileira Sepultura, da qual sou muito fã, me influenciou muito mais do que Camarón (Camarón de la Isla, ou José Monge Cruz, cantor espanhol de flamenco), que gosto muito, porém mais agora do que quando era jovem. O folk da nossa geração é o pop e o rock’n’roll.
F-se: E quanto às demais influências? É possível ouvir elementos de bandas como Jesus And Mary Chain, Joy Division, Sonic Youth, ou mesmo My Bloody Valentine no som de vocês. O que ajudou a criar o som do Triangulo? Como essas influências são processadas e ajudam a estabelecer o som criado pela banda?
RC: Sim, todos esses, claro, sem dúvida. Mas toda a música que a gente gosta nos influencia de uma maneira ou de outra. Agora estamos fissurados no Hawkind (primeira banda do Lemmy, do Motorhead), por exemplo.
F-se: Me parece que temas místicos estão entre os preferidos de vocês. Em canções com “El Hino De La Bala”, ou “Y A Brillar”, ou “Enemigos Del Espiritu”, ou os títulos dos álbuns, como “El Ano Santo”, ou mesmo “Victoria Mística” e em musicas desse disco, me parecem que tratam de temas místicos de uma maneira a fazer também crônicas do comportamento humano. É isso? Quem escreve as letras e como surgem as ideias para elas? Se consideram místicos, religiosos ou supersticiosos?
RC: Não somos religiosos, ou pelo menos não somos cristãos. Gosto de toda a parafernália, sempre de um ponto de vista pop, isso sim. No fim das contas, é algo que apenas sai, sem pensar muito. É algo que está muito presente praticamente em todo o mundo, embora de formas diferentes, e simplesmente refletimos, embora acredite que somente de uma forma iconográfica e, tentamos, com algum humor. Realmente, nosso tema central, as ideias que tratamos nas canções, não tem nada a ver com religião. São coisas mais terrenas.
Ouça “Un Rayo De Sol” (do “Victoria Mísitca”, de 2013):
F-se: Costumam compor juntos, fazendo jams, ou separados? Ha alguma maneira que funcione melhor pro Triángulo?
RC: Pra nós, funciona bem variar. Quer dizer, tentamos usar muitos métodos diferentes pra compor. Às vezes fazemos canções juntando todos em um estúdio sem ideias pré-concebidas; às vezes temos as coisas mais fechadas e trabalhamos de formas mais metódica; às vezes o que fazemos é dedicar muito tempo pensando nas ideias pra depois moldá-las mais rápido. Pra nós é importante as origens diferentes de cada canção, já que é o que mais ajuda a diferenciar algumas coisas de outras. Não nos importa chegar ao mesmo final se o caminho é diferente.
F-se: Aqui no Brasil, bandas que fazem um som mais barulhento, como é o caso de vocês, raramente saem do meio alternativo. Em praticamente todos os casos, os músicos não vivem da música – possuem outros empregos e levam as bandas como hobbies. Me parece que, neste momento, na Espanha, Triángulo não é necessariamente uma banda indie, mas também não me parece que tenham chegado ao mainstream. Em qual patamar vocês entendem que estão neste momento dentro da música feita na Espanha?
RC: Na Espanha, acontece um pouco a mesma coisa. Nós só agora vivemos exclusivamente da música, embora eu não saiba por mais quanto tempo. Realmente não creio que seja um estado que possamos manter indefinidamente. Na música, claramente o sucesso independe do que você faz, tem mais a ver com modas e a promoção do que com outra coisa. Mas sim, acredito que estaremos fazendo música indefinidamente, de um jeito ou de outro, vivamos ou não disso. Nosso objetivo é fazer as melhores canções que pudermos, e aprender e melhorar usando a música como meio de expressão. Realmente o importante é isso, a música. Se é apenas por dinheiro, evidentemente há um milhão de trabalhos melhores e mais sossegados pra cabeça.