ESQUIZOFRENIZANDO #1: THE DEAD SUPERSTARS

Se por um lado a mídia brasileira foca suas lentes e insere suas fichas persuasivamente sobre a mente pouco seletiva e subversiva da juventude que atualmente movimenta o mercado fonográfico nacional, através de bandas que degeneram e difamam o que um dia já pôde ser chamado e classificado fervorosamente como “indie”; por outro, os porões e garagens perdidos país adentro continuam a todo vapor, produzindo e abrigando verdadeiras obras-primas perdidas, mesmo que pra um pequeno e entusiasta grupo de pessoas que ainda busca e acredita na música como simples fórmula de escape pro dia-a-dia, ou uma forma de apreciação sem esbarrar nas bizarrices apelativas abrasileiradas que nos são bombardeadas nos dias atuais.

Assim, trago este quarteto diretamente do Recife, chamado THE DEAD SUPERSTARS, e seu mais recente trabalho intitulado “Summer”, pra orgulhosamente dar início ao meu trabalho junto ao Floga-se, na nova coluna “Esquizofrenizando”.

Se ainda podemos classificar algumas bandas brasileiras dentro do tão defasado termo “indie”, certamente João Eduardo (guitarra e voz), João Penna (guitarra e voz), Poliana Ojima (baixo e voz) e Rafael Borges (bateria) são alguns dos representantes mais genuínos neste quesito. Eles exasperam um culto pessoal despretensioso de guitarras ruidosas sobre melodias simples, dando a fãs de Yo la Tengo, Teenage Fanclub, Pavement, Dinosaur Jr., Sonic Youth e The Pastels um verdadeiro presente, com ligações diretas aos nomes mais brilhantes das décadas de 80 e 90.

O EP “Summer”, uma pérola de cinco canções certeiras lançado em fevereiro deste ano (embora tenha sido todo gravado em 2008), é sucessor de “Orange Girls In The Blue City”, o primeiro trabalho da banda e lar de belíssimas canções como “Autumn Nights”, “Electrotank” e “Teleport”, lançado em 2006, através do selo pernambucano independente Bazuka Discos, o mesmo responsável pelo segundo trabalho (e disponibilizado oficialmente com exclusividade, à época, no blogue amigo Hominis Canidae).

Se em “Orange Girls In The Blue City”, o clima segue torto e repleto de dissonâncias, em “Summer”, a simplicidade é acentuada (mas jamais deixando as guitarras como figurantes) e a beleza segue presente, embasando um momento sublime sobre a carreira do quarteto e colocando seu nome entre algumas das obras de maior relevância pro underground nacional.

É um disco pra ouvir do início ao fim repetidamente sem hesitar. “No”, “Christmas”, “Red”, “#21” e “Weird” são as amostras pungentes de uma banda que consegue dar passos firmes mesmo sobre um terreno completamente tortuoso, fazendo-nos acreditar que a música sincera e simplista ainda é um dos caminhos viáveis pros ouvidos e corações. Ainda há, sim, qualidade no rock independente brasileiro, mesmo que em menor escala e longe dos holofotes massificados e hypados pela mídia.

Vídeo da música “Autumn Nights”:

PERFIL

The Dead Superstars
Cidade – Recife (Pernambuco)
Formação – 2002
João Eduardo – guitarra e voz
João Penna – guitarra e voz
Poliana Ojima – baixo e voz
Rafael Borges – bateria
Contato – Facebook

DISCOGRAFIA

Álbum – Orange Girls In The Blue City EP
Selo – Bazuka Discos
Lançamento – 2006
Tempo total – 23 minutos e 40 segundos
Pra baixar – Trama Virtual

1. Autumn Nights
2. Electrotank
3. Aerowillys
4. On/Off
5. Like A Mouse
6. Teleport
7. Socks

Álbum – Summer EP
Selo – Bazuka Discos
Lançamento – 25 de fevereiro de 2011
Tempo total – 15 minutos e 9 segundos
Pra baixar – Trama Virtual

1. No
2. Christmas
3. Red
4. #21
5. Weird

Al Schenkel é a mente criativa do Starfire Connective Sound e editor do blogue Sussurros e Escarros.

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