Em 2015, o Festival LAB está de volta. Depois de dois anos sem dar as caras na agenda cultural alagoana, ressurge repaginado e com um formato mais enxuto.
O único fator que se mantém é a falta de apoio financeiro. É tudo feito na marra, com aquela paixão natural em um empreendimento faça-você-mesmo (seja uma banda, um site, um livro, um festival, um show).
Na edição desse ano, há a volta do uruguaio Franny Glass, apresentando seu novo disco, “Planes”, de 2014, além dos alagoanos Marinho e Mayash e do projeto Guaiamum, de Daniel Ribeiro (guitarra da Hoping To Collide With e dos recentes shows da Herod).
Conversei com Victor de Almeida, um dos organizadores do LAB, sobre essa volta, as dificuldades e o novo formato do festival, que chega à quinta edição – marca considerável pra um festival totalmente independente. A entrevista você lê aqui:
Ouça o primeiro EP do Mayash, “Madnesscent”, de 2015, na íntegra:
Floga-se: Pra começar, a pergunta básica: por que 2013 e 2014 não tiveram Lab?
Victor de Almeida: Por várias situações. O grande problema de fazer um festival desse tamanho, num estado como Alagoas, é justamente a viabilização de tudo. Ou você assume que vai pra guerra e “seja o que Deus quiser” ou você vai ficar correndo atrás de pequenos apoios pra tentar pagar uma coisinha aqui e outra ali. O que é muito, mas muito, desgastante numa cidade como Maceió. Nunca tivemos um fundo de cultura ou editais pra eventos na área de música aqui. Assim, a gente tinha meio que desistido da ideia de fazer outros festivais, principalmente, do jeito que vínhamos fazendo. Até que esse ano, tendo uma conversa com Taynara Pretto, minha companheira de aventuras na produção do LAB, decidimos tentar fazer algo menor pra gente voltar, fazer alguns shows e rever os amigos de sempre. Estamos fazendo novamente tudo do nosso bolso, estamos indo pra guerra novamente e “seja o que Deus quiser”.
F-se: Fazer tudo do bolso de vocês é admitir que é a “fundo perdido”?
VdeA: Não consideramos “fundo perdido”. Talvez, nessa dimensão que a gente trabalhe a gente não tenha como “fazer muito dinheiro”, ou tirar um salário, algo do tipo. Nunca tomamos prejuízo com o festival, mas também nunca fomos remunerado à altura pelo trabalho. Mas acho que aí também é uma opção nossa de ficar nesse tamanho, de trabalhar com as bandas que trabalhamos, na dimensão que trabalhamos. Sem vitimização, sem mimimi. Todos trabalhamos com outras coisas além do festival, isso é muito mais um lance pessoal do que profissional. No final das contas, se der prejuízo, e o evento for bacana já valeu demais. Isso é, de fato, importante pra todos nós.
F-se: Que tipo de apoio vocês já tiveram em outras edições e quais apoios têm agora?
VdeA: Dificilmente aqui rola grana. Geralmente, fazemos permuta com a casa, com uma hospedagem, essas coisas. Esse ano, posso dizer sem medo que o maior apoio veio dos nossos amigos mesmo. Tipo pessoas como o Daniel Hogrefe, que está com a gente desde o começo, e o Bruno Nunes, que fizeram as artes do festival; Felipe Guimarães e o pessoal do Centro Cultural Arte Pajuçara, local onde faremos o show; o Neems; que vai fazer as projeções de palco durante os shows. Uma coisa que ficou bem clara nessa “volta”, é como recebemos diversas colaborações de pessoas ligadas ao festival de algum modo.
F-se: Quais as principais mudanças do festival esse ano?
VdeA: A principal mudança é o tamanho. Está bem mais enxuto. Duas atrações por dia em dois dias seguidos. Outra coisa é que vamos realizar os shows numa sala de cinema, algo que sempre quisemos. Mas, em ideia, tudo segue um pouco a nossa aposta no novo. Por exemplo, das quatro atrações desse ano, posso dizer sem medo que serão quatro shows inéditos. Tanto o Guaiamum, de SP, quanto o Marinho, aqui de Alagoas, ainda não estrearam ao vivo. O Mayash, banda daqui de Maceió também, vai fazer o segundo show da carreira. O Franny Glass vai ser acompanhado por uma banda local. Estamos bem ansiosos pra ver tudo pronto.
F-se: Mas o Fanny Glass já participou do festival, não?
VdeA: Sim, mas ele veio solo (em 2012). Dessa vez, ele toca com banda o show do disco novo.
Vídeo oficial de “El Amor Anda Suelto”, de Fanny Glass, tirado do seu mais recente disco, “Planes”:
F-se: O critério de escolha dos artistas foi essa aposta no novo?
VdeA: O critério sempre foi o nosso gosto mesmo. As bandas que tocam aqui são bandas que nós ouvimos. Acabamos dando uma certa preferência ao que é novo. Esse ano, mais ainda, porque todos estão lançando ou pra lançar discos.
F-se: Qual o público esperado?
VdeA: Não sei muito bem projetar esse tipo de coisa. A sala tem 160 lugares. Não é muito grande. Confesso que não sei muito o que esperar, até pelo espaço de dois anos sem realizar shows.
F-se: Há atividades extras às musicais?
VdeA: Esse ano não. Apenas os shows.
F-se: O sucesso desse ano é o que vai garantir a edição de 2016? O que vocês considerariam “um sucesso”?
VdeA: Não necessariamente o “sucesso” desse ano garante o ano que vem. Uma vez ouvi o Elson (Barbosa, baixista) falando que a Herod, pra ele, era um “hobby levado a sério”. Acho que encaramos o festival da mesma maneira. Se ano que vem tivermos condições de fazer tudo de novo, faremos com certeza. Acho que só das coisas estarem acontecendo e as pessoas minimamente se interessarem, já é uma perspectiva de sucesso pra gente.
FESTIVAL LAB 2015
Quando: dias 20 e 21 de março de 2015
Onde: Centro Cultural Arte Pajuçara
Endereço: Galeria – Travessa Doutor Antônio Gouveia, 1113 – Pajuçara, Maceió – AL
Horário: 22:00h
Dia 20 de março: Guaiamum (SP – às 22:00h) e Mayash (AL – às 23:00h)
Dia 21 de março: Marinho (AL – às 22:00h) e Franny Glass (Uruguai – às 23:00h)
Ingressos (por dia): Lote 1 – R$ 15,00 (meia) | R$ 20,00 (entrada social, com um quilo de alimento) | R$ 30,00 (inteira)
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