FISH MAGIC – SKY HIGH

“Sky High” é o segundo disco do Fish Magic de Mário Quinderé. O lançamento é dia 2 de dezembro de 2016, via a icônica midsummer madness. O trabalho foi produzido por Quinderé e Régis Damasceno, guitarrista do Cidadão Instigado.

O álbum sucede “Songs From The Night Shift”, lançado em 2015 e que entrou na nossa primeira lista dos 50 discos pra ouvir de graça naquele ano.

Ao ouvir o disco que pela primeira vez – e primeiras audições são sempre especiais e cruciais – reafirmo a sensação que tive ao ouvir pela primeira vez “Songs From The Night Shift”: a Fish Magic é uma banda deliciosamente reconfortante.

Em “Sky High”, porém, a banda está ainda mais afiada – no caso, como banda, entenda mesmo só Quinderé, que é o faz-tudo aqui. Todos os méritos a esse cara que consegue fazer no Brasil uma música pop tão universalmente florida, adolescente e ensolarada (tanto quanto lotada de melancolia, às vezes).

Ele compõe e canta em inglês. Os chatos poderão reforçar aquela velha e batida discussão de quase trinta anos atrás (a época do Pin Ups fazendo barulho como um Jesus & Mary Chain nacional) sobre banda brasileira não poder cantar em inglês. Mas Quinderé poderia cantar e poetizar em francês, japonês, aramaico ou javanês que tanto faz. O que importa no pop do Fish Magic é justamente o pop: a facilidade de absorção das ideias pelo ouvinte, a acessibilidade não forçada ou travestida de algo mais (por exemplo, “atitude”, como se vê nas falsas divas estadunidenses). É um pop no sentido de poder ser popular, mesmo que o mercado não permita e no final das contas não vá ser mesmo.

Quinderé compõe canções como “Blue Light”, com uma ambientação noturna, que podia estar na discografia de um Simple Minds dos final dos anos 1980, ao mesmo tempo em que faz “Nightspoting”, dançante e delicada. Ele eleva o indiepop sem pretensões.

É claro: curtir esse disco é mais fácil pra quem gosta de indiepop, esse estilo inofensivo tanto quanto amplo o suficiente pra embarcar nomes e músicas dos mais variados, de Strokes a DIIV (imagine a gama de gente que você pode colocar aí no meio só pesquisando dez minutos nas Pitchforks da vida!). É um disco pra quem não procura nenhuma salvação na música. Pra quem não quer destruir o sistema ou peitar o estabelecido. É pra quem quer só ouvir balançando a cabeça esvaziada de todos os problemas.

As onze canções têm esse poder. De bate-pronto, não há destaques, e eles aparecerão, com certeza, já que “Sky High” um tanto que se autoconvida a novas e repetidas audições. Poderia apostar na “The Red Desert”, que os fãs de Wilco vão abraçar com carinho, mas o tempo pode criar surpresas.

O disco tem participação especial de Laura Lavieri, diretamente ligada a Marcelo Jeneci, na bela “Landscape In The Mist”, e foi gravado no estúdio Clássico Botafogo (a casa de Quinderé, no Rio de Janeiro), mixado na Fábrica de Sonhos, pelo sempre presente Bernardo Pacheco, e masterizado por Alexandre Fontanetti no Space Blues.

Ouça: fará seu dia melhor:

01. Blue Light (clique aqui pra ouvir)
02. Into The Ocean
03. LCD
04. Back To Nowhere
05. Nightspoting
06. Landscape In The Mist
07. The Red Desert
08. Ten Past Nine
09. The Saddest Sun
10. Until The End Of The Town
11. Across The River

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