GHOST HUNT – GHOST SESSIONS

Pedro Chau e Pedro Oliveira formam o Ghost Hunt, banda portuguesa, de Lisboa, que gravou apenas três músicas – só três! – e conseguiu me impressionar de tal forma que tive que falar com eles.

As três músicas em questão são “Shallow End”, “Space Race” e “Port Cities” que fazem parte do que eles chamam de “Ghost Sessions” (atualizado em 2016 pra “Home Recordings (Demos)”), que nem pode ser compreendido como um “EP” ou “single” porque são ainda exercícios, ensaios.

São canções hipnóticas que lembram muito um Kraftwerk ainda pré-Radioactivty (um tanto lado B de “Autobahn”), um kraut viajante e delicioso.

Pedro Chau conta como foi o início desse início: “aconteceu tudo de forma muito natural! Eu e o outro Pedro (Oliveira), que fomos colegas de liceu nos anos 90, nos reencontramos depois de alguns anos, após um concerto do grupo punk rock The Parkinsons, onde eu sou baixista também, e numa conversa durante a noite manifestamos uma certa vontade em tocar algo diferente daquilo que já tínhamos tocado no passado – o Pedro Oliveira foi também guitarrista de alguns projetos no passado, tendo mais tarde começado a experimentar com música eletrônica, synths analógicos e drum machines. Passados alguns meses, em 2014, o Pedro me convidou pra ir a Lisboa tocar com ele e ver no que resultava, com total liberdade, mais num clima de experimentação! Aceitei com grande entusiasmo e imediatamente logo nesse primeiro encontro, fizemos duas composições que nos deixaram motivados pra continuar a fazer mais! Após dois ou três ensaios surgiu mesmo a ideia de criar um projeto musical.”

Sobre a referência que pareceu óbvia nas duas músicas, Pedro Chau tenta ampliar o horizonte: “entendo que algo possa lembrar Kraftwerk, eles são sem duvida uma ótima referência e um grupo de enorme importância pra nós, mas essa aproximação não é de forma alguma propositada porque as nossas referências vão muito além deles”.

Ouça na íntegra:

Ele lembra que a música é algo em constante construção e que o Ghost Hunt está tão no começo que é impossível definir o que vai acontecer num futuro próximo. “Estamos ainda no nosso início com o projeto e descobrindo e testando o que podemos conseguir fazer. Estamos vivendo uma fase inicial muito boa, não sabemos pra onde vamos, apenas temos um grande prazer em tocar. Já também ouvi gente nos comparando com bandas que nem conheço, cada pessoa tem a sua percepção baseada naquilo que ouve e gosta. Possivelmente outras músicas nossas podem lembrar outros grupos. As nossas referências são muita variadas, algumas são mais explícitas e outras nem tanto, desde o rock psicadélico do final dos 60’s até o techno, absorvemos muita música, sinal dos tempos em que vivemos”, diz Chau.

Não há ainda nenhum disco cheio ainda em vista, apenas essa demo, que surgiu por conta de um show que a banda se viu disposta a encarar – precisava de material próprio, por pouco que fosse. Mas Chau avisa que há músicas suficientes pra gravar um álbum, a dupla só vai esperar uma oportunidade certa pra fazê-lo, afinal lá como cá não é fácil pra uma banda do subterrâneo. “Ir a um estúdio seria ideal, mas ainda não temos suporte financeiro pra isso. O objetivo é continuar a ensaiar, preparando sempre as músicas pra podermos tocar ao vivo”, avisa.

O grande desafio do Ghost Hunt é o Reverence Valada 2015, um dos festivais mais bacanas que o mundo oferece (veja aqui uma lista de festivais que você precisa conhecer), onde a banda vai dividir o palco com The Horrors, Sleep, Acest, Amon Düül, Echo Lake e um bocado de outras coisas legais.

O entusiasmo de ambos com essa oportunidade sugere que a banda pode engrenar. Embora ambos estejam na faixa dos quarenta anos de idade – o que muita gente pode achar além da conta pra uma banda iniciante – eles não são novatos e sabem das dificuldades do início de uma carreira musical, de modo que chances como o Reverence precisam ser agarradas. “Sempre tivemos bandas, mas nunca vivemos de música; não sei se consigo fazer uma análise concreta da cena musical portuguesa, sei que não é fácil, há muitas bandas que desistem outras que vão tocando quando podem. Portugal é um país pequeno e os circuitos são limitados”, ressalta.

Tal como cá é lá, como se nota.

Além das canções da demo, a banda foi a um programa de rádio em Portugal e mostraram ao vivo uma outra. Você pode ouvir nesse link (a partir dos 77 minutos).

1. Shallow End
2. Space Race
3. Port Cities

Veja aqui um vídeo do primeiro show do grupo:

Foto: Vitória Galão

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