“Esse álbum é dedicado ao meu querido amigo João Marcelo Custódio, levado pela Covid em 23.03.2021. Façam coisas lindas e dediquem às pessoas que vocês amam enquanto elas ainda estão por aí e por aqui. Obrigado por ouvirem minha música. cuidem-se”: Gimu apresenta a dor em “An Outburst, A Yell”, disco lançado em 3 de maio de 2021, pelas mãos da Música Insólita.
São sete músicas de um Gimu um tanto mais “agressivo” e barulhento, como acontece na reta final do álbum. Em entrevista ao site do Música Insólita, ele revela que o disco “é tão amargo quanto os dois anteriores (em 2020, ele lançou “The Realm Of Higher Things”, que você ouve aqui; e “Susurrus”, que você ouve aqui), que tiveram todas as razões do mundo pra serem amargos. Engraçado que no finalzinho dos toques finais desse disco eu me senti meio mal por fazer música tão amarga, soturna. Puxa vida! Olha a merda que o mundo está! Olha o que o Brasil virou! A gente precisa de luz, né? Muita luz!”.
Ele alerta, de um jeito bem sincero, para o caso do ouvinte não estar bem, não ouvir o álbum: “escolha algo ensolarado. Se não tiver medo, então manda ver. Com o álbum já quase terminado, um amigo muito querido morreu de covid. A cabeça girou. E vem aquilo de ‘devia ter feito algo pra ele enquanto estava vivo’. Que merda! O mundo fica mais sem graça sem João Marcelo por aí. Uma música do álbum é pra ele, a de título quilométrico, que é o refrão de uma música do Jimmy Somerville. João me mostrou essa música anos atrás e a amei de cara. Derramadíssima! Nossa cara. Quando fui ver a letra… sabe quando você pensa ‘puta que pariu…’ como pode fazer tanto sentido nesse momento’. Pois é”.
Gimu refere-se a “For A Friend”, que o Communards, banda do Somerville, lançou em 1987 (ouça aqui).
Já se ouve e lê comentários sobre o “fazer arte sobre a pandemia” como se não se devesse. Justo o maior acontecimento da nossa geração (maior do que a queda do Muro de Berlim, se isto for da sua geração), que só encontra paralelo na II Guerra Mundial. Quanto mais, melhor. É pra fazer. Isso ajudará a humanidade e se entender, a compreender como chegamos até aqui, os erros principalmente.
A dor pessoal ajuda, porque a dor da humanidade é o somatório das dores de cada indivíduo. Numa explosão, Gimu expôes o grito de sua dor. E nenhuma dor é agradável.
1. Adjusting To Gloom
2. It’s There In The Distance
3. Oil-lit Twilight
4. Em Uma Só Voz
5. As I Watch The Sun Go Down, Watching The World Fade Away, All The Memories Of You Come Rushing Back To Me
6. Deathly Climb To Another Valley Of Nowhere
7. The Lair Of A Killing Despair