GIMU – DAD WAS A JOVIAN BIRD, ALL GOES TO DARKNESS, AND THEN​.​.​.

“Dad Was A Jovian Bird; All Goes To Darkness, And Then​.​.​.” é o segundo disco do Gimu em 2017, dessa vez lançado pelo selo The Committee For Sonic Research, do Reino Unido (o primeiro foi “No Longer Fire. Now Marble. Now Cold”, de janeiro).

“Dad Was A Jovian Bird…” oferece duas suítes, uma de dezesseis e outra quarenta e cinco minutos. O selo chama apropriadamente Gimu de “escultor de sons”, o que, se em todos os seus discos parece perfeito, aqui (ou dependendo do seu humor ao ouvir qualquer criação dele) é pra ser sublinhado.

Certa vez, um amigo questionou-me, diante de minha empolgação com a obra de Gimu, se eu me dava conta de que ele poderia estar fazendo sempre a mesma música, só alterando trechos, velocidades, extensões, o que é de fato, a qualquer ouvido, uma questão que se apresenta relevante. Não sei dar uma resposta ou, por outra, nem sei se é preciso dar uma resposta. Os discos do autor são contemplativos, não de exaltação ou adoração. São, como se costuma chamar, “paisagens sonoras” pra apreciação.

É como, no mais raso dos clichês, sentar-se num canto da praia e ficar apreciando o pôr-do-sol. Você contempla, não questiona se foi melhor ou pior do que o anterior ou o da semana passada.

Mesmo assim, vale ressaltar que não, Gimu não faz a mesma música por discos a fio. E nem precisa de um olhar apurado sobre a obra: há discos soturnos, contemplativos, darkgaze, minimamente dançantes, há de tudo dentro da mesma linha condutora, o que é um feito diante da prolífica criação dele.

Este trabalho, em especial a segunda faixa, com sua construção do clímax, mostra um “escultor de sons” que sabe exatamente onde quer chegar desde o primeiro segundo.

Dizem que pra qualquer texto, o autor precisa começar pelo fim e ter em mente o começo, o desenvolvimento e o fim. A música de Gimu é assim, explodindo no nascimento de uma grande criação. É o nascimento do universo em cada nota.

1. Dad Was A Jovian Bird
2. All Goes To Darkness, And Then…

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