“Conheci o Christian a partir do trabalho dele como realizador dos clipes do Zumbi do Mato, banda da qual fiz parte. Temos mantido contato há alguns anos, e ele já utilizou algumas de minhas gravações como trilhas para seus filmes. Visitei a exposição Foto-Celular em 2010; naquelas imagens evocativas, percebi a perfeita continuidade ao conceito de álbum de piano/foto, que iniciei na mesma época e teve o primeiro lançamento em ‘Perspectives’, com Ian Land (2011). Fiquei feliz que ele tenha aceitado o convite, pois as fotos dele inspiraram algumas das minhas melhores peças de piano”, disse Gustavo Jobim, no descritivo do seu novo disco, “Stream”, assinado em parceria justamente com Christian Caselli.
O disco é o primeiro após “Manifesto”, de maio de 2013, tema da coluna “Esquizofrenizando”, de Al Schenkel, onde Jobim deu uma entrevista exclusiva.
“Stream” tem lançamento (independente) marcado pra 13 de agosto de 2013 e traz Gustavo Jobim ao piano. Apenas.
Ao Floga-se, contou mais sobre a ligação umbilical com os “álbuns de piano” anteriores, o “Perspectives”, piano e foto, de 2011; e o “Nocturnes”, de 2012: “‘Stream’ é sucessor direto deles, é quase como uma trilogia; é uma continuação da minha busca por uma linguagem musical própria, coisa que o piano proporciona bem porque é livre de outras preocupações (timbres, efeitos, arpejador etc). o ‘Nocturnes’ foi planejado como o álbum totalmente solo em continuação ao ‘Perspectives’, e o ‘Stream’ foi pensado como a retomada do esquema multimídia (piano/foto). Isso significa que o próximo álbum de piano pode ser totalmente solo ou talvez com outro tipo de associação a fotos ou vídeos talvez, caso surja essa possibilidade”, conta.
Mas não é exatamente uma continuação dos trabalhos citados: “a música não foi feita como continuação, mas o projeto dos álbuns é o mesmo. Pra essa série, eu poderia usar outro nome, atribuir a um selo fictício ou criar um selo, mas prefiro ter todo o meu trabalho com o meu nome mesmo. O ouvinte e a pessoa que visita meu site vai saber que tipo de trabalho é cada lançamento”.
Sobre a participação de Christian Caselli, que assina o disco junto com ele, Jobim esclarece: “eu o convidei a participar e nós combinamos os detalhes: selecionei algumas fotos do catálogo da exposição foto-celular dele, que eu tinha visitado; ele me enviou estas imagens em alta resolução, com mais algumas outras da escolha dele. Desse conjunto, escolhi aquelas que mais invocavam uma história ou uma música. Além disso, cada imagem já vinha com título, que foi aproveitado no álbum, com algumas exceções onde fiz pequenas mudanças. Desse conjunto, também selecionamos a foto de capa e criamos juntos a montagem espelhada que ilustra a capa. Foi esse o tal dia que ele veio aqui e ouviu as peças que gravei, história que ele conta no encarte. No mesmo dia, chegamos ao título do álbum, adaptado do título de uma das fotos – um título bastante interessante, bela coincidência. A música ficou com cara de início de disco, e o nome também caiu bem – chamar um álbum de ‘Stream’ hoje em dia tem tudo a ver com a situação de baixar o disco. Baixar e ouvir”.
Ele completa: “é tanto um álbum de fotos quanto um álbum de música; a participação do fotógrafo é crucial pra criação musical, sem aquelas fotos, aquelas músicas não seriam feitas”.
Conceitualmente, porém, o disco poderia apresentar um problema, já que nos dias atuais, quando só se baixa a música, sem relação física com capas e encartes, textos encadernados e afins, um trabalho multimídia desses acabaria renegado a segundo plano de importância.
Mas Jobim explica que houve essa preocupação de não se diluir o conceito no formato digital: “se o cara baixar pela Internet, ele terá o encarte em PDF com as fotos, o mesmo encarte em alta resolução pra imprimir ou exibir em tela grande e cheia em alta qualidade. Além disso, cada faixa tem associada no Bandcamp sua respectiva foto, de maneira que se você tocar determinada faixa no Bandcamp, você verá a imagem; e se você ouvir estas faixas num player, as imagens vêm inseridas na tag dos arquivos de áudio, de tal modo que um player que leia essa tag exibirá essa imagem. Portanto, na descrição do álbum na pagina do Bandcamp, eu sugiro que se clique no titulo de cada música pra ver a foto dele”.
As seis fotos, uma pra cada canção, formam o mosaico que abre essa matéria. Faça o exercício no formato digital (a obra não terá versão física) e entenda a experiência proposta pelos dois artistas.
1. The Stream
2. White Flag
3. Fire In The Mud
4. Farewell
5. Push Moderately
6. The Light
Ouça na íntegra:
[…] Ainda houve tempo de desenvolver um projeto inovador: um disco solo de piano (Stream) que serve como trilha sonora de um projeto fotográfico assinado por Christian Caselli. Lançado agora em 13 de agosto, Stream é sequência de outros discos feitos com o mesmo instrumento: Perspectives (2011) e Nocturnes (2012). “É uma continuação da minha busca por uma linguagem musical própria, coisa que o piano proporciona bem porque é livre de outras preocupações”, disse Jobim ao Floga-se. […]