Se um dia Page Hamilton precisou provar alguma coisa a alguém certamente esse dia já dorme em alguma página da história. E é fato que esse dia não foi 28 de julho de 2011, quando o Helmet subiu ao palco do Beco 203, na Rua Augusta, em São Paulo. Ali, Hamilton e seus asseclas estavam pra se divertir, levando junto uma plateia ruidosa e exalando testosterona.
A audiência, lotada, bebericava e exibia uma farta coleção de tatuagens e lembranças dos anos 1990, quando o Helmet apareceu, com uma hora de atraso.
Guitarras, baixo e bateria sincronizados como sempre, e um desfile de hits de discos já clássicos como “Meantime” (1992) e “Betty” (1994). Por “hits” entenda isso mesmo: de tocar em FM e MTV. Os anos 1990 eram assim, permitiam esse tipo de coisa. “Unsung”, o maior desses hits, apareceu sublime na primeira do bis, com um coro de cidadãos de três, quatro décadas nas costas. Coro essencialmente masculino – havia poucas mulheres por lá. Pra maioria, valeu a noite.
Mas não só “Unsung”: “In The Meantime”, fechando a noite, “Wilma’s Rainbow”, “Tic” e “Exactly What You Wanted” também ganharam auxílio de algumas dezenas de vozes. Os mais sensíveis podem ter se arrepiado.
O melhor do Helmet é o sincronismo da guitarra de Hamilton com a cozinha. Paradinhas perfeitas, peso em bloco, vocais secos, bateria destrutiva. Tudo isso estava lá. Pra quem perdeu a banda nas duas primeiras vezes que esteve no Brasil (em 1994, no auge, em 2008), certamente não se arrependeu, porque todos ali, assim como o Helmet, queriam apenas se divertir, com o nível de exigência dentro dos padrões de sanidade.
Assim, uma bela noite se fez. O Helmet cumpriu seu papel e se divertiu, deixando qualquer preocupação estética, musical ou artística na história; e o público da mesma forma, soltando a voz e trazendo de volta memórias da juventude.
Por isso, por shows como esse, que o Helmet não precisa aprovar nada a ninguém: a banda já mora nas histórias de vida de muitas pessoas.
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Veja a banda tocando “Tic”:
As fotos deste post são de Bea Rodrigues e você pode vê-las completas (elas estão editadas aqui) e muitas outras no maravilhoso site We Shot Them, clicando aqui.
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Seu texto está primoroso! Sou mais sensível e quase me arrepiei…
hehehehe. Arrepio-me com vossos elogios!
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