HOOKWORMS – MICROSHIFT

Na semana do Natal de 2015, o Rio Aire, o maior da região de Leeds, Yorkshire, na Inglaterra, foi afetado com as fortes chuvas e transbordou como não acontecei a um século. O aguaceiro afetou as casas, comércios e bairros da região marginal. Muita gente ficou no prejuízo. Uma delas foi Matthew Johnson, dono do Suburban Home, estúdio que vinha se tornando um dos mais requisitados da região. O estúdio, inundado, deu perda total.

Johnson teve que publicar nos jornais locais pedidos de contribuições pra que ele pudesse reformar e fazer renascer o estúdio. Conseguiu. Em 2016, o Suburban voltou reformado e revigorado, e todo o trabalho pôde ser retomado, inclusive o novo disco de sua própria banda. Matthew Johnson é o MJ do Hookworms, uma das preferidas aqui da casa, cujos dois primeiros discos entraram nas listas de melhores do ano (em 2013 e em 2014 ).

Com o estúdio voltando à ativa, finalmente a banda conseguiu gravar o terceiro disco. Chega em 2 de fevereiro de 2018 “Microshift”, via Domino Records, sucedendo “The Hum”, de 2014 (leia e ouça na íntegra aqui) e “Pearl Mystic”, de 2013 (leia e ouça aqui).

Pra DIY Mag, MJ disse que recebeu por telefone o alerta de inundação, mas só teve tempo de chegar ao estúdio e salvar pouca coisa, materiais que estava produzindo à época. “Pavimentos danificados, tapetes, móveis, cabos, portas, eletrônicos, além de redecorar e ter o estúdio profissionalmente seco e desumidificado”, tudo isso foi o trabalho que MJ teve.

Talvez por isso “Microshift” seja tão diferente de seus antecessores. Ou, como diz, o anúncio: “esqueça tudo o que você sabe sobre o Hookworms”. “Negative Space”, o primeiro single e música que abre o disco, começa como um Kraftwerk oitentista, até as teclas eclesiásticas pedirem espaço e o ouvinte perceber que o Hookworms, aqui, raspou a sujeira e se direcionou ao pop, soando algo como um LCD Soundsystem.

“O título do disco tem a ver mais que só com o plug-in de áudio que MJ regularmente usa”, diz a banda. “Também pode ser um eufemismo da narrativa de três anos que trouxe mudanças nas circunstâncias, influências e da nossa evolução subseqüente”.

Ouça “Negative Space”:

A produção é do próprio MJ, que parece se aproximar desse pop, dessa “evolução”, como um renascimento que abre os olhos pra outras formas de entendimento do mundo. A questão é se essa virada vai convencer os fãs de primeira hora.

1. Negative Space
2. Static Resistance (clique aqui pra ver o vídeo)
3. Ullswater
4. The Soft Season
5. Opener
6. Each Time We Pass (clique aqui pra ver o vídeo)
7. Boxing Day
8. Reunion
9. Shortcomings

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