I KILL KANE

“Começamos a gravar o primeiro lançamento do I KILL KANE em casa (como praticamente tudo que fazemos), no final de 2010. Lançamos o single ‘Collapses’ (com duas músicas inéditas, ‘Jim’s Collapses’ e ‘Bad Seeds’) e, após divulgação, fechamos com a Transfusão Noise Records pra lançar essas músicas e as demais que estávamos gravando, em CD, nos moldes dos lançamentos da Transfusão. Tudo lindo! Durante as gravações, porém, mais precisamente em janeiro, nossa avó faleceu (minha e da minha irmã Qué, baterista do IKK). Já estava sofrendo muito, descansou. Quando estávamos começando a retomar nossas vidas do baque, com as gravações, mixagens e montando a arte do CD, mais precisamente na Páscoa, uma pessoa maravilhosa e incrível, faleceu. Voei para São Paulo (somos de Curitiba) pro enterro. Exausta, no dia seguinte ainda em SP, recebi uma ligação dizendo que meu pai havia sido baleado. Não, você não tá lendo uma história contada no programa do Datena… Me despenquei pra Curitiba”.

O relato acima é a apresentação emocionada que Rety (vocal e guitarra) fez do I Kill Kane, uma das bandas mais “enigmáticas” pra mim do novo cenário nacional. Enigmáticas porque conheço há um tempinho e nunca soube o porquê de nunca ter visto tanto alvoroço por aí, ou, por outra, por causa dos nomes dos integrantes, ou por causa da ligação delas com a Karen Koltrane, a rádio virtual que ouço com certa frequência, criada na raça por Rety e Qué.

“Ele foi baleado após sair de um restaurante. Um tiro no ombro e outros dois na barriga. Ele ainda aguentou 40 dias, os piores 40 dias das nossas vidas. Após seis cirurgias, acabou falecendo. O mundo veio abaixo… Nosso pai era nosso herói: médico, professor de matemática e o pai mais incrível que alguém pode ter tido na vida. Pois é, ano trágico talvez seja apelido…”: uma explicação lógica e bastante compreensível pro “não-aparecimento” da banda em tudo quanto era lugar.

Ouça o EP “Collapses” na íntegra:

A I Kill Kane é de Curitiba, formada em 2008 por Rety (vocal e guitarra), Rafael (vocal e guitarra) e Qué (bateria). Sim, não há baixista. A banda tentou, mas nenhum deu certo e eles resolveram seguir assim. “Somos amigos de longa data e estamos desde 1996 envolvidos com música. Viemos das bandas Whir e Sustress, tocamos juntos no Laura’s Problem e durante esse período dividimos o palco com Superchunk, Trail Of Dead, Bambix, Ira!, Garotos Podres, Pin Ups e muita gente boa Brasil afora. Lançamos no mundo todo muita coisa com essas bandas”, lembra Rety.

Com a sucessão de tragédias, era de se esperar o contrário, que ficassem reclusas, num processo de autopiedade e auto-alimentação de algum tipo de depressão, mas Rety diz que a solução foi outra, “a música… essa é a cura!”: “começamos a tocar em casa mesmo, por pra fora o que sentíamos, as mesmas músicas de sempre, mas com novos sentimentos; foi então que veio a idéia do projeto, como não conseguíamos sair da toca, vamos mostrar para todos a nossa toca”.

O “projeto” a que ela se refere é o “In The Room”, uma série de vídeos e músicas que a I Kill Kane vai lançar. Todos idealizados, filmados e editados por Qué: “a cura: a música; a lógica: o trabalho; a fé: em nós mesmos”.

O teaser do projeto:

A primeira é “11:11”, lançada nesse 11/11/11:

“’11:11′, desde que começamos a gravá-la, queríamos algo especial no 11/11/11. Então, unimos o útil ao agradável. Lançamos o teaser do projeto com a ’11:11′, como degustação do que vem pela frente”, explica Rety.

Já deu pra perceber que as referências da banda vão de Sonic Youth (a mais evidente) e Pavement aos momentos góticos do Cure, o que é justificável. Além de “11:11”, já há mais três ou quatro canções gravadas ao vivo, no próprio quarto das irmãs e filmadas com várias webcams: “Não temos pressa. Vemos o lançamento dessas canções como parte do nosso processo de cura”.

Com tudo isso, o trio jamais tocou ao vivo. Mas essa urgência em se fazer ouvir, em expor emoções, vai, certamente, extrapolar MP3, quartos e youtubes, pra ganhar palcos por aí. Torça pra que em breve seja num palco perto de você.

Leia mais:

Comentários

comentários

4 comentários

  1. Muito bom, gostei bastante, prínpalmente de ‘I’m sick and i miss you’, só falta fazer um show ao vivo ein, Rety!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.