“Com uma postura bastante intimista nas composições, o grupo acaba encontrando uma forma peculiar de comunicar-se com o público. Na ausência de voz, o ouvinte é naturalmente convidado a imergir num amplo universo sensorial, contemplado em todas as músicas até aqui compostas. Trata-se de uma sensação parecida com a gerada pelas trilhas sonoras de cinema, mas aqui é oferecida uma metafórica tela branca, onde cada indivíduo pode criar significados próprios”.
Vamos ser sinceros: fica difícil superar esse parágrafo em termos de assertividade pra se falar dos pernambucanos da KALOUV. O texto está na apresentação da banda no site do Sinewave, selo que lançou em novembro de 2011 o primeiro disco do quinteto, “Sky Swimmer”.
A Kalouv foi formada em 2010 por Saulo Mesquita (guitarra), Túlio Albuquerque (guitarra), Bruno Saraiva (teclados), Basílio Queiroz (baixo) e Rennar Pires (bateria). Não há vocal, como você percebeu.
O quinteto não precisa exatamente desse “sexto instrumento”. Sua música, costurada linha a linha pra ser a “metafórica tela branca” que vai inserir o ouvinte no universo sensorial da banda, dá à Kalouv uma vaga entre os melhores do alternativo brasileiro: música experimental, inteligente, que convida o ouvinte, inteligente na mesma envergadura, a participar do processo de construção do significado.
Não é uma tarefa fácil. Quem se debruçar em “Sky Swimmer” encontrará um pop-jazz vistoso, moderno (“Zéfiro”, esbarrando na MPB), por vezes barulhento, desinibido e sagaz (principalmente em “Beni”, por ser simplista e curta, quebrando a exuberância de “Agripa”), mas terá que se empenhar pra desvendar as intenções da banda. Vale a pena os esforço, mesmo que se incline ao cansaço em algumas passagens. Não se entregue.
Até porque você precisa chegar a “Avec…?” e sua esbórnia inicial. Essa é a faixa que melhor exemplifica o que me agradou na Kalouv: a baderna guitarrística a la Mogwai (não vou cair na tentação de tentar comparar ou achar ligações umbilicais) e a facilidade com que a banda ilude o espectador com suas curvas ascendentes e descendentes. “Ressonance” é a assinatura final, com estilo – a música mais bonita do disco.
Há muitas qualidades em “Sky Swimmer”, mas a impressão é que a Kalouv pode fazer melhor – e ao vivo deve ser mesmo mais intenso. Um excesso de boas intenções permeia o disco, intenções que melhor domadas podem causar um resultado ainda mais contundente. Estamos diante de uma banda que ainda precisa ajudar o espectador a ajudá-la.
Pra baixar o disco de graça, clique aqui (direto ao site da Sinewave).
1. Agripa
2. Beni
3. Zéfiro
4. Sky Swimmer
5. Avec…?
6. Ressonance
7. Waves
Ouça na íntegra:
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