LCD SOUNDSYSTEM EM SÃO PAULO – 18/2/2011 – COMO FOI

Antes de qualquer nota, vamos parar com esse papo de “o adeus do LCD Soundsystem em São Paulo (ou no Rio de Janeiro, ou em Porto Alegre)”. O resenhista poderia fazer um favor ao leitor: o LCD não veio aqui ao Brasil “pra se despedir” de ninguém. Despedida, despedida mesmo vai rolar em 2 de abril, lá em Nova Iorque, pros fãs dos Esteites.

O que rolou aqui não foi uma despedida – as pessoas podem até pensar assim, mas não foi. Aqui, James Murphy e companhia só fizeram mais um show. Foram convidados a tocar no Brasil, aceitaram a grana proposta e cumpriram o contrato. Pronto, foi isso. Guardem seus acenos, seus “tchaus”. Quem fez isso, curtiu uma noite e tanto.

Quer dizer, corta a parte do lugar. A Warehouse/Pachá é o pior local pra shows em São Paulo, talvez do Brasil. Pode até ser um arroubo de exagero, mas deu pra entender: calor pra cacete, lotação acima do que a inteligência permite apontar como “humana”, longe de qualquer metrô, de qualquer linha de ônibus que leve a algum lugar central (o que permitiu a taxistas roubos descarados nas corridas, e aos maurícios e patrícias que dominaram o lugar debochar mais uma vez da lei, ao dirigirem chapados) – e ainda num horário sem nexo. Sim, os produtores de shows no Brasil continuam chutando pra longe a lógica de respeito ao consumidor. Aqui, as palavras show e balada se confundem.

O LCD Soundsystem subiu ao palco por volta da uma da manhã (exato, uma da manhã – o show terminaria às três e tanto). Para quem não estava preocupado com o trem das onze e mandou umas pra cabeça, facilmente se divertiu à beça. Porque um show do LCD Soundsystem é um puta show.

James Murphy (que, repito, não tinha lágrimas nos olhos, não teve taquicardia, nem estava preocupado em se despedir de ninguém) mandou algumas das suas melhores composições, como a matadora sequência inicial (“Drunk Girls” fez o mar de cabeças suadas parecer uma onda: pular, pular, pular).

“I Can Change” e “All My Friends”, uma das músicas mais perfeitas da história, ganharam coro e dancinhas mais contidas, enquanto a loucura de “Losing My Edge” e “Home” desafiaram o cansaço de todos.

Pode até ter sido o última apresentação ao vivo do LCD Soundsystem em São Paulo, e pode até ser que em Nova Iorque tudo chegue ao fim, mas por aqui sua missão foi muito bem cumprida.

01. Dance Yrself Clean
02. Drunk Girls
03. Get Innocuous!
04. Daft Punk Is Playing in My House
05. I Can Change
06. All My Friends
07. You Wanted A Hit
08. Tribulations
09. Movement
10. Yeah
11. Someone Great
12. Losing My Edge
13. Home
14. New York I Love You But You’re Bringing Me Down

Veja como “All My Friends” resumiu tudo:

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