O selo El Genio Equivocado define a banda como “reminiscências de grupos de riot girls, algo de The Fall e de Velvet Underground, do indie dos 80s e 90s; ruidosas e íntimas, são canções lentas, guitarras pontiagudas e cadências pesadas, com teclados dos 60s”. Mas, veja, você pode resumir tudo isso num quadro mais simples (ou moderno, ou recente), chamando a LES SUEQUES de “Warpaint da Catalunha”.
Faz sentido, embora não seja algo assim tão óbvio, já que Blanca Lamar (vocais, baixo), Tuixén Benet (guitarra, vocais de apoio), Raquel Tomàs (teclados, teremim, tamborim) e Pau Albà (bateria) imprimem da sua terra natal, a ainda espanhola Catalunha, uma pegada crua dos anos oitenta, revisitando uma certa aura de mistério que o pós-punk bem sabia lapidar.
Se a batida inicial de “Beix” lembra um pouco das paixões sonoras do Strokes, o âmago da canção se apega à urgência que remete aos Muffs. “Ningú” vem na sequência e tudo muda, com aquele teclado sujo e uma certa desaceleração; velocidade que se recupera com a experimental “Monstre”, simples, viciante e propositadamente tosca, cujo protagonista é o teremim.
Assim começa o ótimo “Cremeu Les Perles”, primeiro disco do quarteto, que ainda vai, sim, brincar de The Fall (“Terrorista”, uma das melhores), The Pastels e, com boa vontade, dá pra perceber também certa influência do Velvet. Nas doze músicas (uma delas, intitulada como reticências, “…”), o quarteto mostra erudição indie e pop, em boas misturas que podem causar estranhezas (como o choro em “Són De Mi”). Na maioria delas, o ouvinte brasileiro mais saudoso talvez imagine uma Mercenárias desacelerada.
O disco foi lançado em 20 de março de 2013, com produção de Cristian Pallejà e masterização de Javier Roldón. Sucede ao primeiro EP, homônimo, de 2011.
Ouça na íntegra e, mais abaixo, alguns vídeos tirados do disco:
01. Beix
02. Ningú
03. Monstre
04. Mirall
05. Són De Mi
06. Geboren
07. Ramon
08. S.F.
09. Ganivets I Forquilles
10. Robot
11. Terrorista
12. …
Veja o vídeo de “Monstre”:
Vídeo de “Terrorista”:
Foto que abre o post: de Ray Molinari.
falando de warpaint, curto mais o som das brasileiras Ema Stoned –
https://emastoned.bandcamp.com/