RESENHA: NO JOY – GHOST BLONDE

“A melhor banda de todos os tempos”. Palavras de Bethany Cosentino, em seu Twitter oficial. Do jeito que o Best Coast anda prestigiado, isso já bastaria para colocar o NO JOY nas manchetes de veículos de música independente. Mas a banda mereceria atenção de qualquer maneira. A ajuda de Cosentino só foi decisiva – pra comprovar o poder do hype.

Antes de tudo, é preciso dizer que esta não é a melhor banda de todos os tempos. Cosentino é só mais uma pós-adolescente que adora o superlativo (o da moda ultimamente é o “ever”) pra resumir e definir seus sentimentos momentâneos, na falta de argumentos mais embasados – ou pra tirar um sarro mesmo. Por outro lado, também é preciso dizer: o No Joy é uma boa banda, sem dúvidas.

Nascido entre o Canadá e Los Angeles, com a dupla de garotas Jasmine White-Glutz e Laura Lloyd, em 2009, o No Joy tem até uma mistura um pouco mais atraente que a banda da dita fã: é um surf-grunge-shoegaze, gravita em torno do My Bloody Valentine, Sonic Youth, Lush e afins. Por aí, dá pra imaginar.

A história começou com a dupla mandando música pra lá e pra cá, em busca de espaço. Com a ajuda de Cosentino, do cast da Mexican Summer, amiga de White-Glutz, a gravadora/distribuidora ouviu o No Joy no MySpace e resolveu abrir a guarda: estava diante de uma banda promissora.

Em menos de um ano, a dupla gravou “Ghost Blonde”, o primeiro disco (lançado em 16 de novembro de 2010, nos Esteites), reverberando suas guitarras chiadas e seu peso psicodélico para além da badalação entre amigos do meio.

O sete polegadas que chamou atenção tinha “No Summer” e “No Joy” e foi produzido por Graham Van Pelt (do Miracle Fortress) você ouve abaixo:

No Joy 7" Cover Art

Foi um pulo para “Ghost Blonde”. Aqui, a banda, já como um quarteto, foi além. O disco foi produzido por Sune Rose Wagner, do Raveonettes, que aumentou os ruídos e acelerou um tanto a bateria (o que não quer dizer muito, já que velocidade não é o objetivo aqui). Fez diferença. O No Joy tomou “cara de banda” e demonstrou no palco do que é capaz, hipnotizando a plateia, ao mesmo tempo que faz bater cabeça.

“Ghost Blonde” é um baita disco, em todas as suas dez faixas.

A primeira que foi liberada gratuitamente, “Heedless”, com sua microfonia marcante, dava o tom, ao estilo de “Loveless”, do My Bloody Valentine. Um belo cartão de visitas:

Já o primeiro single, “Hawaii”, que ganhou um clipe sensual-quase-erótico (aqui, em ambas as versões, a curta e a longa), namora com o Sonic Youth:

“You Girls Smoke Cigarettes?” é um punhado de ironia contra conservadores, banhado em microfonia, uma digna sinfonia de guitarras:

Essa mistura não poderia passar desapercebida, embora, aqui no Floga-se, a gente tenha demorado um pouco, tentando escapar do hype o que, aparentemente, foi inevitável. A badalação pode ter sido decisiva, só que o ouvinte esperto irá perceber que não foi gratuita. Acariciando o que melhor foi feito nos anos 1980/1990 em termos de chiadeira de guitarras, o No Joy pode se sentir orgulhoso que fazer parte do mesmo time, nem que o hype se esgote daqui a uma semana, com a próxima “melhor banda de todos os tempos”.

Olha o serviço:
01. Mediumship
02. Heedless
03. Maggie Says I Love You
04. You Girls Smoke Cigarettes?
05. Pacific Pride
06. Hawaii
07. Indigo Child
08. Still
09. Untitled
10. Ghost Blonde

Data da lançamento (EUA): 16 de novembro de 2010
Gravadora: Mexican Summer
Produtor: Sune Rose Wagner
Tempo total: 37 minutos

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Comentários

comentários

3 comentários

  1. […] relevantes do que o padrinho. Quando Bethany Cosentino, da Best Coast, disse que a No Joy era a “melhor banda de todos os tempos”, uma superlação títpica dos adolescentes em tempos …, de 2010, valeu como aviso pra que todos prestassem atenção a essa banda meio californiana […]

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