NOEL GALLAGHER NO ESPAÇO DAS AMÉRICAS – COMO FOI

Ame ou odeie. Com o Oasis é assim, e não poderia ser diferente com Noel Gallagher. Mas o questionamento é em menor grau, há mais condescendência com o considerado crânio do Oasis. Seu disco-solo, “Noel Gallagher’s High Flying Birds”, de 2011, ganhou mais aplausos do que críticas ou desprezo, bateu em muitas listas de melhores do ano e estinlingou alguns singles ao sucesso razoável, graças aos fãs da sua ex-banda. Seu irmão Liam, com o Beady Eye, não teve melhor sorte na aceitação popular.

Posto que era de se esperar a maioria esmagadora de fãs do Oasis na plateia de um show solo de Noel, qualquer prática de desmerecimento usando o argumento de que é “um show do Oasis só com Noel” fica inválida. É um show do Noel, do seu disco-solo, com canções do Oasis – pode-se resumir assim, porque é uma intenção, é proposital, tem que ser assim, senão, como se verá, a graça diminui um bocado.

O temido Espaço das Américas não tinha sua lotação máxima. Talvez 70%, umas seis mil pessoas. O som segue lastimável, embolado, dependendo da sua posição diante do palco. Mas pela reação das pessoas ao redor e na muvuca da pista VIP, tanto fazia: havia um semideus ali no altar. A maioria das músicas, do Oasis ou não, foi entoada em coros mais ou menos agudos, mais ou menos modestos, foi regida por um desconexo mar de braços e mãos.

Noel, por sua vez, conhece o risco da comparação. Sabe que seu disco-solo sozinho não segura aquela massa. O trabalho tem qualidade, mas no téte-a-téte não dá e ao vivo perde um bocado da força (exceções feitas a “If I Had A Gun”, “The Death Of You And Me”, “(I Wanna Live In A Dream In My) Record Machine” e “AKA… What A Life!”). Então, se as pessoas estão ali principalmente pra ouvir Oasis, então que recebam Oasis. Mas, ainda bem, ele entregou um Oasis pouco convencional, centrado em lados B e apenas dois megahits.


Todas as fotos por: Flavio Morais/G1

Quem tem na discoteca o “The Masterplan”, coletânea de lados B que Oasis lançou em 1998, vibrou com as escolhas, desde o princípio: “(It’s Good) To Be Free” (a música de abertura é um recado e um desabafo), a bela “Talk Tonight” e “Half The World Away”; e com “Whatever”, single jamais lançado oficialmente em nenhum disco (nem mesmo no “The Masterplan”).

Além delas, teve “Mucky Fingers”, pinçada de “Don’t Believe The Truth”, o disco de 2005. Os super-mega-ultra-hits escolhidos foram “Supersonic”, no formato acústico, e “Don’t Look Back In Anger”, que teve a honra de fechar o espetáculo e deixar todo mundo cantarolando na saída.

Da leva Oasis, a melhor e mais surpreendente escolha veio com “Little By Little”, do “Heathen Chemistry”, de 2002, cantada por quase todos que entenderam o recado: “little by little / We gave you everything you ever dreamed of / Little by little / The wheels of your life have slowly fallen off / Little by little / You have to give it all in all your life / And all the time I just asked myself why, are you really here?”.

A resposta: as pessoas estavam ali pra ver Noel Gallagher – Noel Gallagher cantando Oasis.

Entretanto, ele, repito, sabe o risco da comparação. E não inventou além disso. Ficou no banho-maria quando desfilou seu disco. Tanto que tocou-o (quase) na íntegra e na ordem exata, música após música, incluindo os lados B (“The Good Rebel” antes do lado A “The Death Of You And Me”; e “Let The Lord Shine A Light On Me”, extra de “AKA… What A Life!”, já no BIS). “Quase” porque faltou “Stop The Clocks”, a faixa que fecha “Noel Gallagher’s High Flying Birds”. Ainda acrescentou “Freaky Teeth”, tema pra trilha do 007.

Pedir além disso é pedir demais. Noel faz o que faz há duas décadas e não mexe nas suas certezas. Embora solto, ele n?o está exatamente livre do passado, de modo que n?o há voos mais altos, é tudo pé no chão, sem invenções. Lá embaixo, a plateia não parece se importar. Principalmente porque teve Oasis na jogada. Assim, no jogo de “ame ou odeie”, aqui certamente deu “ame” na cabeça, mas é pouco pra convencer a outra turma.

01. (It’s Good) To Be Free (Oasis)
02. Mucky Fingers (Oasis)
03. Everybody’s On The Run
04. Dream On
05. If I Had A Gun
06. The Good Rebel
07. The Death Of You And Me
08. Freaky Teeth
09. Supersonic (acústica) (Oasis)
10. (I Wanna Live In A Dream In My) Record Machine
11. AKA… What A Life!
12. Talk Tonight (Oasis)
13. Soldier Boys And Jesus Freaks
14. AKA… Broken Arrow
15. Half The World Away (Oasis)
16. (Stranded On) The Wrong Beach

BIS
17. Let The Lord Shine A Light On Me
18. Whatever (Oasis)
19. Little By Little (Oasis)
20. Don’t Look Back In Anger (Oasis)

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Comentários

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2 comentários

  1. […] incompetente pra nos ensinar e educar. “Maio” foi uma boa prova disso. Começou com Noel Gallagher mostrando seu bom disco solo ao vivo, teve The Mission relembrando o passado, mas terminou de forma melancólica, com uma boa iniciativa […]

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