Época festiva que estamos vivendo… O natal está chegando, isto me traz grandes recordações familiares, outras envolvendo amigos e tudo isso se relaciona em conjunto. Resolvi, então, escrever algo pra dar de presente a todos os leitores do “Noise Waves”, nestes quase dois meses de contribuições de causos envolvendo as bandas, eu e amigos em comum, nada mais justo do que presenteá-los com um dos causos mais interessantes que vivenciei neste fascinante mundo da música.
Os novos tempos digitais facilitam muito o relacionamento (com as bandas e artistas), e o conhecimento bem utilizado acaba sendo essencial pra fãs como este que vos escreve, o que jamais ocorria na época clássica da música alternativa, os 90s. Mas hoje podemos desfrutar de tudo que acontece nos quatro cantos do mundo – obviamente que o consumo é exacerbado e muitas vezes desestimulante quando tratamos o objeto de consumo como um prato do dia. Mas para muitos – e eu me incluo nisto – o fator Internet é usado como mecanismo de conhecimento e entretenimento pra propagar e difundir o que realmente importa, porque simplesmente somos fãs incondicionais de musica.
O causo de hoje envolve alguns personagens que nasceram no submundo dos bons sons. Nomes como Skywave e Alcian Blue lhe representam algo? Caso não, ambas bandas são fundamentais pra se entender o que acontece com a atual cena shoegazer alternativa atual dos Estados Unidos. O Skywave continha em sua formação: Oliver Ackerman, que hoje encabeça o grandioso A Place To Bury Strangers, Paul Baker e John Fedowitz, que atualmente atendem pela alcunha de Ceremony. Já o Alcian Blue era capitaneado pelo casal Jake e Kim Reid, que após o fim do Alcian montaram nada mais nada menos do que o Screen Vinyl Image.
Na época do Skywave e do Alcian Blue, leia-se 1998, eles estavam meio que isolados no que se propuseram a fazer – resgatar aquela sonoridade do inicio dos 90s (aquela lá, sabe? Shoegazing…). Só que eles acrescentaram uma ar de modernidade, apesar das limitações. Ambas bandas são visionárias em criar o que pra nós hoje é algo atual: no final dos 90s, inicio dos 00s, essa sonoridade shoegazer, com elementos eletrônicos e pós-punk, já estava sendo moldada.
Em 2009, tomei conhecimento do Screen Vinyl Image e seu debute “Interceptors”, que caiu como uma bomba supersônica, mesclando shoegaze, New Order, dark wave e pós-punk em rotações altíssimas de bits e sintetizadores, dando traços modernos ao estilo. Não à toa foi incluído na lista dos melhores do ano no TBTCI.
Veja o vídeo de “Night Trip” (dirigido por Justin Dodd):
Em janeiro de 2010, a revelação: recebo um e-mail do Screen Vinyl Image agradecendo e colocando o TBTCI como referência no site deles. Veja bem, era o inicio do blogue (do TBTCI), e pra eu como fã, fã daqueles de verdade, leia-se comprar CDs, vinis, ler e ler e ler muito a respeito, foi como uma medalha.
Agradeci pelas palavras do SVI e disse que era um grande fã deles desde a época do Alcian Blue e que adorava Skywave e toda aquele pré-geração de shoegazers. Eles acharam simplesmente espetacular e após vários e vários e-mails, contendo lados b, coisas ao vivo, fotos, pôsteres e vários souvenirs, finalmente criei coragem e mandei ver: aceitaram uma entrevista completa, abordando todo o early years do Alcian Blue, o relacionamento com o Skywave e explicações detalhadas do que aconteceu de verdade.
Daí, meu caro, o resultado foi uma das entrevistas mais interessantes que o TBTCI publicou (N.E.: o link está no final deste post). Muitas informações, muitas citações de bandas a serem escutadas, ou seja, um verdadeiro manual da época. E com tudo isso o SVI e este que vos escreve tornaram-se não somente amigos, mas parceiros nos quatro cantos da net, eu indicando bandas nacionais a eles e vice-versa – até a gravadora deles, a Custom Made Music, foi alvo de entrevista no TBTCI. Amizade é tudo neste mundo, fazer algo por tesão e amor não tem limites e faz com que qualquer um seja revigorado. Sugiro a todos que, quando realmente amarem algo, que o façam de coração e com vontade, porque não há limites.
E o Natal, né? Época de presentes… E o SVI nos deu um presentaço: o novíssimo “Strange Behavior”, uma bomba-relógio altamente inflamável, ainda mais rápida do que “Interceptors”. A velocidade dos bits está acelerada, o clima está mais dark e shoegazer ainda, o álbum soa perigoso e gélido. “Night Trip”, “Revival” e “Stay Asleep” pegam os estilos e os trituram inteiramente. O resultado é cheio de referências a cada segundo. No final, você chega a uma única conclusão: isto é simplesmente Screen Vinyl Image.
O lançamento foi em 13 de dezembro último, por isso certamente não consta em nenhuma lista de melhores do ano. Mas deveria. Afoitos os que montaram suas listas pessoais antes, porque “Strange Behavior” vai colocar em cheque muita lista tosca que saiu por ai, simplesmente porque é um álbum daqueles de perturbar novamente a mente de qualquer um.
Feliz Natal com SVI.
Veja o vídeo de “Rx”:
1. We Don’t Belong
2. Revival
3. Stay Asleep
4. My Confession
5. Station 4
6. Rx
7. New Visions
8. Night Trip
Ouça o disco na íntegra:
Screen Vinyl Image é: Jake Reid e Kim Reid
Álbum – Strange Behavior
Lançamento – 13 de dezembro de 2011
Gravadora – Custom Made Music
Tempo total – 45 minutos e 04 segundos
Contato – Facebook, Twitter e Site Oficial
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Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself. Ele entrevistou Jake Reid: clique aqui pra ler.
passei por aqui…tudo muito lindo…
[…] disco sucede o ótimo “Strange Behavior”, de […]