NOISE WAVES #16: BRIAN JONESTOWN MASSACRE – AUFHEBEN

O que significa realmente o jargão “sex, drugs and rock’n’roll”? Poucas pessoas acertariam na exatidão… Modéstia à parte, eu seria uma delas… Dane-se sua opinião… Pouco me importa, porque eu vivo, respiro e nasci com esse jargão tricotado nas minhas entranhas… Ah, ainda está duvidando? Foda-se você, meu caro! Aqui quem manda sou eu!

A Noise Waves é assim: provocativa, porque se fosse diferente, como eu poderia escrever sobre Anton Newcombe?

Deus saberá que estou certo ao dissertar dessa forma contundente sobre Anton e a religião intitulada Brian Jonestown Massacre, porque pouco nos interessa, a mim e a Anton, fazer alguma propaganda positiva pra obra completa ou pro novo lançamento – qual a importância disso?

Há vinte anos, o patrimônio chamado Brian Jonestown Massacre dava seus primeiros passos. Ah tá, o shoegaze em 1992 era o som, certo? Certo, Anton nunca deixou isso de lado, vide um dos últimos álbuns do BJM, o “My Bloody Underground” (2008), uma declaração de amor e ódio ao My Bloody Valentine e à scene que na ocasião rejeitou Anton.

Completei neste final de semana minha discografia do BJM, um modo silencioso de pagar um tributo, junto com este texto. Mas ainda falta explicar melhor. Se hoje temos Black Angels, Black Market Karma, Cult Of Dom Keller, Dead Skeletons, Singapore Sling etc. etc. etc. etc., é exatamente pelo fato de ter existido o gênio que atende pelo nome de Anton, Anton Newcombe.

Junkie por excelência, que idolatra e tem por gênio íntimo o senhor Brian Jones – a alma íntegra e intacta dos Stones – Anton tem ojeriza por 99% da industria fonográfica e mantém-se distante desse mundo nojento desde quando entende-se por gente, diferentemente de mim e você, que somos meros coadjuvantes desta saga.

Veja “Dig!”, o documentário explicitando a vida e obra de Anton e de seu amigo de infância Courteney Taylor – sim, sim, o mocinho por trás do Dandy Warhols. Ambos nasceram e cresceram juntos, mas o destino do rock’n’roll fez Anton e Courteney tornarem-se inimigos… Por quê? Porque Anton é rock’n’roll e Courteney é fake.

Veja o vídeo de “Viholliseni Maalla”:

Vinte anos se passaram e Anton manteve-se íntegro ao seu princípio: acreditar que a musica é sua musa, e quando falamos de nossa musa, dane-se o resto, o que vale é seu credo.

Bem… Se sua intenção é ler aqui uma resenha sobre os álbuns, melhor esquecer, porque a Noise Waves não serve pra isso (N.E.: pra ler uma boa resenha de “Aufheben”, vá ao site parceiro Pequenos Clássicos Perdidos). O lance é explicitar o motivo pelo qual o Brian Jonestown Massacre deve ser colocado ao patamar das melhores bandas de todos os tempos.

O motivo? Amigo, agora abra sua cerveja e escute “Spacegirl & Other Favourites” (1993), “Take It From The Man!” (1996), “Their Satanic Majesties (Second Resquest)” (1996), o xamanico “Who Killed Sgt Pepper?” (2010) e o último – candidato a melhor álbum de 2012 – “Aufheben”. Depois, se você continuar sóbrio, venha falar comigo!

Umas da melhores de “Aufheben” chama-se “I Want To Hold Your Other Hand”. Qualquer semelhança com os Beatles é mera esquisitice, porque segundo Anton a coisa é mais ou menos assim: “bom, se John Lennon apertou aquela mão, a outra ficou livre, e se ficou livre obviamente ficou livre para mim, certo?”. Certo, Anton, concordo contigo.

Veja o vídeo de “I Wanna Hold Your Other Hand”:

Se você ainda precisa de salvação, faz o seguinte, escute Brian Jonestown Massacre e se perca, sem medo. E se, pra você, o jargão “sexo, drogas e rock’n’roll” parece ultrapassado é porque sinceramente você nunca sentiu isso de verdade. Deixe sua alma ser penetrada, ou como diz Anton, quando perguntado se ele havia vendido a dele: “bom, eu até que tentei, mas demoraria tempo demais… e eu disse ‘que se foda!'”.

Álbum – Aufheben
Lançamento – 7 de maio de 2012
Gravadora – A Records
Tempo total – 51 minutos e 10 segundos

01. Panic In Babylon
02. Viholliseni Maalla
03. Gaz Hilarant
04. Illuminomi
05. I Want To Hold Your Other Hand
06. Face Down On The Moon
07. The Clouds Are Lies
08. Stairway To The Best Party In The Universe
09. Seven Kinds Of Wonderful
10. Waking Up To Hand Grenades
11. Blue Order / New Monday

Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself.

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Comentários

comentários

8 comentários

  1. Fico feliz de ver um ótimo texto sobre minha banda preferida. Anton Newcombe é um gênio, pena que poucos sabem disso.

    Meu LP chegou esses dias tb. E é lindo, da capa à última música.

  2. Cara, se eu falar que até dois dias atrás eu nunca tinha ouvido falar deles, vocês prometem não me matar? hahaah, mas foi meio louco, ouvindo outras coisas, caiu na sugestão do Youtube (que é cheio de discos completos deles), e o nome da banda meio que fez lembrar do suicídio coletivo naquela seita estranha, nos EUA. Daí eu pensei ”coisa estranha, legal”, e ouvindo, cara, eles mesclaram shoegaze que eu adoro, com psicodelia que é foda também, tô adorando os caras, rs.

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