NOISE WAVES #21: MY BLOODY VALENTINE – M B V

É isso: a Noive Waves iniciando 2013, um ano que começou daquele jeito!

Afinal, depois de longos 21 anos, o mago Kevin Shields resolveu finalmente jogar na cara de todos um álbum do “mbv”, mas ‘pera aí, um álbum do MBV é tipo um acontecimento histórico, certo? Óbvio que sim, porque esse álbum com o simples nome de “mbv” nada mais é do que o sucessor do atemporal, acima de tudo e todos, o magistral, a obra-prima chamada “Loveless”.

O que pensar sobre um novo álbum do My Bloody Valentine após todos esses longos anos? O que esperar? Como reagir? Medo, excitação, felicidade, lágrimas, ódio, fanatismo, oportunidade única pros críticos poderem finalmente execrar o todo-poderoso Kevin Shields, porque era claro que qualquer pequeno deslize os detratores iriam fazer comentários óbvios como “é uma parodia do ‘Loveless'”, ou ainda “metade do álbum é bom, o restante é descartável”, ou ainda “será mesmo que eles deveriam ter lançado isso?”, e por aí vai….

Mas e você? Sim, você mesmo aí, que está lendo agora, o que você achou e sentiu ouvindo o famigerado “mbv”?

Cada um, cada um, certo? Opinião é igual cu, cada um tem o seu, então, depois você deixa seu comentário, sua opinião a respeito do sucessor do “Loveless”.

Não é novidade pra ninguém que eu, Renato Malizia, sou um dos maiores fãs de My Bloody Valentine, fui e sou fortemente influenciado principalmente pelo “Ins’t Anything”, um dos discos da minha vida (aliás, já dito o motivo aqui mesmo no Floga-se), e considero o “Loveless” uma obra-prima como todos devem, ou deveriam considerar também.

Confesso que eu sempre tive seríssimos receios toda santa vez que lia a respeito de um possível novo álbum de Kevin Shields e companhia, porque, porra, pensem, como reagir se eles fizessem bosta? A aura ao redor do mito My Bloody Valentine seria desgraçadamente trucidada, e esse medo perdurou até o início da noite do dia 2 de fevereiro de 13, quando eu, acompanhado de amigos e confabulando sobre projetos, ouço o chapa Ailton Oliveira dizendo pra mim: “Renatão, o novo álbum do My Bloody Valentine sai hoje a noite!”. “Puta que o pariu”, foi minha resposta. Ou “caralhooooo”, ou algo similar, sei lá.

Chegando em casa, a dura realidade: realmente, o álbum viria à tona. O nome, “mbv” simplesmente. A capa, bem, a capa é totalmente MBV.

E foi dado início a uma verdadeira batalha digital. O mundo parou na noite do dia 2 de fevereiro pro dia 3, simplesmente porque sem mais nem menos Kevin Shields resolveu que o novo álbum sairia naquela noite.

Site saturado por inúmeros acessos? Verdade, mentira, jogada de marketing? Podem ser os três fatores, mas estes surtiram efeito absurdo em todos – digo, todos! – porque o frisson era tremendo, a cada tela as pessoas comemoravam como verdadeiros gols, e eis que eu finalmente consegui acessar a porra do site, tela após tela, e comprei minha preciosidade, e daí acreditei quando o download terminou que eu estava prestes a ser desafiado novamente pelo My Bloody Valentine.

Lembro-me que estava excitadíssimo, ao extremo, e quando “She Found Now” começou, minha nossa, a sensação foi como se estivesse encontrando com um antigo amor; um frio na barriga cresceu ferozmente, porque “She Found Now” é My Bloody Valentine como deve ser o My Bloody Valentine. “Haja coração”, pensei comigo.

Ouça “She Found Now”:

Daí, “Only Tomorrow”. Porra, “Only Tomorrow”. Daí, caiu a ficha literalmente: realmente estava ouvindo o sucessor do “Loveless”. Ou seja, uma nova obra-prima que deve ser tida como obra-prima daqui a vinte anos, porque, veja bem, se você comparar friamente “Loveless” com “mbv” é algo desleal da sua parte. “Loveless” já virou lenda, já fez história, e o “mbv” é novo, algo novo dentro esse período medíocre em que vivemos, quando não se fazem mais ídolos como antigamente, não há mais história, a música é devorada como um simples produto, um serviço prestado tal qual o eletricista arruma sua casa.

Mas estamos falando de My Bloody Valentine, algo acima, e que essa criançada (estou generalizando, ok) não sabe o quanto é possível se venerar algo.

Ouça “Only Tomorrow”:

Os detratores do álbum, aqueles que dizem que é mais do mesmo, que é insosso ou coisa similar, precisam primeiro checar o processo de gravação. Kevin Shields chutou todos os plug-ins, Pro Tolls e similares da atual tecnologia e fez um álbum analógico, artesanal, focando sua intensa manipulação de sons, um assombro ao passado, uma verdadeira cápsula do tempo aberta e sangrenta. “mbv” não é um álbum fácil, tal e qual “Loveless” em sua época também não era, e o mesmo vale pra “Ins’t Anything”.

“mbv” é a sequência natural de “Loveless”, um passo adiante, mesmo que pareça simples. Acredito que Mr. Shields ainda deva aprontar algo, tenho a sensação que ainda teremos mais surpresas, porque “Is This And Yes”, “New You” e “Wonder 2” sugerem um direcionamento a ser explorado.

Eu e a Noise Waves, daqui a 21 anos, talvez voltaremos a este espaço pra checar se estamos certos, ou se o arrependimento irá crucificar-nos.

No momento, “mbv” virou culto, e o culto retornou com o vício, e o vício voltou mais forte e intenso do que nunca.

Ouça “New You”:

Álbum – mbv
Lançamento – 2 de fevereiro de 2013
Duração – 46 minutos e 37 segundos
Selo – Independente
Produção – Kevin Shields
Leia a resenha do Floga-se ao disco, clicando aqui

1. She Found Now
2. Only Tomorrow
3. Who Sees You
4. Is This And Yes
5. If I Am
6. New You
7. In Another Way
8. Nothing Is
9. Wonder 2

Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself.

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Comentários

comentários

Um comentário

  1. há dias venho escutado sem parar! é o puro MBV da maneira como queremos, como é pra ser.. 21 anos depois e a sonoridade se mantém… da mesma forma que o Loveless deixou um gostinho de quero mais, o Mbv tbm… quem sabe em próximos trabalhos… mas sem pressa desta vez!!! rsrsrs

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