Reykjavik, capital da distante Islândia, musicalmente conhecida por apresentar ao mundo Björk e o saudoso Sugarcubes, além dos maestros das canções gélidas o Sigur Rós. Até aí, nenhuma novidade. Músicos excêntricos, mistura de tendências e muita superexposição, isso foi o que aconteceu com o Sugarcubes, com o Sigur Rós e com a hoje chatíssima e pedante Björk.
Mas no submundo da gélida e longínqua Reykjavik, desde 2000, um cara chamado Henrik Björnsson, junto a seus comparsas, tacou querosene e ateou fogo pra acender as chamas da marginalidade, sujeira e depravação, o verdadeiro sentimento sex, drugs and rock’n’roll. Daí, meu caro, brotaram bandas verdadeiramente marychanianas na cidade gelada.
O responsável por disseminar a perversão em forma de wall of sound, jaquetas de couro, raybans, vestimentas negras foi o grandioso, grandioso mesmo, Singapore Sling. – logicamente capitaneado pelo doidaço Henrik. O Singapore Sling é um patrimônio do underground não só islandês, como mundial. Pense no B.R.M.C. só que acrescido com doses cavalares de acidez e demência, rifes caóticos, wall of sound, cores negras e distorção, muita distorção.
É obvio que pra este que vos escreve, o Singapore Sling está entre as bandas chamadas de cabeceira, um currículo de quatro álbuns que seguem a cartilha dos irmãos Reid e da dupla avant guard Alan Vega/Martin Ver, ou seja, referencias melhores impossível – e ponto final.
Um dos pontos altos do TBTCI foi ter a possibilidade de entrevistar Henrik e saber pormenores da vida e obra dele e do Singapore. E é exatamente aqui que eu queria chegar. Note no início em que citei que Henrik e seus comparsas atearam fogo em Reykjavik, certo? Certíssimo: a cena explodiu perversa e insanamente. Two Step Horror, The Third Sound, The Go-Go Darkness e, por fim, Dead Skeletons juntaram-se ao ataque maníaco e destrutivo de seus integrantes. Aqui, o buraco é literalmente bem embaixo. Sujeira e podridão são objetos e adoração desse pessoal.
Após a entrevista, tomei conhecimento da cena inteira que estava explodindo na cidade, porém quem disse que eu conseguia ter acesso aos sons? É aqui que entra mais uma vez Henrik, porque o cara ficou pirado com a idéia de que no Brasil pudesse existir público que consuma Singapore Sling e suas ramificações. E eu, como fã dessas paranóias musicais, mostrei pra eles Pin Ups (“Time Will Burn”) e Killing Chainsaw (o primeiro – N.E.: “Killing Chainsaw”, de 1992), trocamos e-mails e ele simplesmente pediu que eu descolasse os vinis pra ele. Em troca, acabei sendo premiado com tudo, digo TUDO do Singapore. E mais, ele me disse: “my buddy, you need to hear my new project, called Dead Skeletons, is something like the chaos in form of music or music in form of chaos”.
Antes do Dead Skeletons, ele ainda me enviou o album dele com sua parceira nos crimes, Elsa Maria Blöndal, intitulado The Go-Go Darkness. Dica, ouça o quão rápido puder.
Voltando ao Dead Skeletons, Henrik soltou o tão aguardo debute dos Skeletons este ano, intulado “Dead Magick”, altamente comentando em blogues e publicações especializadas em boa musica, mas eu ainda não havia escrito a história/resenha particular minha, com essa obra quase satânica do rock. O amigo Al Schenkel comentou sabiamente no barulhento Sussuros e Escarros que “certamente Dead Magick deverá ser mantida como um divisor de águas na história da nova música alternativa e underground mundial”.
Veja o vídeo de “Dead Mantra”:
É bem isso mesmo, e mais um pouco. Henrik absolutamente passou dos limites com esse “Dead Magick”, e foi a fundo no satanismo, ocultismo, regado às mais variadas adições de psicotrópicos de toda as esferas, e buscou inspiração em Birthday Party, Suicide, Brian Jonestown Massacre e nos irmãos Reid para conceber uma obra altamente perturbadora e confrontativa, druggy sounds pra druggy guys, lisérgico, sexy, maníaco e cheio de camadas e mais camadas de sintetizadores e guitarras repetitivas, fazendo do resultado um verdadeiro mantra.
Aliás, a própria faixa de abertura, “Dead Mantra” com seus mais de oito minutos, sintetiza bem a promiscuidade do álbum. Num bate-papo de amigos, concluímos que “isso é musica pra macho, e também pra fêmeas nervosas e perversas…”.
Muito cuidado ao adentrar ao mundo do Dead Skeletons, porque o tom religioso e de vício imediato é inerente. Afirmo isso, pois a todos que apresentei “Dead Magick” o baque foi imediato, vício instantâneo e alto grau de maldade surgiram nos mais variados sentidos.
Se você possui algum sentido ou sentimento obscuro e perturbador dentro de seu íntimo, faça assim: procure Henrik e os Dead Skeletons e exorcize seus diabos.
Um dos álbuns do ano, ou melhor, um dos álbuns da década.
O serviço do disco é esse:
PART I
01. Dead Mantra
02. Om Mane Peme Hung
03. Kingdom Of God
04. Psychodead
05. Get On The Train
06. Dead Makick I
PART II
01. Ask Seek Knock
02. Ljósberinn
03. Live!
04. When The Sun Comes Up
05. Yama
06. Dead Magick II
Ouça na íntegra:
Dead Skeletons é: Jón Sæmundur, Henrik Björnsson & Ryan Carlson Van Kriedt
Álbum – Dead Magick
Lançamento – 20 de julho de 2011
Gravadora – A.Records
Tempo total – 71 minutos e 53 segundos
Contato – Facebook
Pra saber mais sobre o Singapore Sling, clique aqui.
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Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself. Ele entrevistou Henrik Björnsson: clique aqui pra ler.
Obrigado pela dica….só isso
A ONDA SEMPRE É GIGANTE POR AQUI.
o prazer é todo meu!!!entrem e fiquem a vontade…
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