Nonn é um projeto alternativo de Christian Eldefors, do trio The Orange Revival, que lançou um bom disco em 2015, chamado “Futurecent” (ouça e conheça aqui). O Nonn, em 26 de maio de 2017, chega ao disco de estreia, homônimo, pela mesma Fuzz Club Records que colocou no mundo o “Futurecent”.
A Fuzz Club, você sabe, é um dos selos preferidos aqui da casa (uma rápida apresentação aqui) e é impressionante como quase tudo que eles lançam é interessante e apreciativo. O selo tem uma identidade marcante: neo-psicodelismo, gótico (termo em desuso há muito) e pós-punk. O Nonn pode ser encaixado nesse miolo aí.
O disco de dez faixas tem em seus títulos de músicas um indicativo do que o ouvinte vai encontrar: a frieza expelida das paredes internas de um armazém na periferia de Estocolmo, onde Eldefors se trancou pra explicitar suas preferências pelo pós-punk de clássicos como o “Movement”, disco de estreia do New Order, e outros ecos de Sisters Of Mercy e afins. “Stay” e “Need”, o primeiro single, do clipe abaixo, demonstram tal preferência:
De uma nação onde o sol dá menos as caras do que a noite e o verão tem temperaturas que ficam nos 20ºC, Eldefors traz nas suas baterias eletrônicas e nos sintetizadores o recorte dançante, embora melancólico, do que seriam momentos de felicidade e liberdade simbolizados pelo calor e pela afetividade. A dança, mesmo contra a parede, reforça a solidão, ao passo que guarda esperança.
Não, os suecos não são frios e distantes, mas o cotidiano de quem tem menos luz do que sombras amargura e causa ansiedade, na visão de Eldefors. Nonn é uma expressão disso: a necessidade, o tempo, o medo, a espera. A música é sua arma pra se manter centrado e se comunicar com o mundo.
Na íntegra:
01. Walls
02. Lost
03. Stay
04. Gone
05. Cold
06. Need
07. Hills (clique aqui pra ver o vídeo)
08. Time
09. Fear
10. Wait