Depois de um 2016 atarefado, com dois lançamentos assinando como Nosso Querido Figueiredo (“Dragões EP” e “Nossa Cidade ’16”, ouça aqui) e um como Creepypasta (“Medusa”, ouça aqui), Matheus Borges começa 2017 com “The Vanishing”, um disco “conceitual” sobre “a música noturna”.
“‘The Vanishing’ partiu de um interesse em avaliar o que é música noturna, desde os nocturnes românticos inspirados em noites escuras com velas acesas até os dias de hoje, a cultura rave onde a noite é uma catarse. No meio disso tudo está a própria eletricidade, que tira a noite da escuridão e enche a paisagem noturna de lâmpadas e sinais de neon”, escreveu na apresentação do trabalho.
O disco, com três peças e quase trinta minutos de duração, é também uma nova modalidade sonora dedicada por Borges: o “eletrônico de câmara”, ou eletrônico-ambiente, new age, diretamente remetido a Jean Michel Jarre.
A apreciação do resultado final vai depender da disposição do ouvinte em aderir à sonoridade. Não é o meu caso, de modo que esse exercício está longe de ser o melhor apresentado pelo Nosso Querido Figueiredo, que se sai melhor com guitarra e letras política e socialmente atuais.
Por outro lado, quem aprecia perceberá a ambição do artista nas duas primeiras peças. “Night” tem dois “movimentos”, mas em cada um deles, há duas passagens distintas. A segunda do primeiro movimento é a mais interessante, dentro da proposta. Todas podem funcionar como trilha alternativa de filmes de suspense/ação dos anos 1980, mas essa em questão principalmente.
Borges ainda dá uma sugestão ao ouvinte: pra que ele “ouça este EP à noite, no interior de um carro em movimento”.
O que mais agrada nesse disco, porém, é a demonstração de inquietude do artista. Não há limitações pra se experimentar, sem ligar pra riscos.
“The Vanishing” saiu dia 18 de janeiro de 2017, de maneira independente. O disco foi todo escrito, executado e produzido pelo Nosso Querido Figueiredo.
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Dica: ouça também “Melopeia”, disco que o Nosso Querido Figueiredo produziu e executou os sintetizadores. O autor é o português Tiago Félix. É um trabalho estranho que merece ao menos sua atenção, clicando aqui.
O lançamento é de 16 de janeiro de 2017.
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1. Night: 1st Movement
2. Night: 2nd Movement
3. Morning Sun